O Globo:
A melhor campanha na fase de grupos da Libertadores, igualando aos anos de
2007 e 1984, não é o único motivo que deixa o técnico Paulo Sousa ainda
confortável no comando do Flamengo. Embora haja críticas ao desempenho da
equipe, o aproveitamento de 70% na temporada é acompanhado de outros dois
fatores importantes: o respaldo da diretoria, através do presidente Rodolfo
Landim e do vice de futebol Marcos Braz, e a multa rescisória que o clube
teria que pagar em caso de demissão.
Com vínculo até o fim de 2023, Paulo Sousa e sua comissão técnica tem
situações contratuais distintas, mas caso o Flamengo queira abreviar o
trabalho hoje, o custo se aproximaria dos R$ 20 milhões. A multa do treinador
é a maior, disparado, dentro do bolo. Mas seus auxiliares, todos em contrato
trabalhista com prazo determinado, também teriam direito a um alto valor em
rescisão. Todo o acordo foi fechado de forma conjunta, claro.
Até agora, entre quem decide sobre o futebol, não houve qualquer conversa
neste sentido com Paulo Sousa. Após superar o início da sequência de cinco
jogos no Maracanã com três vitórias, o português terá pela frente desafios
mais duros, contra Fluminense e Fortaleza. A campanha na fase de grupos
superou até os seis primeiros jogos de Jorge Jesus em Libertadores: foram
cinco vitórias e um empate com Paulo Sousa, um total de 15 gols marcados e 6
sofridos, e aproveitamento de 88,8%. Jesus obteve 61,1%, com três vitórias,
dois empates e uma derrota, um total de 11 gols marcados e 4 sofridos.
Na realidade, o clima de cobrança, no estádio e nas redes sociais, incomoda
mais ao técnico e seus pares do que qualquer pressão interna. A pressão
externa em cima da diretoria para uma troca no meio do trabalho é um fator que
desgasta o comandante, ainda mais com os pedidos por Jorge Jesus. Mas o
discurso do lado de Sousa é de que seguirá no comando até quando tiver que
ser, e se tiver que sair, vai sair como outros tantos técnicos que o Flamengo
demitiu.
No dia a dia, Paulo Sousa tem tentado ser sempre sincero e didático com
jogadores, dirigentes e funcionários, o que deixa a resistência da porta para
fora. Com os atletas, há poucos focos de insatisfação. O ambiente no vestiário
é bom, apesar de algumas decisões mais firmes por parte do treinador em
questões táticas, escolhas de peças e substituições. No entendimento de Paulo
Sousa, jogará sempre quem estiver em melhores condições de desempenhar o que
ele deseja. E, nunca, como já repetiu, um jogador poderá se colocar acima do
clube. O discurso é bem visto pela diretoria.
O último treinador que custou alto para ser demitido foi o catalão Doménec
Torrent, que saiu em 2020, mas recebeu os R$ 11 milhões de multa apenas em
2021. Desde então, os brasileiros Rogério Ceni e Renato Gaúcho foram
desligados com valores mais comedidos.
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Imagem: Divulgação
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