Extra:
Na busca por tirar do papel o projeto de um estádio próprio, o Flamengo
definiu seu alvo: o terreno do antigo Gasômetro do Rio de Janeiro, no Centro
da cidade. O clube terá que negociar com a Caixa Econômica Federal, mas
recebeu apoio do deputado federal Pedro Paulo e do grupo político de Eduardo
Paes, prefeito da capital fluminense.
A situação está longe de ser simples. A área é a mais valorizada de toda a
região do Porto Maravilha, e a Caixa teria empreendimentos economicamente mais
vantajosos com a construção de prédios comerciais ou mesmo residenciais. Por
isso, o Fla precisará ser "criativo" para apresentar um modelo de negócios em
que a área seja rentabilizada de outras maneiras.
— O Flamengo precisa demonstrar para a Caixa, na negociação, que isso é um
negócio vantajoso para ela. Na medida que você vai construir um estádio e não
prédios comerciais e residenciais, o clube precisa montar um real estate, seja
com investimento imobiliário, shopping ou centro comercial, precisa ser
inventivo para construir aquilo. O custo que tem construir aquele terreno. Só
o espaço custará ao menos R$ 400 milhões — declarou o deputado federal Pedro
Paulo, ao telefone, para O GLOBO.
Estudo de implementação do estádio do Flamengo no Gasômetro Foto: Prefeitura
do Rio/Cdurp
A ideia é que a nova arena tenha características mais verticais, para abrigar
o máximo possível de torcedores em um espaço de 86 mil m². A inspiração é o
Signal Iduna Park, estádio do Borussia Dortmund, que já foi "plotado" no local
pela Cdurp a pedido do deputado. A estimativa é que o estádio tenha capacidade
de pelo menos 70 mil pessoas, mas é possível chegar aos 80 mil.
Mesmo com muitas possibilidades de transporte público, terrenos adjacentes
podem ser cedidos para construções que façam parte do complexo rubro-negro,
seja com a construção de centros comerciais e shoppings ou mesmo
estacionamentos, aos moldes do que o Palmeiras fez com o Allianz Parque.
O antigo Gasômetro é um dos pontos mais centrais de toda a cidade do Rio de
Janeiro, perfeita para a chegada de torcedores de qualquer lugar da Região
Metropolitana.
— Poucos pontos conseguem unir tantos modais de transporte na cidade, é um
local de fácil acesso e deslocamento, com grandes avenidas no entorno como a
Avenida Brasil, Francisco Bicalho, Radial Oeste e a Ponte Rio Niterói. Do lado
de onde o Flamengo pretende erguer seu estádio, a Prefeitura está construindo
um entroncamento de BRTs e VLTs, o Terminal Intermodal Gentileza. Além disso,
fica do lado da rodoviária, bem perto do aeroporto Santos Dumont, dos trens da
Supervia e do metrô. Não à toa, é a parte mais valorizada do Porto Maravilha,
por isso ganhou maior aumento de gabarito para atrair a indústria civil e
empreendimentos imobiliários — adicionou o deputado.
Transporte público: proximidade de vias expressas facilita o acesso ao local
Foto: Marcia Foletto
Pedro Paulo tem se empenhado no projeto junto à Companhia de Desenvolvimento
Urbano da Região do Porto (CDURP), que opera a região portuária. Candidato à
reeleição à Câmara dos Deputados, em Brasília, o político obteve o apoio do
prefeito Eduardo Paes ao pleito do Flamengo.
O clube ainda fez algumas demandas ao Governo do Estado para a licitação do
Maracanã, que participará em parceria com o Fluminense. Embora tenham
oferecido uma solução mais simples em Deodoro, a Prefeitura não viu o Flamengo
se entusiasmar com a opção, por considerar distante do Centro e da Zona Sul,
que abriga a sede social do clube, na Gávea. Apesar disso, o local não está
descartado.
Vista de cima mostra o terreno onde o Flamengo estuda construir estádio Foto:
Marcia Foletto
— Todo lugar tem seu desafio. O mais simples seria Deodoro, que não é
desprezível no acesso ao transporte, por exemplo. Se discutiu a Terra
Encantada, mas aquele terreno também tem um potencial construtivo enorme, uma
área muito adensada e que deve ser destinada a edificações residenciais.
Outras áreas na Barra também foram oferecidas ao Flamengo, mas do ponto de
vista ambiental e de construção, o clube prefere o antigo Gasômetro — opinou
Pedro Paulo.
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Imagem: Divulgação