Diego Iwata Lima e Leo Burlá | Uol:
Os brasileiros que vêm ao Uruguai para a final da Copa Libertadores precisam
estar atentos a alguns detalhes que podem dificultar muito a vida de quem
desembarca no simpático e agradável "Paisito".
Em primeiro lugar, é preciso contratar seguro viagem. Informações sobre uma
apólice do tipo são requisitadas para o preenchimento da declaração
juramentada que precisa ser feita no site do governo.
Como é possível preencher o formulário eletrônico com qualquer número, há quem
acredite que não haverá problemas ao desembarcar, já que essa numeração não
obedece a um único padrão. Mas para entrar no país uma comprovação digital ou
impressa pode ser pedida no processo de imigração e fazer com que o torcedor
seja barrado.
Quem vier por terra deve ainda imprimir os documentos necessários para a
entrada no país, como a "Declaração de Saúde do Visitante" (no site
www.gub.uy), o exame que comprova o PCR negativo para covid-19 e o Certificado
Nacional de Vacinação do SUS. No aeroporto, as versões digitais bastam. Mas a
aduana terrestre vem exigindo os documentos físicos.
Por conta disso, há relatos de que o processo de imigração por terra superou
três horas para quem veio à partida do último sábado. Isso também vai demandar
habilidade dos policiais de fronteira para organizar o escalonamento entre os
veículos das duas torcidas, a fim de evitar confrontos.
Caução para aluguel de veículos é exorbitante
Outro ponto diz respeito ao aluguel de veículos. Devido a preços e lotação,
muitos torcedores tiveram de optar por cidades da redondeza de Montevidéu na
hora de se hospedar, como Atlántida, Canelones e até mesmo Punta del Este. O
aluguel de carros será uma constante. Mas mesmo quem fez os trâmites e pagou
tudo diretamente do Brasil pode ser surpreendido.
A maioria das locadoras, ademais dos pagamentos de diárias e seguros acertados
à distância, cobra uma caução que vai de 900 a 1200 dólares (R$ 5,5 mil a R$ 7
mil) a ser cobrada no cartão de crédito do titular do contrato de locação. O
valor não é descontado e não vai aparecer na próxima fatura do cartão. Mas
fica bloqueado para ser debitado em caso de multas, por exemplo.
Segundo Diego Di Lorenzo, executivo da locadora Alamo, a medida também tem
como objetivo evitar a apropriação indébita de veículos. "Com o contrato
atrelado a uma instituição bancária, é muito mais complicado para algum
locatário tentar se evadir para outro país, por exemplo", explicou ele ao UOL
Esporte.
Custo de vida não é baixo; motoristas de aplicativo não se queixam
Os preços uruguaios são relativamente altos para os padrões brasileiros. Uma
compra de supermercado de itens básicos para três dias de hospedagem, como
água, cerveja ou vinho, itens de higiene pessoal, chocolates e os famigerados
salgadinhos de pacote, por exemplo, sai por cerca de R$ 100. Para facilitar a
conversão, vale a conta: cada 100 pesos equivale a cerca de R$ 13.
Nunca é demais também lembrar que o câmbio do aeroporto é normalmente pior que
o das cidades. E no Aeroporto Internacional de Carrasco, funcionários de uma
casa de câmbio localizada ainda antes da saída para o processo de imigração
praticamente laçam quem sai da esteira de bagagens rumo ao país
propriamente.
Uma dica interessante e positiva: o valor dos combustíveis é tabelado e fixado
pelo governo. Não há necessidade de se buscar um posto com valor mais baixo.
Os motoristas de Uber ouvidos pela reportagem tiveram também declarações
positivas a dar. "A tarifa é reajustada com regularidade e está sempre num
mesmo patamar. Mas durante a pandemia, muitos amigos que faziam esse trabalho
tiveram de procurar outro trabalho. Pagando parcelas, mas sem passageiros,
esse emprego se tornou um dreno de dinheiro", contou ele, que sofreu menor
impacto por ser proprietário do carro com que trabalha.
Preços altos e pedras
Os torcedores que vierem ao Uruguai para ver o jogo in loco, mesmo convidados
VIP, devem ficar atentos na hora de retirar seus ingressos. Parceiros dos
clubes finalistas da Sul-Americana, Athletico-PR e Red Bull Bragantino, que
preferiram não se identificar por temerem represálias da Conmebol, relataram
demora no trâmite de entrega dos bilhetes. Mesmo sem fila, a espera superou
uma hora.
A expectativa é que haja cinco vezes mais pessoas na partida entre Palmeiras e
Flamengo em relação à partida da Sul-Americana.
Dentro do estádio, é importante ter pesos uruguaios. As lanchonetes, que
oferecem baixa variedade de alimentos, não aceitam cartões de crédito, muito
menos moedas estrangeiras, sejam euros, dólares ou reais. Os preços também são
salgados. Uma garrafa de água mineral de 500 ml custou 150 pesos na final da
Sul-Americana —cerca de R$ 20.
Por fim, no último sábado, dia 20, havia também pedaços de paus e pedras
dentro do Estádio Centenário, munição para o eventual caso de briga. O UOL
Esporte conversou com pessoas que estiveram nesta terça (24) no local, e o
entulho permanecia por lá.
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Imagem: Getty Images/iStockphoto
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