Análise: Predestinado, Gabigol tem tudo para se tornar ainda maior na história do Flamengo




O Globo: O destino de um jogador de futebol costuma ser decidido por urgências objetivas: identifica-se uma carência no elenco do time A, procura-se um reforço na equipe B; um empresário com uma cartela variada tenta emplacá-lo aqui ou ali; algumas propostas tornam-se atraentes apenas pelo dinheiro; outras parecem um inteligente plano de carreira, com atalhos para a Europa ou para a seleção. Mas não o destino de Gabigol. Este parece ter sido resolvido muito antes da assinatura de qualquer contrato: predestinado.



Ranquear Gabigol — ou Gabi, segundo o mais recente rebranding — entre os maiores ídolos do Flamengo é um esforço sem propósito. Sabemos todos, ele também, apenas que o ocupante do primeiro lugar é indestronável. A partir daí, há infinitos ordenamentos possíveis, justificados pela subjetividade. Mas o tempo e os feitos tratam de torná-lo presença obrigatória em qualquer lista que pretenda fazer algum sentido.

O dia em que Gabriel Barbosa se tornou eterno remete a 23 de novembro de 2019, quando, num espaço de três minutos, virou sobre o River Plate para garantir o bicampeonato da América ao rubro-negro. De lá para cá, seus feitos continuam a reforçar esta condição: o mais recente deles foi marcar seu 100º gol pelo clube na última quinta-feira, algo que apenas mais 18 indivíduos conseguiram na História. E que, como sugere o ineditismo neste século, parece cada vez mais trabalhoso alcançar.



A sensação de predestinação, porém, antecede qualquer marca e tem um quê de intangível. Como se o DNA do Menino da Vila não fosse de peixe, mas de urubu. Entre tantos jeitos de se conectar com a torcida do Flamengo, poucos parecem tão eficientes quanto levantar uma plaquinha anunciando que “hoje tem gol do Gabigol”. Ou carregar o próprio material de trabalho — o gol — acoplado ao nome. Ou mostrar os dois muques ao balançar as redes, num gesto de simpática arrogância.

Um fator óbvio que difere Gabigol de outros artilheiros centenários é que sua conta ainda está em aberto. Embora este possa ser um indicador positivo, de que seguirá ampliando suas galerias feitos e troféus, existe também a possibilidade de que ao menos parte dessa idolatria se perca num passo em falso. Um dos traços da personalidade do artilheiro que mais fascina a torcida, o de gênio indomável, nem sempre atua para o bem.



O mais provável, porém, é que ele continue na trajetória que eventualmente o colocará abaixo somente de Zico na galeria dos grandes personagens do Flamengo. Mesmo em uma temporada problemática como a atual, com insucessos no Brasileirão e na Copa do Brasil, há uma chance de ouro, a Libertadores, para que Gabigol levante mais uma plaquinha. E, claro, um troféu.


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Imagem: Divulgação

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