O sábado reserva jogo único no Brasileirão 2021, e uma partida que coloca
frente a frente as duas equipes de mais repertório ofensivo dos últimos meses
no país. Mesmo com os desfalques dos principais jogadores do Flamengo e o
gramado irregular do Maracanã possivelmente atrapalhando, o rubro-negro deve
fazer um embate interessantíssimo nos pontos de vista tático e técnico com o
Red Bull Bragantino.
Como Flamengo e Red Bull Bragantino devem entrar em campo
Imagem: Rodrigo Coutinho
Conceitos nítidos ao atacar
Ter uma estratégia bem definida e executada de maneira eficaz é um grande
desafio para a maioria dos times brasileiros. Seja por limitação de conteúdo e
aplicação por parte das comissões técnicas, nível mediano da maioria dos
jogadores ou questões extracampo, precisamos evoluir no aspecto da
''proposição de jogo''. Ainda há muita aleatoriedade e dependência individual
no momento ofensivo. O rubro-negro e o Massa Bruta, porém, fogem disso.
Mesmo sem três titulares determinantes, o Flamengo mantém algo bem próximo da
estrutura já conhecida de quem acompanha as partidas com mais atenção. Vitinho
fará o papel de Everton Ribeiro, flutuando da direita para o meio. Michael
ficará mais fixo no flanco esquerdo, liberando Bruno Henrique para se
aproximar do jovem Rodrigo Muniz, que fica bem mais preso na área em relação a
Gabigol. Arrascaeta é o outro desfalque do setor de ataque.
Pela direita, Matheuzinho, que já surge como provável titular mesmo após o
retorno de Isla da seleção chilena, faz o mesmo papel. Dá amplitude e
profundidade no setor. Do outro lado, Filipe Luís, com a presença de Michael,
fica ainda mais liberado para atacar por dentro após fazer a ''saída de três''
com Willian Arão e Rodrigo Caio.
Diego e Gerson são os volantes, e o camisa 8 ganha mais liberdade do que o
experiente meio-campista para chegar na área, fazer algumas infiltrações. O
time tem apresentado um ritmo forte na circulação da bola, movimentos bem
coordenados e agressividade para se impor perante os adversários,
principalmente no Maracanã.
Com Michael, Flamengo tem um homem mais fixo pela esquerda, o que dá mais
liberdade de circulação para Bruno Henrique por dentro. Na direita, Vitinho
simula o comportamento de Everton Ribeiro e Matheuzinho é basicamente um
ponta. Gerson e Diego chegam de trás e Muniz é a referência central do ataque
Imagem: Rodrigo Coutinho
Já o Red Bull Bragantino utiliza uma estrutura mais posicional em seus
ataques. Apenas Claudinho tem mais liberdade para mudar de setor. Ele parte da
meia-esquerda, mas é visto constantemente buscando o flanco do campo por ali.
O camisa 10 está fora e Pedrinho deverá substituí-lo. A proposta é manter as
peças bem distribuídas no campo, visando a circulação da bola com eficiência e
a formação constante de linhas de passe.
Se volta ao lado de Raul para compor a linha de meio no momento defensivo,
Lucas Evangelista ganha mais liberdade quando o time paulista tem a bola, se
adianta e se alinha a Claudinho, mas na meia-direita. Tem jogado muito bem.
Artur fica sempre bem aberto pela ponta-direita, vem desequilibrando ao
receber a bola ali e tentar jogadas individuais em direção a área. Ytalo é o
centroavante e faz muitos movimentos para as costas dos volantes adversários.
É um ''camisa 9'' de preparação de jogadas, não tem tanta presença na área.
Algo que as vezes falta ao time.
Os laterais dão suporte aos pontas por trás da linha da bola e realizam
infiltrações pelo meio. Raul fica centralizado, girando o jogo de lado e dando
dinâmica nas trocas de passes. Assim como no Flamengo, há sincronia nos
movimentos e velocidade na conexão entre os atletas. Um time de muito volume
ofensivo e que se conhece bem.
Ocupação de espaços do Bragantino em seu ataque posicional. Helinho e Artur
abrindo o campo. Evangelista e Pedrinho serão os meias. Raul fica por trás da
linha da bola e Ytalo flutua nas costas dos volantes, tentando atrair um dos
zagueiros
Imagem: Rodrigo Coutinho
Reagir após a perda
Em times que trabalham o tempo inteiro dentro do campo rival, é de fundamental
importância uma transição defensiva agressiva. Pressionar logo após perder a
bola é inegociável na realidade de equipes como Flamengo e Bragantino. Os
defensores estão há muitos metros da própria meta, e geralmente expostos ou em
igualdade numérica com o adversário. É o preço que se paga por tanta
ofensividade.
Se oscilaram recentemente neste princípio, os dois times executaram a proposta
muito bem nas últimas partidas, gerando momentos de verdadeiro sufocamento aos
adversários. Saber superar este cenário é determinante para causar danos e
criar em contra-ataques. Velocidade de raciocínio e movimentação rápida serão
importantes para obter êxito contra o ''perde, pressiona'' do adversário.
Flamengo e Red Bull Bragantino lideram ou estão bem ''ranqueados'' em diversos
parâmetros de estatísticas importantes para medir a eficiência de uma equipe
neste Brasileirão. Veja com atenção.
Imagem: Fonte: Opta
Marcação ''alta'' e problemas no próprio campo
Cariocas e paulistas gostam de subir o bloco de marcação e pressionar a saída
de bola inimiga. Mauricio Barbieri e Rogério Ceni utilizam este artifício com
frequência por coerência com a proposta de ter a posse sempre e subjugar o
adversário desta forma. Roubar a bola mais perto do gol mantém o oponente
distante da meta defensiva e facilita na criação de espaços necessários para
finalizar.
Mas os dois treinadores também sabem que quando o bloco de marcação recua,
aparecem algumas debilidades. Diego e Gerson, por exemplo, são meias de
origem. Não possuem a ''pegada'' e o entendimento necessário de proteção na
frente da área, o tempo de cobertura de laterais e zagueiros. Precisam marcar
mais na frente para se sentirem confortáveis. Algo bem próximo se aplica ao
Red Bull, principalmente quando Artur e Helinho precisam dobrar a marcação com
os laterais. Oscilam neste sentido.
Nesse movimento de subida de linhas de marcação, não é raro haver espaço entre
os setores em Flamengo e Bragantino. A chave da vitória pode passar por aí.
Quem conseguir se impor desta forma ou aproveitar os vacilos do rival.
Promessa de jogaço no Maracanã! Dois times de coragem e protagonismo com a
bola.
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Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/rodrigo-coutinho/2021/06/19/previa-flamengo-e-bragantino-tem-virtudes-e-problemas-semelhantes.htm
Imagem: Internet
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