Por Rodrigo Mattos | Uol: O Flamengo apresentou mais variação tática nos 90 minutos de estreia de
Paulo Sousa do que nos seis meses de Renato. Não, não há nenhuma certeza de
que o trabalho será bem-sucedido ou que vai gerar títulos. Sim, o time ainda
parece um ensaio confuso com as peças se ajustando às posições. Mas houve um
indicativo diante do Boavista de que o time voltou a ter uma ideia trabalhada
de como vencer uma partida.
A formação inicial do português atacava com um 3-4-3 com o trio ofensivo
formado por Marinho, Pedro e Vitinho. Defendia-se com uma linha de quatro em
que Matheuzinho ou Renê deveriam completar o setor.
A partir daí, parecia ser um sistema defensivo 4-1-4-1 em que João Gomes
ficava à frente da zaga e todos os outros compunham uma linha para protege-lo.
É preciso ressaltar o parecia porque o zagueiro Cleiton e o lateral Renê não
compreenderam bem a movimentação necessária. Não que todos os outros jogadores
tenham sido brilhantes: havia dificuldades e o time constantemente se afastava
demais, algo normal em um primeiro jogo.
Ao mesmo tempo, Marinho e Vitinho entenderam bem o que era necessário em suas
posições. Eram pontas-meias: partiam de uma posição central e podiam avançar
para os lados do campo. Logo atrás, os alas-meias (Matheuzinho e Renê) faziam
o movimento inverso: começavam jogando por fora e podiam centralizar quando os
atacantes estivessem nas extremas.
Era uma constate a pressão na saída de bola adversária, seja feita no goleiro
ou a partir da intermediária ofensiva. Havia vários jogadores que se
apresentavam na zona em que o Boavista tinha a bola.
Com esse ritmo intenso, ainda que com certa confusão, o Flamengo foi criando
chances diante de um Boavista frágil. Óbvio que o adversário não é uma
parâmetro para o que pode ser esse time rubro-negro. Foi, sim, um campo de
observação do que pretende Paulo Souza.
Quem melhor se adaptou a ideia foi Vitinho. Por três vezes foi à ponta, por
três vezes serviu companheiros para fazer o gol. O primeiro deles foi do
estreante Marinho.
No segundo tempo, foi a vez de Everton Ribeiro entrar como um ala esquerdo.
Lembrava os primórdios de sua carreira iniciada na lateral-esquerda. Ele
entendeu a posição, mas, logo, Paulo Souza o deslocou para a ponta-direita,
seu habitat. Colocou um improvável Rodinei pela ala-esquerda, o terceiro a
ocupar a posição em um jogo.
Entrou também Gabigol que foi ocupar uma posição mais à direita do que Pedro,
embora não como ponta. A ver como será essa adaptação do centroavante ídolo do
Flamengo já que o seu melhor rendimento tem sido como dupla de atacantes.
Juntos, os dois perderam três chances claras de gol.
Em sua coletiva, Paulo Souza exaltou a capacidade de criação, assim como
lamentou a ineficiências nas conclusões. Foi uma tônica: misturar elogios a
observações dos pontos falhos a serem trabalhados. Não teve melindre, por
exemplo, de apontar que Marinho foi bem por 30min e depois passou a acelerar
demais o jogo ou de indicar melhorias necessárias para João Gomes.
Ao lado do campo, Paulo Sousa passou a maior parte do tempo com a cara
contrariada, com gestos exaltados, dando instruções frequentes. Não fez
biquinho, nem botou as mãos na cintura. Aparentemente esse tempo acabou no
Flamengo.
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Imagem: André Durão/GE
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