Por Rodrigo Mattos | Uol: O Flamengo e o Palmeiras têm três jogadores, Gabigol, Everton Ribeiro e
Weverton, cedidos à seleção para eliminatórias e Copa América. Ficarão um mês
e meio com o time brasileiro. Mas a CBF contraria a lei, não paga seus
salários e rechaça cobranças. Tanto as eliminatórias quanto a Copa América são
altamente rentáveis para a confederação: vão gerar pelo menos R$ 30 milhões.
A CBF e o Flamengo vivem uma disputa por causa da convocação do atacante Pedro
para a Olimpíada. O clube tinha vetado, e a confederação o chamou mesmo assim
para tentar forçar sua ida. A cessão não é obrigatória. O Palmeiras vetou a
presença de Weverton na Olimpíada, a confederação queria ficar com ele por
dois meses da temporada.
Essas problemas são fruto do calendário feito pela própria CBF em que os
campeonatos não param para partidas da seleção. Neste ano, serão afetadas 18
rodadas do Brasileiro por datas-Fifa.
Desde a apresentação para as eliminatórias, Everton Ribeiro, Gabigol e
Weverton ficarão um total de 44 dias com a seleção se o time for para a final.
Descontados aí dois dias de folga entre as duas competições. Os dois atletas
são dos maiores salários do Flamengo, o mesmo ocorre com Weverton no
Palmeiras.
Em seu artigo 41, a Lei Pele estabelece em seu primeiro parágrafo: "A entidade
convocadora indenizará a cedente dos encargos previstos no contrato de
trabalho, pelo período em que durar a convocação do atleta, sem prejuízo de
eventuais ajustes celebrados entre este e a entidade convocadora". Ou seja, a
CBF teria de pagar um mês e meio de salário da carteira dos dois jogadores.
Pela lei, os salários devem ser pagos inclusive quando o jogador voltar
contundido. Isso porque o período de convocação se estende até o atleta estar
apto a jogar. Pedro, que serviu à seleção olímpica, voltou com covid-19 e não
pode atuar pelo time. Teoricamente, ainda está a serviço da seleção até poder
jogar.
A confederação, no entanto, não paga nada, segundo apurou o blog. É o mesmo
tratamento dado ao Palmeiras que não tem salários pagos pela CBF nem de
Weverton, nem de jogadores da seleção olímpica e da base. A diretoria do
Flamengo já chegou a cobrar os valores, mas a entidade não mudou sua postura e
ignorou. Historicamente, a CBF descumpre a Lei Pelé. Dirigentes rubro-negros
entendem que o único jeito seria uma cobrança no STJD, mas não houve este
pleito.
Embora não pague pelos atletas, a CBF ganha bastante dinheiro ao utilizá-los.
Nas eliminatórias, seu contrato com a Globo prevê uma remuneração de US$ 2
milhões (R$ 10 milhões) por jogo em casa do campeonato. Na Copa América, cada
seleção recebe um total de US$ 4 milhões (R$ 20 milhões). Assim, o faturamento
mínimo no período é de R$ 30 milhões.
Caso o Brasil seja campeão da Copa América, o prêmio é ainda maior: US$ 10
milhões (R$ 50 milhões). Ou seja, a entidade pode faturar até R$ 80 milhões
neste período em que utiliza os jogadores dos times nacionais e
internacionais.
Questionada, a CBF não respondeu se repassa o dinheiro dos salários como
previsto em lei.
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Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/rodrigo-mattos/2021/06/19/cbf-nao-paga-salarios-de-atletas-do-flamengo-enquanto-fatura-com-selecao.htm
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF
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