Por Felipe Schmidt | GE: Classificado para a semifinal do Carioca e com
uma estreia da Libertadores em poucos dias, o Flamengo tratou abertamente o
clássico contra o Vasco como uma espécie de preparação para o duelo com o
Velez na próxima terça-feira.
A derrota por 3 a 1, em uma atuação muito abaixo do esperado, vai servir, pelo
menos de lição: tanto pelo teste que não funcionou como pelo alerta para o
restante da temporada.
Personagem nas horas pré-jogo devido a um imbróglio contratual, Arrascaeta não
jogou e abriu espaço para observações de Ceni. Como o técnico montaria o time
sem um de seus principais atletas?
A escolha por João Gomes mostrou a confiança do técnico no jovem, mas também
escancarou a falta de opções do treinador quando precisa de um substituto à
altura para o uruguaio.
Neste teste do Flamengo sem Arrascaeta, Gerson foi o escolhido para atuar mais
avançado. Mas a atuação do camisa 8 simbolizou bem o resultado: letárgico, ele
pouco tocou na bola no primeiro tempo e pareceu desconfortável atuando nas
posições em que precisou jogar: primeiro, na direita, tentando cair para
dentro, e depois como ponta na esquerda. Uma furada dentro da área do Vasco
resumiu tudo.
Ceni acabou mexendo na estrutura do Flamengo. Para avançar Gerson, acomodou
primeiro Everton Ribeiro na esquerda - experimento que não durou mais do que
15 minutos. O Flamengo sofreu com seus dois meias fora de posição e perdeu
fluidez ofensiva. Gomes ainda passou a atuar mais à frente, como armador, com
Diego como primeiro volante, praticamente num 4-1-3-2, mas também não
funcionou.
Vitinho vai bem
O Flamengo só melhorou no segundo tempo, quando Ceni voltou ao básico:
Vitinho, o jogador deste elenco mais próximo de poder substituir um dos meias,
entrou na função de Arrascaeta. Gerson e Everton voltaram para seus lugares, e
o time retomou o volume de jogo de outras partidas.
Não à toa, a equipe finalizou mais, criou algumas boas chances, e Vitinho foi
o melhor do time em campo. À medida que o tempo passou, porém, o repertório
acabou, e o Flamengo se limitou a cruzamentos. O Vasco teve o mérito de fazer
um gol cedo no primeiro tempo, ser muito eficiente nas chances que teve e
saber fechar bem os espaços na defesa.
Para o Flamengo, é melhor testar antes e saber o que funciona ou não antes de
um jogo de maior importância, como a estreia na Libertadores. A zaga, sem
Rodrigo Caio, com Bruno Viana, mostrou insegurança nas poucas estocadas
vascaínas e também necessita de atenção.
A questão maior, porém, é a de que o time não tem um substituto confiável para
Arrascaeta - muito porque Everton Ribeiro segue em fase ruim. A boa atuação de
Vitinho o credencia para uma eventualidade, mas o próprio Rogério Ceni já
afirmou que o jogador tem características diferentes.
Em tempos em que Arrascaeta e seu empresário divergem da diretoria quanto a
uma renovação, é difícil imaginar o Flamengo sem seu jogador mais criativo. No
primeiro teste sem ele, a maior lição foi saber o que não fazer.
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Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/analise-ensaio-pre-libertadores-do-flamengo-nao-funciona-e-ausencia-de-arrascaeta-e-sentida.ghtml
Imagem: André Durão