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Durante as partidas de futebol, é bastante comum ver discussões mais
acaloradas envolvendo jogadores e os árbitros. Inclusive, muitas delas acabam
resultado em cartões amarelos ou até mesmo expulsões. Boa parte destes
bastidores, porém, não são revelados.
Acostumado a apitar grandes jogos, o árbitro carioca Marcelo de Lima Henrique,
de 50 anos, revelou como é a relação com alguns nomes de peso durante as
partidas e foi sincero. Durante o podcast Charla, o profissional disse também
quem foram os mais 'chatos' em campo.
"Eu nunca tive problema, sempre respeitei. O cara que não queria entender,
eu saía de perto porque eu entendo o meu papel no futebol, não estou ali
para atrapalhar o cara. Se o cara é genioso, eu vou me afastar um pouquinho
dele, não estou ali para ter embate com o cara. Isso no passado, quando
comecei. A não ser que o cara me mande para aquele lugar, não estou ali para
atrapalhar o jogo do cara. O cara nervoso, solta um 'pô', um 'c***', eu vou
ficar ali? 'Falou p*** para mim', 'p***, Marcelo, c*** não foi nada'. 'Joga
bola p***, vai para o c*** tu, vambora'. E acabou. É diferente do cara falar
'vai tomar naquele lugar', é diferente, aí é ofensivo. Eu não lembro a
última vez que eu expulsei um jogador que me mandou para 'aquele lugar', não
lembro. Às vezes é 'p***, Marcelo, tá de brincadeira?', 'de brincadeira p***
nenhuma, joga bola cara'. Sem ofender, porque eu não vou ofender jogador,
vou chamar ele de moleque, 'vai para o c***, fulano', não vou fazer isso com
o jogador. Agora, o respeito é uma via de mão dupla. Agora, o futebol ele
vai e a linguagem existe ali, tranquilamente sem ofender ninguém. E me sinto
muito respeitado pelos grandes jogadores também", começou por dizer.
"É um jogo mental. Você tem que entrar na mente do cara para saber 'pô,
peraí, não estou aqui para impor a minha vontade'. Então tem jogadores
difíceis pelo caminho, mas a gente sabe lidar", prosseguiu.
"O Loco Abreu foi muito difícil, Renato Abreu, do Flamengo. Juninho
Pernambucano, no final de carreira, a torcida não sabe disso. Foi muito
difícil, muito difícil. Era aquela resenha ao pé do ouvido. Felipe, do
Vasco, era difícil. No final, eu já estava dobrando ele, eu tenho uma
passagem com o Felipe muito legal, é um cara bacana. No final, ele
reclamava, reclamava e reclamava (risos), e eu falava 'tá bom Felipe, vou
tentar acertar na próxima'. Aí na quarta, 'foi falta, Felipe?', 'pô, você
não deu', 'então desculpe', 'desculpa não, você é muito malandro' (risos). O
cara falou que eu errei, eu vou para o embate com o cara? Tá bom, vou tentar
acertar na próxima (risos). Eu não achei falta, o cara está dizendo que é,
mas era um jogador bacana. O Edmundo, no início, foi um jogador muito
difícil, mas depois não, ajudou a arbitragem. E outros e outros. Fred
começou muito difícil, mas é um jogador muito inteligente. O Fred ele faz o
raio-x do plantão, quem é o árbitro? 'É o fulano', 'opa, esse daí vou ter
que segurar um pouquinho'. É um jogador muito inteligente, joga para a
equipe dele, mental, sanguíneo. Já expulsei o Fred num Fluminense x Vasco,
foi até acidental, mas ele deu uma braçada para trás que pegou no Jomar,
zagueiro do Vasco, e abriu o Jomar. Eu tirei e ele falou 'Marcelo, não fiz
nada'. Ele falou 'cara, você vai ver no vestiário depois o que você fez'.
Depois no outro jogo 'desculpa'. É um jogador inteligente, mas que quer
ganhar sempre, interessante, bacana. Me dou muito bem com estes jogadores,
digamos, difíceis", complementou.
Por último, Marcelo de Lima Henrique também falou sobre o camisa 9 do
Flamengo, Gabigol, e revelou como é apitar uma partida do atacante, conhecido
por reclamar bastante com a arbitragem durante os jogos.
"É um jogador muito sanguíneo, né. É um jogador muito mental, muito sangue.
Se você reparar, por incrível que pareça, eu vi um pouco do jogo ontem (do
Flamengo, na Conmebol Libertadores) e eu liguei na hora que ele estava
tomando cartão amarelo, e logo em seguida ele fez uma falta. Você viu como o
semblante dele mudou? Tem jogador que precisa tomar o cartão amarelo para
jogar bola. Tem jogador que precisa ter um limite. É um grande jogador, que
também, nunca tive problema com ele. Tem o jeito dele de jogar, tem a
resenha dele como outros têm. Tem piores. Tivemos piores pelo caminho. É um
jogador que gosta muito de estar com a arbitragem, dialogar. Tem jogador que
joga dialogando com o árbitro, tem outros que dialogam para o bem, outros
para o mal, outros que querem ganhar vantagem, outros que nem falam com
você. Adriano Imperador eu nem ouvia a voz. Loco Abreu, lá de longe, é um
jogador difícil. Ele falava de longe e eu falava 'vou ficar longe deste
cara', não tinha ideia. Se ele falava contigo, aí ele aumentava o tom. Eu
vou me distanciar deste cara, senão eu vou ter que tirá-lo, e eu não estou
aqui para tirar o craque. Não estou aqui para isso",
finalizou.
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Imagem: Divulgação
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