Reforços parcelados explicam fôlego do Flamengo durante pandemia



O números, à primeira vista, podem assustar. Apenas com os reforços nesta temporada, o Flamengo se comprometeu a gastar R$ 151,3 milhões. Em relação a 2019 restam ainda R$ 149,3 milhões a pagar de um investimento total de R$ 249 milhões. Em 2018, a conta ainda aponta R$ 61,9 milhões a saldar. Mas o fato de ter reforços a bancar ainda da temporada retrasada explica um dos motivos do fôlego do Flamengo em meio à pandemia do coronavírus. A prática de parcelar os investimentos nos atletas é uma linha a seguir no comando das ações do departamento de futebol. Permite investimentos na sequência dos anos e segurar as rédeas em momentos de crise, como o atual.


Exceto a renovação com o técnico Jorge Jesus, o Flamengo não pretende abrir nenhuma outra frente de negociação enquanto a situação da economia mundial não indicar ao menos um caminho mais seguro a seguir.

No balanço financeiro referente a 2019 divulgado nesta semana, o clube confirma que assinou compromissos para adquirir, por exemplo, Gabigol por 16,5 milhões de euros junto à Inter de Milão e pagar 7,5 milhões de euros ao Goiás por Michael.

Embora não detalhe no documento essas ações no mercado de forma tão profunda, os pagamentos serão feitos em parcelas.

O alto investimento no artilheiro do bicampeonato da Libertadores será longo, com impacto reduzido nas finanças ano a ano, em um contrato válido até 2024. Mesmo Michael está parcelado: os 7,5 milhões de euros pelos 80% de direitos do atacante serão quitados em três parcelas iguais. A primeira, já paga, foi em 5 de fevereiro. A segunda será em 15 de julho, enquanto a terceira em 25 de janeiro de 2021.


Mesmo que o balanço seja referente a 2019, no documento constam apenas para registro as transferências de 2020, como as de Gabigol, Michael, Léo Pereira, Thiago Fernandes - reforço junto ao Náutico que seguiu para a base - e a renovação de Renê, com R$ 5,6 milhões a pagar ao Sport, de quem o Flamengo contratou 50% dos direitos do lateral em 2017.

Na conta rubro-negra restam ainda reforços antigos, como Vitinho, que chegou do CSKA em 2018, Piris da Motta (San Lorenzo) e outros de 2019, casos de Arrascaeta, Bruno Henrique e Rodrigo Caio. Além de comissões nas transferências destes atletas, o Flamengo escalonou não só os direitos econômicos, mas também pagamentos de luvas de jogadores que chegaram em fim de contrato, como Rafinha e Filipe Luís.

O lateral-esquerdo, inclusive, aceitou receber parte dos valores apenas nesta temporada para o clube não estourar o orçamento que tinha planejado no último ano. No meio do maremoto da crise do coronavírus no mundo, a diretoria realizou o chamado "teste de estresse" em um cenário com três meses de temporada suspensa. É o prazo que o clube acredita ser possível esticar a corda sem grande impacto.

A preocupação é com um período mais longo de inatividade com tantas contas pesadas a pagar.


"O Flamengo honra seus pagamentos em dia e a expectativa é continuar assim. Claro que a gente tem os mais diversos cenários, estuda formas de continuar honrando os compromissos, mas a gente não controla esses cenários. Por exemplo, se tivermos uma paralisação extremamente longa alguma coisa vai ter de ser feita porque acho que nenhum clube teria condições de manter o pagamento integral dos seus jogadores. Seria totalmente impossível", disse o presidente Rodolfo Landim em entrevista à FlaTV.

A possibilidade de o tempo de inatividade no cenário da pandemia durar mais de três meses é mais preocupante do que a instabilidade cambial. Este é um fator que complica apenas novos negócios, como a renovação de Jorge Jesus.

Aos já concretizados, o clube acredita ter condições de navegar sem grandes tempestades. Gabigol, por exemplo, teve cerca de 90% dos seus direitos adquiridos em janeiro por 16,5 milhões de euros, o equivalente a R$ 76,6 milhões na cotação da época, com a moeda europeia a R$ 4,64.

Atualmente, com o euro cotado a R$ 5,72, a conta subiria consideravelmente: R$ 94,4 milhões.


Gerson foi contratado em julho de 2019 junto à Roma por 11,8 milhões de euros. À época, o câmbio indicava um valor de R$ 49,7 milhões. Hoje o valor seria de R$ 67,5 milhões. No balanço fechado pelo Flamengo em 26 de março, ou seja, há uma semana, o clube apontava um total de R$ 64,8 milhões na transação do meio-campista. O montante será pago até o fim do contrato do atleta, em 2023, e a Roma tem direito a 10% de uma eventual negociação futura. Reflexo direto de um mundo em crise e com total instabilidade das moedas.

"A Administração entende que o risco de exposição a moeda estrangeira não é relevante frente a posição patrimonial e financeira", diz um trecho do balanço divulgado pelo clube.

O passivo do Flamengo em moeda estrangeira corresponde atualmente a 8% do total. O endividamento do clube aumentou em relação a 2018: de R$ 287 milhões a R$ 338 milhões. O salto, no entanto, já era esperado e chegou a ser avisado publicamente pelo presidente Rodolfo Landim, justamente por conta das inúmeras contratações na última temporada.

A auditoria responsável pelo documento - Ernst & Young - indica que a gestão financeira segue consistente e exemplifica que uma linha de crédito bancário pré-aprovada de R$ 40 milhões para uma eventualidade não foi utilizada.


Fonte: https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/6813618/flamengo-reforcos-parcelados-explicam-folego-durante-pandemia

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