O favoritismo do Flamengo no primeiro clássico com o Fluminense pela Sul-Americana na última quarta-feira se provou em campo. É verdade que o time de Rueda nem precisou exibir o melhor de sua forma. Bastou elevar a disposição e a dedicação dos últimos jogos para que o conjunto de um elenco superior tecnicamente prevalecesse. Quando o nível de entrega diminuiu, os problemas voltaram. E o Fluminense atordoado e desencaixado de Abel Braga terminou a partida com uma atuação coletiva pior, mas com mais chances de gol criadas na prática.
Foram nove, três no gol de Diego Alves, que evitou o empate. O Flamengo acertou o gol com Everton no primeiro tempo e uma bola na trave no segundo. Não transformou novamente domínio em chances perigosas. Embora em fase pior, o meio-campo do Tricolor foi mais vertical do que o do Rubro-Negro. Apesar disso, Henrique Dourado foi anulado pela zaga do Flamengo. As troca de passes em velocidade, por sua vez, se mostraram o ponto forte em que Abel deve se debruçar para o jogo da volta.
Já Rueda, com pessimismo sobre o aproveitamento de Guerrero, e sem Berrío, viu em Everton seu jogador mais agudo, enfim, render. As opções disponíveis ainda conferem ao ataque do Flamengo pouco poder de fogo. Everton Ribeiro cresceu de produção ao iniciar a jogada do gol, e Arão e Cuéllar voltaram a jogar bem e apareceram na frente. Nada de laterais ou centroavante. Paquetá foi apenas esforçado. Para ter volume, o Flamengo se tornou refém das triangulações e ultrapassagens. As conseguiu mais pela direita, com Pará, Arão e Ribeiro.
Do outro lado, o Fluminense mostrou que precisa jogar de forma mais compacta para que conserve a bola sem abusar da correria. A aposta do treinador em Orejuela não deu certo e com Wendel o jogo fluiu mais na etapa final. Os cruzamentos de Lucas foram perigosos. Faltou Gustavo Scarpa dar o toque de classe ao ataque. Apagado e bem marcado, o meia agonizou. Sem as mesmas alternativas que o Flamengo, o Fluminense foi no abafa no final da partida e mostrou que pode surpreender na volta.
O panorama, no entanto, se mantém. Se o Flamengo igualar na força, vai aumentar o favoritismo, ainda mais com a vantagem de um gol. Se entrar em modo automático outra vez, corre risco de deixar o Fluminense ganhar o primeiro Fla-Flu de 2017.
O Globo
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