Por Alexandre Araújo e Leo Burlá | Uol:
Para os torcedores do Flamengo que não moram no Rio de Janeiro, assistir a um
jogo do clube de coração nem sempre foi missão fácil. E foi justamente desta
constante busca por locais onde pudesse acompanhar às partidas que nasceu a
primeira Embaixada do Rubro-Negro em Cuiabá, sede da Supercopa do Brasil de
2022.
O clube da Gávea, que busca o tri após levantar a taça nas edições de 2020 e
2021, ganhou o direito de estar na decisão por ter sido vice do Brasileiro, e
vai encarar o Atlético-MG, campeão dos dois principais torneios nacionais —
Brasileiro e Copa do Brasil. A bola rola às 16h (de Brasília) na Arena
Pantanal.
No site oficial do Rubro-Negro, a Torcida Urubu Cuiabano é descrita como a
"primeira organizada do Flamengo em Cuiabá, criada em 29 de janeiro de 2006" e
há a indicação de que foi "nomeada embaixada oficial em 08 de Agosto de 2009".
Com a vida do Fla para a capital do Mato Grosso, esse grupo se mobiliza para
deixar os jogadores em casa.
"A ideia de criar a torcida veio em 2005, quando todo jogo eu tinha de sair de
bar em bar perguntando se iria ou não passar o jogo do Flamengo. E como a fase
do time não era boa, a missão não era nada fácil, pois, às vezes, o time que
tava brigando pelo título acabava atraindo mais torcedores. Então, o
pensamento inicial era ter pelo menos uns 20, 30 torcedores para convencer o
proprietário a querer passar todo jogo do Flamengo", lembra Osvaldo Leão, o
Dinho.
E nas andanças para acompanhar o time, os rubro-negros, inicialmente, adotaram
um pub, cujo dono, inclusive, era um palmeirense, atualmente um dos grandes
rivais nacionais do Fla.
"Nosso ponto passou a ser o "Strike Pub", onde cabiam cerca de 700 torcedores,
mas logo ficou pequeno. Em seguida fomos para o clube Dom Bosco, que tinha
capacidade para quatro mil torcedores, e já passou a ser administrado pela
própria torcida. Em 2013, fomos para a nossa sede atual, que é de uso
exclusivo e abre somente nos dias dos jogos", ressalta.
Dinho não esconde a ansiedade em ver a equipe da Gávea em disputar o título em
sua cidade:
"É sempre uma honra e alegria receber nosso time em nossa terra, a ansiedade
toma conta. Estamos preparando uma recepção no aeroporto, com carreata até o
hotel, e uma grande festa no estádio".
E se o ditado coloca em lados opostos a sorte no jogo e no amor, a Torcida
Urubu Cuiabano pode apontar o contrário, afinal, já serviu de cupido, como
conta Dinho ao recordar alguns causos ao longos desses anos. Um deles, por
sinal, envolveu o título do Brasileiro de 2009.
"Tivemos casais que se conheceram lá [na torcida] e estão casados até hoje",
contou ele, que acrescentou:
"Em 2009, quando os ingressos eram somente físicos, adquirimos cerca de 100
para a final do Brasileiro e uma amiga retirou no clube. Como eu iria realizar
a transmissão do jogo aqui, pedi para me enviar pois queria entregar em mãos.
Ela acabou enviando pelos Correios como pacote normal, ao invés de enviar como
"Sedex 10", ou companhia aérea, como havia sido combinado. Tive de conhecer
toda diretoria dos Correios, que à época conseguiu interceptar a encomenda e
me entregar na véspera do jogo. Por sorte, ainda tinha um representante que
não tinha ido para o Rio e levou os ingressos de volta", completou.
"Vantagem é a nossa nação"
Após a vitória sobre o Madureira, na última quarta-feira, pelo Carioca, o
técnico Paulo Sousa fez projeções sobre a Supercopa e demonstrou confiança no
apoio da torcida.
"Dois treinadores recém-chegados [referindo-se ao argentino Antonio Mohamed],
e em momentos diferentes. O Atlético-MG fez uma temporada passada
extraordinária, ganhando praticamente tudo. Ou seja, estão motivados. Penso
que o colega quer dar continuidade a esse processo de vitória. Nós iniciamos
um processo completamente novo, onde estamos crescendo bastante. Tenho vindo a
repetir e a agradecer publicamente ao elenco pela forma que nos recebeu, a
forma como estão atentos, de como querem evoluir e de querem se superar dentro
daquilo que estamos pedindo", afirmou.
"Por isso, com certeza, será um jogo digno de final. E, com certeza, a nossa
grande vantagem pode não estar nos processos, mas é a nossa nação, que vai
estar conosco e nos vai ajudar. Vai nos empurrar para aquilo que pretendemos
fazer sempre: vencer e trazermos a taça", complementou.
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Imagem: Arquivo Dinho