Uol:
Contratado para ser um dos pilares na primeira temporada do Cuiabá na Série A
do Brasileirão, o meio-campista Pepê vem se destacando com a camisa do Dourado
na competição. A ótima atuação na última rodada diante do Flamengo, clube que
o revelou, já foi repetida em outras partidas. O que dá a condição de titular
absoluto ao camisa 8 do time de Jorginho. O atleta de 23 anos afirma estar
totalmente adaptado à capital do Mato Grosso, relembra a convivência com Jorge
Jesus, e revela os planos para a sequência da carreira em conversa com a
coluna.
Como foi ir para o Cuiabá depois de ter bons momentos pelo Flamengo na reta
final do Brasileirão 2020? Foi difícil tomar essa decisão?
Pepê: Graças a Deus foi uma decisão muito acertada na minha vida. Vivi dentro
do Flamengo desde muito novo, foi lá que eu cresci, mas eu queria buscar novos
ares. Assumir mais importância dentro de um clube. No Flamengo eu não teria as
oportunidades que eu tenho, e ainda bem que tenho aproveitado. Para a minha
carreira foi maravilhoso. Tenho muito carinho pelo Flamengo, mas precisava de
mais oportunidades.
Muita gente achou no início da temporada que a sua contratação havia sido
por empréstimo, mas o Cuiabá assinou um contrato de três anos e você se
tornou uma das principais contratações do clube, logo no primeiro ano na
Série A. Acha que esse mesmo movimento pode acontecer com outros jovens?
Pepê: Fico feliz. Quando vim pra cá botei na cabeça que queria ser importante
para o time. Assumir a responsabilidade dentro de campo. É bacana ser um dos
primeiros nomes jovens do Cuiabá pra esse tipo de investimento na Série A. O
clube tem tudo para crescer. É o clube do estado na primeira divisão. Pode se
tornar uma potência. Certamente virão muitos outros jogadores porque há margem
para crescimento
Na base você jogava mais avançado e agora disse que quer jogar como
volante. Por que tomou essa decisão e quais as diferenças que vê entre uma
coisa e outra?
Pepê: Na base do Flamengo eu era meia, mas quando subi para os profissionais
eu comecei a perceber que não conseguia achar os espaços e me movimentar de
forma apropriada para a posição. E na transição eu vi que poderia ser volante.
Na realidade gostaria de estar em campo e o Rogério Ceni sabia disso. Comentei
com ele e ele me escutou. Me deu muita moral e graças a Deus fui bem. Consegui
me adaptar e evoluir na marcação. Hoje tenho ótimos números defensivos no
campeonato.
Como se adaptou à cidade? É muito diferente para quem morou quase a vida
inteira no Rio?
Pepê: Já estou totalmente adaptado. A cidade é muito quente realmente, mas
nada que um ar condicionado não resolva(risos). As pessoas são muito
receptivas e estão entusiasmadas com a presença do clube na Série A. Se a
maioria dos jogadores soubesse o quanto a qualidade de vida aqui é
maravilhosa, pensariam duas vezes antes de rejeitar uma proposta do Cuiabá por
isso.
Existe muita diferença estrutural entre Flamengo e Cuiabá? Você acompanhou
uma evolução grande do Flamengo neste ponto desde que jogava na base.
Pepê: Como eu falei antes, o Cuiabá tem tudo para ser uma potência. O clube
tem feito reformas no CT e acompanhei esse mesmo processo acontecendo no
Flamengo. Foram anos de construção para chegar no que é o Ninho do Urubu hoje.
Vejo o clube crescendo na estrutura e caminhando nesse sentido. É claro que é
preciso tempo e dinheiro, mas temos todas as condições de trabalho aqui.
Antes do Brasileirão começar o Cuiabá era apontado como um dos prováveis
rebaixados. O time venceu o Palmeiras e empatou com o Flamengo fora de casa.
Mostra organização para ser competitivo contra equipes melhores
tecnicamente. Isso faz com que vocês pensem em algo maior?
Pepê: O nosso objetivo é muito claro. Permanecer na primeira divisão. Temos os
pés no chão e humildade. Sabemos que o trabalho vem sendo muito bem feito.
Estamos organizados dentro dos jogos, mas vamos continuar com esse pensamento.
Depois que chegarmos aos 45 pontos podemos almejar outras coisas. Nosso time é
uma família dentro e fora de campo. Se doa e se ajuda muito.
Em 2019 você fez parte do elenco do Flamengo com Jorge Jesus em uma parte
da temporada. É realmente muito diferente dos outros treinadores os métodos
de trabalho, a parte tática? No que exatamente?
Pepê: Ele realmente é muito diferente. Os métodos de trabalho e a forma que
ele nos cobrava. Não deixava ninguém relaxar em nenhum treinamento. A parte
tática se destacava muito na defesa, na minha opinião. Nosso time era muito
bom defensivamente, e sendo seguro atrás aquele quarteto(Everton Ribeiro,
Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol) sempre decidiria no ataque.
Seus números no Brasileirão são bons. Está entre os dez jogadores de linha
que mais acertam passes longos e inversões no campeonato, além de bons dados
defensivos também. Como vê a evolução que está tendo nesse momento na
carreira?
Pepê: Acho que estou alcançando os meus objetivos aqui. No Flamengo eu não
jogava. Era importante de outra forma, mas aqui eu jogo. Acrescento na parte
defensiva e ofensiva. Tenho caminhado nesse sentido e eu quero crescer cada
vez mais. O meu objetivo principal hoje é lutar todos os dias com meus
companheiros para ficar na Série A. É seguir com muita humildade e trabalho.
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Imagem: Divulgação