Palavras mal escolhidas, derrotas e más atuações mudam teor dos "Aeroflas"


O "cheirinho de hepta", aliado à ausência do Maracanã, criou um movimento rubro-negro em 2016 que ficou conhecido como "AeroFla". Antes de jogos decisivos, como os contra Palmeiras, São Paulo e Atlético-MG, flamenguistas lotaram o Santos Dummont para apoiar o time. Além disso, fizeram grande festa na chegada de Diego, em julho. Neste ano, empolgados com a montagem de um elenco que prometia voos altos, sempre iam em bom número receber reforços. Foi assim com Conca, Berrío e Rômulo. A eliminação na Libertadores, que foi tratada por Eduardo Bandeira de Mello com discurso conformista no sentido de que o trabalho deveria continuar, e más atuações mudaram a energia dos "AeroFlas". A partir daí os aeroportos passaram a virar locais indesejados para o Flamengo.

Logo após a queda na Libertadores, Alex Muralha foi alvo ainda no Aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, onde o Flamengo foi eliminado com derrota por 2 a 1 para o San Lorenzo. Na chegada ao Rio, mais protestos, e Bandeira tentou minimizar o vexame.

- A gente sempre conversa com ele (Zé Ricardo), independente do resultado. Vocês estão tentando imaginar alguma coisa muito grave. Não está acontecendo nada. Foi simplesmente uma derrota sofrida. Estamos todos muito tristes. Temos que entender porque isso aconteceu. É normal ter um resultado adverso. Não necessariamente você precisa desconsiderar e destruir todo o trabalho que tem sido feito.

Depois disso, o time foi cobrado no desembarque em Recife, um dia antes de perder para o Sport por 2 a 0. Novos protestos vieram na volta ao Rio, quinta no Galeão e sexta-feira no CT. Muralha novamente foi o escolhido, Zé Ricardo e Willian Arão também escutaram, mas a diretoria foi poupada. Neste sábado, em Florianópolis, o goleiro e o técnico seguiram sendo ofendidos, mas desta vez sobrou também para dois diretores e um coach: o executivo Rodrigo Caetano, o CEO Fred Luz e o coach Fernando Gonçalves.


"Falsos rubro-negros" e nada de "caça às bruxas"

Ainda na noite da derrota que eliminou o Fla da Libertadores, por 2 a 1 para o San Lorenzo, em 18 de maio, Bandeira afirmou que não faria caça às bruxas, que o trabalho apresentado merecia confiança e apontou "falsos rubro-negros" comemorando no Twitter o vexame da equipe. As palavras escolhidas para rebater adversários políticos foram rapidamente usadas em protestos na mesma rede social - torcedores juntavam aos seus nomes algo como "Falso RN". E, neste sábado, apareceu em faixa durante a chegada do time a Florianópolis (veja em foto acima).


Embora o presidente tenha falado em "falsos rubro-negros", na faixa que usava tal expressão apareciam as imagens de Rodrigo Caetano, Fred Luz e Fernando Gonçalves. Alvo de música no CT ("Bandeira, tá de brincadeira" - em ritmo de Poeira), na sexta-feira, o presidente foi poupado. Apenas alguns torcedores perguntavam por sua presença no Hercílio Luz.

Como a foto de Fernando Gonçalves, não era muito nítida no cartaz, a reportagem do GloboEsporte.com perguntou a um dos que protestavam sobre de quem seria a imagem entre Caetano e Fred. De bate-pronto, não houve resposta. A explicação só veio numa mensagem de voz recebida pelo torcedor enquanto aguardavam a chegada do Flamengo: "É o Fernando Gonçalves, aquele tricolor que participou da chapa do presidente do Fluminense (Pedro Abad)", acusou o interlocutor. Fernando, ex-executivo da Traffic e muito atuante no futebol, de fato escolheu o Tricolor na infância, mas rechaça ter participado das últimas eleições presidenciais do Flu.

Caetano defende gringos, diz que hora é de "lamber feridas" e quer Fla se impondo fora

Rodrigo Caetano, que só se manifestou dois dias após a eliminação na Libertadores e adotou palavras parecidas com as que escolheu em eliminação para o Vasco no Carioca de 2016, como a expressão "lamber as feridas", foi quem mais apareceu nas faixas. O diretor executivo do Flamengo, que na coletiva pós-derrota para o San Lorenzo, defendeu seu elenco e contratações que não deram resultados, é alvo antigo da oposição.

Pela volta do clima amistoso e festeiro nos aeroportos, o Flamengo busca se reencontrar com a vitória neste domingo, às 16h, contra o Avaí, na Ressacada - não vence pelo Brasileiro desde a segunda rodada. Só triunfos e discursos mais realistas após as naturais derrotas devolveram a harmonia entre torcedores e o Rubro-Negro.





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