Vizeu diz que levou golpe de empresário e entra na Justiça contra agentes



Negociado por cerca de R$ 20 milhões para a Itália, o atacante Vizeu não ficou com um centavo da transação. Que o atleta não receberia a maior parte do pagamento, ele já sabia, pois 60% eram do Flamengo e 30% de empresários. Mas o jogador esperava receber os 10% restantes no pacote. A surpresa, no entanto, veio após a finalização da venda: quando o atacante descobriu que os 10% que achava serem seus, estavam nas mãos de um de seus principais empresários, havia quase dois anos.

Vizeu não acreditou quando encontrou em casa um documento que dizia exatamente isso: que ele havia cedido os direitos do restante de seu passe, por R$ 102 mil, para a empresa que administrava sua carreira, a Brazil Football LTDA.

Um restante que passou a valer R$ 2 milhões com a venda para a Udinese e pelos quais o jogador está entrando na Justiça para tentar reconquistar.

Essa história é contada por ele num processo aberto no último dia 9 contra a empresa, na 7ª Vara Cível da Barra da Tijuca, ao qual a reportagem teve acesso.

O blog entrou em contato com os advogados da empresa, mas eles disseram que não iriam se pronunciar.

Para entender

Na inicial, Vizeu alega ter sido "ludibriado" pelo seu próprio agente que o teria enganado fazendo-o assinar a cessão de seus direitos em meio a diversos outros documentos.

Para tentar comprovar a situação, alguns elementos foram incluídos, mas um deles, o principal. No mesmo dia em que assinou o documento, Vizeu vendeu, de fato, outros 10% para uma empresa que foi trazida para o negócio justamente pela Brazil Football, a HW Sports. No entanto, enquanto a primeira pagou os R$ 102 mil, a segunda, pagou R$ 519 mil, valor considerado justo e que não é contestado pelo atacante.

Embora estivesse assinando uma "cessão de direitos" - que Vizeu alega não ter sido explicada - o atleta achava que o documento era a formalização de uma ajuda de custo e auxílio moradia que seu agente lhe transferia quando ele ainda não tinha condições de se sustentar com o futebol.

"Ademais, como se comprova pelos documentos em anexo, o atleta receia mensalmente os valores do Réu desde muito antes de ter sido induzido a ceder 10% de seus direitos econômicos, SENDO CERTO QUE O RÉU SE APROVEITOU DESTE ACERTO VERBAL PARA PARECER QUE O QUE PAGAVA, AO INVÉS DE AJUDA DE CUSTO, REFERIA-SE À CESSÃO DOS DIREITOS ECONÔMICOS, O QUE NÃO É VERDADE!" (grifos do processo), escreveram os advogados do escritório Bittencourt e Barbosa, que representa o jogador, na ação.

Vizeu também lembra que neste mesmo dia estava comprando seu primeiro apartamento, no Recreio dos Bandeirantes. E o dinheiro desta venda que ele reconhece (R$ 519 mil) foi usado imediatamente para adquirir o imóvel.

A defesa do atleta afirma que a compra do imóvel e as assinaturas dos documentos em série ocorreram no dia 30 de março de 2016. No entanto, ao vasculhar os papéis que têm consigo, agora, Vizeu percebeu que embora tenha assinado tudo na mesma data, o contrato da cessão dos 10% foi feito com data retroativa, de 1º de janeiro de 2016.

O dia 1º está bem nítido na memória de Vizeu, pois foi a data em que embarcou com o Flamengo para a Copa São Paulo de Futebol Júnior, competição que acabaria vencendo, recebendo também o título de melhor jogador. E ele afirma não ter assinado nada neste dia.

Reconhecimento de firma

Os advogados de Vizeu apontam para um detalhe importante. Embora os empresários acusados tenham juntado um contrato assinado em 1º de janeiro, o mesmo que o jogador afirma ter assinado em 30 de março, os documentos (incluindo a venda dos R$ 519 mil que ele reconhece) foram todos reconhecidos em cartório no dia 4 de abril.

"Por fim, a própria identidade gráfica e de conteúdo dos contratos de cessão de direitos econômicos firmados com o Réu e com a HW Sports demonstram que ambos foram confeccionados - e assinados - na mesma época, sendo este mais um elemento que corrobora com a afirmação", apontam os advogados na ação.

No processo, a defesa pede a anulação da transação, alegando que o atleta fora enganado pelos agentes. A primeira audiência está marcada para dia 15 do mês que vem.

Comunicação ao Flamengo

Um segundo documento referente aos 10% também foi juntado ao processo, a comunicação ao Flamengo, assinada por Vizeu, de que a Brazil Football estava adquirindo o percentual. Este documento também foi assinado e datado do dia 30 de março de 2016, o que engrossa a tese de que tudo foi feito num só dia, afirma a defesa.

"apesar de datado de 1º de janeiro de 2016, a "declaração e autorização" informando o CR Flamengo das supostas cessões somente foi datado em 30 de março".

Brazil Football aciona o Flamengo

Em paralelo, a Brazil Football também entrou com uma ação contra o Flamengo. A reportagem também teve acesso a esta ação, que corre na 6ª Vara Cível da Barra da Tijuca.

Nela, a empresa não entra no mérito da compra dos direitos de Vizeu. O processo visa somente fazer com que o Flamengo deposite nas contas da empresa, os 10% (cerca de R$ 2 milhões) que serão pagos pela Udinese.

Fonte: http://www.espn.com.br/blogs/gabrielamoreira/753389_vizeu-diz-que-levou-golpe-de-empresario-e-entra-na-justica-contra-agentes








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