Flamengo de Sampaoli, domina jogos, mas repete erros e segue sem vencer times de peso


GE: Não dá para dizer que o Flamengo jogou mal na Arena da Baixada, porém o fato de ter sido superior na maioria dos seis jogos com Jorge Sampaoli não enche barriga do torcedor rubro-negro. São apenas sete pontos em 18 disputados, e o roteiro de baixo aproveitamento diante da baliza adversária e erros infantis nos gols sofridos se repetiu em Curitiba diante do Athletico-PR.


Com o argentino, os rubro-negros só venceram os modestos Ñublense (2 a 0) e Maringá (8 a 2). Perderam para três rivais de peso, Internacional (2 a 1), Botafogo (3 a 2) e Athletico-PR (2 a 1), e empataram com o Racing (1 a 1). No clássico local e em Buenos Aires, em comum o fato de o time ter atuado com um a mais por muito tempo.

Neste domingo, no Paraná, o Flamengo voltou a controlar a posse de bola (60%), a criar mais e a liderar o quesito finalizações (13 a 11). Embora o número tenha sido equilibrado, as chances rubro-negras foram mais claras. Nesse caso, é preciso destacar também o mérito de Bento, figura importante especialmente no segundo tempo.


Falta de eficácia não esconde bons momentos
O resultado, evidentemente, pede cobrança externa e interna, porém é impossível não citar alguns pontos positivos. A individualidade de Everton Cebolinha enfim apareceu. Conseguiu completar vários dribles, foi impetuoso e confiante.

Maior demonstração disso aconteceu no lance do pênalti convertido por Gabigol. Começou a jogada pela esquerda, deu em Ribeiro, que devolveu mal. Como estava atento, recuperou a posse e acabou derrubado na área por Fernandinho.


Pulgar foi outro ponto positivo. Fez seu segundo bom jogo de forma consecutiva. Qualificou a saída de bola, pisou na área para tabelar e deu passes verticais que a primeira linha do meio-campo não vinha realizando.

Mais confiante após o gol marcado na Argentina, Gabigol movimentou-se ainda mais e criou opções. Foi participativo nas tramas ofensivas, errou apenas dois passes, finalizou cinco vezes (uma delas com muito perigo) e deixou Cebolinha livre para chutar e ser frustrado por defesaça de Bento. Pecou, porém, ao tomar o terceiro amarelo por reclamação no Brasileiro.


Matheus França foi outro que apareceu bem flutuando pelo terço final e distribuindo bons passes. Tem força, penetração e juventude. Aproveitou bem a oportunidade, algo que Everton Ribeiro não o fez. O camisa 7, porém, teve intoxicação alimentar na sexta-feira que o fez vomitar o dia inteiro.

Enfim, Cebolinha e França deram leveza, profundidade e ajudaram a empurrar o Athletico-PR para sua área. Trouxeram esperança, assim como com a boa entrada de Arrascaeta no segundo tempo. O problema é que o resultado passou longe do ideal.


Erros recorrentes
Enquanto tinha 1 a 0 no placar, conquistado rapidamente, o Flamengo sobrava no jogo. Mas voltou a falhar cedo também. Em um cruzamento, Vitor Roque surgiu como um raio às costas de Fabrício Bruno, que não o acompanhou. Santos tomou decisão errada e saiu antes. A tentativa de domínio de Roque acabou em gol.

O empate abateu o Flamengo no primeiro tempo, mas a volta do intervalo foi animadora. Triangulações com participações do volante Pulgar e a ativa entrada de Arrascaeta fizeram os pontas terem ainda maior penetração. Gabigol entendia-se com os três.


O Flamengo tinha em suas mãos mais uma vez o controle absoluto do jogo, e o segundo gol era questão de tempo. Faltou a contundência insistentemente pedida por Sampaoli, com a ressalva - mais uma vez - para grandes defesas de Bento.

Cansado de perder chances, o Flamengo desconcentrou-se de novo. Resultado: Fernandinho, que chamava atenção mais pelas pancadas do que pelo futebol que o levou a seleção brasileira, observou um erro de marcação e tocou no fundo. Khellven não foi acompanhado por Cebolinha ganhou as costas de Ayrton Lucas e cruzou. Ninguém conseguiu cortar, e Erick virou o jogo.


O Flamengo não reagiria mais, e o insistente panorama de pouca contundência e derrotas em erros pontuais trouxeram preocupação a Sampaoli. O treinador disse estranhar o quanto seu time tem dominado, criado e da mesma forma penalizado nos grandes jogos.

Contra o Internacional, o Flamengo foi melhor e sofreu dois gols em laterais. Diante do Botafogo, criou mais e levou gol em pênalti infantil, escanteio com erro crasso de marcação e em jogada também nascida em arremesso. Diante do Racing, falta sem necessidade redundou em gol e expulsão. Neste domingo, novas panes em momentos isolados custaram caro.


O Flamengo tem exemplos de sobra para acordar e não perder o Campeonato Brasileiro de vista. Jorge Sampaoli, jogadores e diretoria sabem que o time precisa voltar a aproveitar os bons momentos vividos durante as partidas. Repetir é preciso para fugir dos tropeços.

Imagem: Divulgação

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