GE: Com seus grandes momentos
vividos no Chile, seja na La U ou com a seleção, Jorge Sampaoli viveu dia de
persona non grata no país onde nasceu durante o empate por 1 a 1 entre
Flamengo e Racing, em Avellaneda. Antes de a bola rolar, foi xingado
unissonamente pelo estádio: "Sampaoli botón, sos un hijo de p... La p... madre
que te parió" (Sampaoli traidor, és um filho da p... A p... mãe que te pariu).
Em dia de xingamentos, Sampaoli corre à linha, pede vermelho e lamenta
expulsão de Wesley
"Botón", que na tradução literal é "botão", é um xingamento muito abrangente
na cultura argentina. Mas, dentro de um estádio que pulsa o futebol e onde a
torcida local o odeia por não ter convocado Lautaro Martínez e Centurión,
ambos ex-Racing, para a Copa da Rússia, a conotação da ofensa era de traidor.
Elétrico durante o jogo e amarelado no fim
Como sempre, Sampaoli abusou das caminhadas frenéticas e, quando reclamava de
forma mais contundente, logo era rebatido com vaias e xingamentos da
arquibancada do Estádio El Cilindro.
Aos 11 minutos, levou o primeiro puxão de orelha do árbitro Jesús Valenzuela.
Apesar disso, não se furtou de protestar quando achava necessário. Assim o fez
quando Hauche acertou o rosto de Ayrton Lucas segundos após levar o primeiro
amarelo. Sampaoli disparou em direção ao campo, pisou na linha lateral, mas
recuou ao se certificar de que o adversário seria expulso.
No segundo tempo, pedia a tempo todo para o time avançar, mas a tal
profundidade pretendida não aparecia. O momento de maior abatimento veio na
expulsão de Wesley, originada em um erro de domínio simples do jogador e uma
falta desnecessária com cartão amarelo tomado no primeiro tempo em outro lance
de imprudência.
Chamou Gabigol para passar orientação, mas logo voltou a andar de um lado para
o outro de forma inconsolável, sem acreditar no que via. Para piorar, Oroz
bateu no ângulo esquerdo de Santos e deixou tudo igual.
Apesar do momento cabisbaixo, Sampaoli retomou dar corridinhas, dando
impressão por três vezes de que iria disputar bolas com adversários. Numa
delas, chegou muito perto de Everton Ribeiro após um erro de passe. De tanto
se mexer e reclamar, tomou cartão amarelo no fim do duelo.
Ironia em coletiva e provocação na zona mista
Para terminar o dia de estranho no ninho, o treinador conviveu com ironia
durante a coletiva pós-jogo. Um integrante do site "Racing Maníacos", abriu a
pergunta chamando-o de "senhor Sampaoli" e reviveu o tema "Lautaro e Centurión
fora do Mundial da Rússia". A resposta veio em tom sereno, justificando opção
por atletas mais experientes.
- São decisões de momento. Valorizo melhor do que quando estavam aqui para
jogar contra nós, porque são muito bons jogadores que sentem pelo futebol o
mesmo que eu sinto. Naquele momento precisava tomar uma decisão e, pela
pouca distância que havia entre o Mundial e a equipe que precisava montar,
decidi por outros jogadores que tinham mais experiência nesse tipo de
eventos.
Um outro repórter gritou fora dos microfones: "Se arrependeu (de não ter
levado a dupla ex-Racing)?. Sampaoli respondeu:
- Não, são decisões.
A última pergunta da coletiva foi a respeito dos xingamentos em sua primeira
partida na Argentina após dirigir a seleção local sem sucesso, esta feita sem
ironia e por um profissional não identificado com clubes. Mais uma vez
tranquilo, disse entender a reação diante de um esporte onde a cobrança por
resultados é imediata.
- Normal, esse é o mundo resultadista no qual vivemos. Argentina é campeã
do mundo hoje, estou feliz por isso. Na minha vez, foi um processo
traumático num momento traumático, mas passou o que passou. Depois é
julgamento, sinceramente tentei fazer o melhor que pude, como sempre fiz.
A noite de Sampaoli se encerrou com um grito em tom de provocação de um dos
jornalistas presentes à zona mista, que estava lotada não só de profissionais
interessados em entrevistas, mas também em fotos e provocações. O rapaz disse:
"Sampaoli, bem-vindo à Argentina, és campeão mundial!".
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