Por Fred Gomes e Fred Huber | GE:
Que os dirigentes do Flamengo em Portugal e Jorge Jesus tomariam um café todo
mundo sabia. Como dizem os lusitanos, eram favas contadas. Mas o encontro às
vésperas de um clássico e o consentimento da diretoria do Benfica dito pelo
auxiliar João de Deus amargaram ainda mais o tom das críticas de grande parte
da imprensa local e de torcedores benfiquistas ao Mister.
O Benfica tem duelo decisivo contra o Porto nesta quinta-feira, às 17h45 (de
Brasília), válido pelas oitavas de final da Taça de Portugal, no Estádio do
Dragão, casa do rival. O duelo é disputado em jogo único, e o vencedor avança
à fase seguinte. Mesmo impedido de dirigir o time à beira do campo - foi
suspenso por 15 dias em função de críticas à arbitragem -, Jesus viu a pressão
sobre si aumentar substancialmente depois de ter recebido em sua casa, em
Cascais, Bruno Spindel e Marcos Braz a dois dias do clássico.
Conversa do Flamengo com Jesus pressiona o treinador do Benfica — Foto:
Reprodução
Em telejornais, comentaristas pesaram a mão sobre Rui Costa, presidente do
Benfica, por este ter autorizado JJ a conversar com os homens que tocam o
futebol do Flamengo, como afirmou João de Deus em entrevista coletiva.
- Ontem (terça) houve um encontro (dele) com os amigos do Flamengo e
devidamente autorizado pelo Benfica e com o conhecimento de Rui Costa. O
Mister disse que não pode e nem quer neste momento abandonar o Benfica. Há um
contrato para cumprir, quer cumprir e quer ganhar títulos no Benfica. Foi isso
que nos fez vir para a Portugal novamente - afirmou João de Deus.
Auxiliar do Benfica diz que Jorge Jesus não voltará ao Flamengo
Pessoas próximas a JJ garantem ter feito o alerta ao treinador que um encontro
com os rubro-negros às portas de um clássico importante pegaria mal. Não deu
outra, e o caldo entornou.
"A Bola" tratou como "novela brasileira" a busca do Flamengo por Jesus — Foto:
Reprodução
Diário de Notícias, de Portugal, vê Jesus inquieto com interesse do Flamengo —
Foto: Reprodução
Retrospecto ruim contra o rival
Desde que deixou o Flamengo em julho de 2020, o Mister ainda não venceu o
Porto. Foram três jogos, dois empates e uma derrota. O revés, porém, foi duro
e aconteceu na final da Supertaça, em dezembro de 2020 - 2 a 0 para os
Dragões.
E o Porto será adversário do Benfica já na próxima quinta-feira, desta vez
pelo Campeonato Português e novamente no Dragão. Atualmente terceiro colocado,
o time do Mister está a quatro pontos do rival, líder da competição. Uma
vitória colocaria fogo na disputa pelo título.
Vencer um clássico é mais do que urgente para JJ. Além de não ter vencido o
Porto desde o retorno a Lisboa, perdeu para o rival Sporting no último dia 3,
por 3 a 1, em casa.
Barulho da dupla Braz/Spindel em Portugal provoca olhares tortos
O "café" de JJ com a dupla rubro-negra não provocou amargor direcionado apenas
ao treinador. Nos programas esportivos, alguns comentaristas têm citado que
Braz e Spindel foram a Portugal para tumultuar o ambiente no Benfica às
vésperas de partidas decisivas diante do Porto e com as oitavas de final da
Liga dos Campeões da Uefa, contra o Ajax, pela frente.
Desde suas primeiras entrevistas, Marcos Braz afirma aos repórteres
portugueses que ele e Spindel não cometeriam "nenhuma indecência" ao se
encontrar com Jorge Jesus. E também faz questão de frisar que não foram a
Portugal para contratar JJ, mas sim para trazer um treinador português.
Os dirigentes do Flamengo - e isso se estende aos que ficaram no Brasil -
entendem que uma conversa com o Mister, ídolos dos rubro-negros, era item
obrigatório na agenda de Braz e Spindel, independentemente da situação do
treinador à frente dos encarnados.
Quando confrontados pela imprensa local, defendem-se afirmando que foram a
Portugal em busca de conversar com diversos candidatos à sucessão de Renato
Gaúcho e não apenas para contratar Jesus.
A situação é diferente do que fez em julho de 2020 o então presidente Luis
Filipe Vieira, quando, em um jatinho foi ao Rio, exclusivamente para tirar JJ
do Flamengo, pouco depois de o treinador renovar contrato com pompa e
circunstância. É nesse fato que se apoia a diretoria rubro-negra para desviar
olhares tortos dos adeptos do Benfica e da imprensa local.
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Imagem: Alexandre Vidal