O Globo: A julgar pelo que as duas equipes entregaram ao longo da temporada, foi um
duelo muito aquém do esperado. Teve retranca em excesso de um lado e
nervosismo do outro. Mas como a esta altura do Brasileiro o resultado vem
acima de tudo, melhor justamente para quem mais precisava dele. E a torcida do
Flamengo não ficou nem um pouco insatisfeita com a vitória por 1 a 0 sobre o
Atlético-MG, no Maracanã. Um triunfo que manteve o time na briga pelo título e
amenizou a crise no clube.
Os rubro-negros chegaram aos 49 pontos, dez atrás do líder Atlético-MG. Na
terça, farão o primeiro de seus três jogos atrasados (contra o Athletico, em
Curitiba). Já os mineiros voltam a campo na quarta, também para um duelo
adiado (o único, contra o Grêmio, em Belo Horizonte).
Para voltar a vencer depois de quatro jogos (dois deles que custaram a
eliminação na Copa do Brasil) e em meio a uma crise no departamento médico,
Renato mudou completamente a forma como o torcedor está acostumado a ver o
Flamengo jogar. Esqueça o time que, mesmo já praticando um futebol mais
reativo, tentava impôr o ritmo da partida e criava muitas oportunidades. Na
maior parte do confronto, o que a equipe mais fez foi se defender — além da
prática da chamada “cera”, velho hábito de segurar a bola e não deixar o duelo
correr.
Os números do confronto deixam isso claro. Mesmo atuando no Maracanã, o
Flamengo teve apenas 37% de posse. E enquanto os mineiros somaram 12
finalizações, os donos da casa concluíram oito vezes a gol.
— A gente vem sofrendo com isso durante as ultimas partidas. Os times vem
aqui, jogam retrancados, por uma bola. Acho que faz parte do jogo. O Ramon
estava passando mal desde o intervalo, o Diego Alves sofreu uma pancada e
sentiu. É normal ficar ali e ganhar tempo. Mas não que a gente praticou
antijogo. A gente fez nosso trabalho bem feito. A equipe se dedicou e graças a
Deus o resultado veio — explicou o zagueiro Leo Pereira.
Este não foi o desenho da partida até o gol de Michael, aos 25. O Flamengo
começou fazendo frente ao Galo. Mas, num jogo muito disputado no meio de
campo, nenhum dos dois conseguiu criar chances claras. Não à toa, os cariocas
abriram o placar com uma jogada que começa com ligação direta de Arão para
Isla, no lado direito da grande área do rival. O chileno cruzou para Bruno
Henrique ajeitar com a cabeça e a bola sobrar para Michael concluir cara a
cara com o goleiro Everson.
A partir daí, Renato recuou as linhas defensivas da equipe e chamou o
Atlético-MG para mais perto de sua área. E assim fez até o apito final.
Apesar da postura diferente, não se pode dizer que o time foi mal dentro de
sua proposta. O sistema defensivo respondeu muito bem à pressão do líder do
campeonato. Destaque para Leo Pereira, que levou a melhor na maioria dos
duelos contra Hulk.
Importante frisar que os mineiros, por sua vez, não souberam encontrar uma
solução para a marcação rubro-negra. E, à medida que o segundo tempo avançou,
deixaram o nervosismo atrapalhar suas escolhas e jogadas.
— O que o Diego Alves fez foi ridículo — disparou Hulk, sobre a “cera” do
goleiro. — Só faltando dois minutos para acabar que o Daronco deu cartão.
Falei com ele: “Daronco, quer parar o jogo para atender jogador, tem que
parar. Mas se parou dez minutos tem que dar mais dez minutos".
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Imagem: Divulgação