Extra:
O hino do Flamengo já tocava baixinho na transmissão antes mesmo de a partida
terminar. O time de Zico vencia o Liverpool por 3 a 0 na final do
Intercontinental de Clubes. Galvão Bueno, que na quinta-feira narrou seu
último jogo da seleção no Maracanã, se preparava para o que seria o clímax de
sua vida como torcedor rubro-negro.
O garoto tijucano experimentava em 1981, aos 31 anos, o gosto de narrar o
maior título da história do clube do coração.
"Acabou, acabou! Flamengo, campeão mundial interclubes no Japão", anunciou,
contratado então há pouco tempo pela Rede Globo.
Ao longo dos anos, Galvão se cansou do peso da rivalidade entre as principais
torcidas do país. Preferiu se afastar dos grandes clássicos, se concentrar nas
partidas da seleção brasileira e nas corridas de Fórmula 1. Acabou se
distanciado dos jogos do Flamengo, por tabela.
— Com certeza, eu tive momentos muito pesados, porque eu fazia tudo, todas as
decisões. Eu me lembro de passar momentos difíceis no estádio. O corintiano
achava que eu era palmeirense, o palmeirense achava que era corintiano, o
flamenguista achava que era vascaíno, era um inferno. Fui ‘consagrado’ no
estádio várias vezes, xingado no Maracanã lotado, por um Morumbi lotado. Era
muito pesado pela rivalidade do futebol — lembra.
Já consagrado, ensaiou o reencontro no momento que seria épico, quase tão
grande quanto a final do Mundial de 1981. Mas o infarto o impediu de narrar a
final da Libertadores de 2019.
— Na hora do jogo, liguei a televisão, queria ver o Luis Roberto, mas era
transmissão da Argentina. Foi um barato, você não imagina o desespero do
narrador quando o Flamengo fez os dois gols. Então, deu o estalo: "eu preciso
ir para o Qatar" (para o Mundial de Clubes). A Globo não quis deixar não. E
estava certa, responsabilidade.
O narrador vai sim para o Qatar, três anos depois, para cobrir a Copa do
Mundo. O evento deve marcar a despedida de Galvão Bueno das narrações na TV
aberta. Lá, espera receber o carinho do público, que não mudou com ele depois
que admitiu ser torcedor do Flamengo.
— Não é porque digo que sou Flamengo que não dou umas porradas no Flamengo. É
a minha obrigação.
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Imagem: Reprodução
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