Análise: Flamengo e Palmeiras fazem final nível Champions e indicam aos rivais o caminho



O futebol brasileiro teve um domingo de lavar a alma. Flamengo e Palmeiras disputaram a melhor partida em território nacional em anos, trazendo para o torcedor local a estranha experiência de que não foi preciso assistir à Champions para acompanhar um grande jogo, de que aquela partida que renova o amor pelo esporte não é necessariamente precedida pelo hino cantado pelo coral da Uefa.


Ainda há o aspecto de velocidade que o futebol dos dois melhores times do país não conseguiu repetir como acontece nos melhores gramados da Europa. Tudo bem. Talvez seja aquela coisa da cadência que compõe a identidade do futebol brasileiro. Sejamos um pouco mais contemplativos em campo então.

Mais do que a cadência, o que sempre marcou o bom futebol jogado no país e que é, na verdade, a chave para o jogo deixar de virar jogo e se transformar em experiência inesquecível em qualquer lugar do mundo, é o passe. Se não houver quem saiba trocar passes, não se tem nem futebol direito. Uma goleada pode acontecer em campo com uma chuva de gols aleatórios e a sensação é de que ficou faltando algo.



Neste domingo, Flamengo e Palmeiras passaram bem a bola. De acordo com o site Sofascore, o rubro-negro com 88% de precisão. O alviverde, com 81%. Para se ter uma ideia, na última final da Champions, o Bayern de Munique acertou 84% dos passes. O Paris Saint-Germain, 75%. 

O fundamento é essencial, não importa o estilo de jogo. Se o time é reativo ou se a equipe gosta de atuar mais com a bola, não importa. O Flamengo, sempre numa proposta de ter mais o controle do jogo, o Palmeiras no primeiro tempo com seus contra-ataques perigosos, que só são possíveis quando você consegue conectar os passes certos.



Foi curioso ver como os times são apegados aos estilos de jogo que possuem. O Palmeiras passa melhor saindo de trás, tanto que, no segundo tempo, quando pressionou o Flamengo pelo empate, ao ocupar o campo de defesa do rival, apelou para o chuveirinho, que muitas vezes é a alternativa pobre quando os passes não funcionam. O Flamengo, por sua vez, quando achatado mais atrás, não conseguiu trocar os passes em velocidade para pegar a defesa do Palmeiras desprotegida. O gol de Arrascaeta é um exemplo: o time tinha a chance de acelerar a jogada, mas não é sua característica. O ataque foi sendo construído de forma que a defesa do Palmeiras, antes exposta, se arrumou. Só não o suficiente para lidar com o talento individual do uruguaio.

Quando se passa bem, se finaliza mais. É uma tendência normal. Flamengo e Palmeiras, somados, deram 35 chutes a gol neste domingo. Bayern e PSG, na decisão da Champions, 22. Antes que se suspeite de uma final de Supercopa de marcações frouxas, o que às vezes dá uma roupagem de bom nível a uma partida tecnicamente fraca, graças às inúmeras chances de gol, os sistemas defensivos de Flamengo e Palmeiras erraram em saídas de bola, mas não foram mal no combate aos atacantes. Considerados os três aspectos defensivos principais de um jogo (desarmes, interceptações e cortes), Flamengo e Palmeiras somaram juntos 85. Na final da Champions, esse número foi de 81.

Sem menosprezar o fato de que Flamengo e Palmeiras possuem jogadores capazes de fazer uma partida em nível tão alto, a decisão da Supercopa do Brasil serve de ensinamento para os adversários. Passem bem a bola. Seja retranqueiro ou ofensivo, não importa. Passe bem a bola que ela retribuirá de volta. O futebol agradece e que o ama, também.


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Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/analise-flamengo-palmeiras-fazem-final-nivel-champions-indicam-aos-rivais-caminho-24966041
Imagem: Divulgação

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