Jorge Sampaoli, com sangue sul-americano pulsando em suas veias, já
demonstrou intensidade durante os primeiros treinos com o time do Flamengo,
antes mesmo de sua estreia na beira do campo, que ocorrerá hoje às 21h30 no
Maracanã.
O novo treinador assume o comando do time rubro-negro após uma derrota na
estreia da Libertadores e enfrentará uma equipe desconhecida e modesta, o
Ñublenses, que participa pela primeira vez do torneio e se encontra nas
últimas posições do campeonato chileno.
Todos os olhos estarão voltados para as escolhas de Sampaoli e como o
técnico argentino irá configurar o Flamengo. Seu estilo enérgico já agradou
em seu primeiro contato, o que contrasta com o perfil mais tranquilo e
discreto de Vítor Pereira, o ex-técnico português que comandou a equipe.
A intensidade notável nos treinos, juntamente com a disciplina em relação
aos horários e a preferência por atividades mais longas, especialmente pela
manhã, chamaram a atenção da equipe, e esta foi a primeira impressão de
Sampaoli. Nesta terça-feira, véspera do jogo, todo o elenco participou de
uma sessão de treinos.
Uma das escolhas mais esperadas de Sampaoli é a decisão sobre a utilização
de jogadores experientes, como David Luiz, Éverton Ribeiro e a dupla de
atacantes Pedro e Gabigol, que o técnico sugeriu que podem jogar juntos. O
zagueiro, que foi afastado do último jogo devido a dores na coxa, retornou
aos treinos.
O desempenho de Gerson sob o comando do técnico será observado com atenção.
O volante foi o intermediário entre Sampaoli e o elenco do Flamengo,
comunicando o estilo do novo treinador no vestiário após o acordo ter sido
confirmado.
Apesar de sua energia em campo, Sampaoli consegue manter um ambiente
descontraído, brincando com os jogadores antes e depois dos treinos e até
participando de jogos de "futemesa" no Centro de Treinamento. Entretanto,
ele não tolera jogadores que não cumprem as diretrizes estabelecidas, que
apresentam mau comportamento ou que não trabalham pelo bem da equipe. Em
tais casos, Sampaoli é conhecido por ter um perfil mais explosivo, e é capaz
de repreender até mesmo os jogadores mais famosos e queridos da torcida.
Esquema ofensivo
Além da expectativa em relação às escolhas de jogadores, as decisões táticas
de Sampaoli também são aguardadas com grande interesse. De acordo com fontes
próximas ao técnico, ele prefere um esquema de saída de bola com três
jogadores, e geralmente utiliza um lateral mais defensivo nessa linha. Uma
das suas características é escolher um zagueiro canhoto para o lado
esquerdo, o que favorece Léo Pereira na disputa nessa posição. No
meio-campo, ele mencionou em coletiva de imprensa a possibilidade de jogar
com apenas um volante na contenção.
Atualmente, essa posição é ocupada por Thiago Maia, mas Vidal voltou a
treinar e pode ser testado como primeiro homem, dada a sua história com o
técnico na seleção chilena. Pulgar, o outro chileno da posição, já está
treinando no campo e levará alguns dias para se recuperar. Ele foi indicado
por Sampaoli durante sua passagem pelo Sevilla.
Enquanto Arrascaeta se recupera de uma lesão grave na coxa, a expectativa é
que Sampaoli mantenha a decisão do interino Mario Jorge e mantenha Matheus
França como o meia ofensivo. Aproveitar jovens talentos é outra
característica do treinador argentino, que costuma utilizar a equipe
principal como "sparring" para os jogadores em desenvolvimento.
No esquema tático 3-2-5, o ataque teria França, Ribeiro, Cebolinha, Gabi e
Pedro. Na prática, Sampaoli começa sua jornada sinalizando para o grupo de
jogadores que as vagas estão em aberto e que aqueles que se destacarem terão
sua oportunidade, independentemente do peso de seus nomes ou histórico no
clube.
Resta saber se, apesar de sua energia e sua preferência por um estilo de
jogo ofensivo, Sampaoli conseguirá superar as dificuldades que seus
antecessores portugueses, Vítor Pereira e Paulo Sousa, não conseguiram e
alcançar o sucesso que Jorge Jesus teve no Flamengo, jogando um futebol
vistoso e potencializando o talento do elenco rubro-negro. Ou se a boa
impressão inicial se dissipará com o tempo e resultará em falta de química
entre o treinador e o time.
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