Vítor Pereira começou seu trabalho como técnico do Flamengo no início da temporada,
porém sua passagem pelo clube foi tumultuada. Além das críticas recebidas
devido a algumas decisões em campo, o treinador português deixou o comando da
equipe pouco mais de três meses após sua chegada, sem conquistar nenhum
título.
Em uma entrevista ao jornal português Record, VP recordou sua passagem pelo
Rubro-Negro e fez declarações enfáticas, incluindo a crença de que, em sua
opinião, o clube carioca não estava preparado para vencer o Mundial de Clubes.
"A passagem pelo Flamengo foi muito curta, para se ver um trabalho ou
resultados mais profundos de um trabalho que tem que ser feito. Um elenco
tem que ser renovado e com gente em determinados setores e não foi possível
esse trabalho. Foi um trabalho muito curto e, infelizmente, com muitos
títulos imediatos para discutir quando ainda não havia um trabalho sólido,
trabalho este que deveria ser feito do ponto de vista tático e mental
também. Para mim foi realmente decepcionante no sentido em que os resultados
não surgiram de imediato e o projeto acabou de forma prematura".
Durante sua passagem, Vítor Pereira comandou o Flamengo na Supercopa do
Brasil, Recopa, Campeonato Carioca, além do Mundial de Clubes. Contudo, não
obteve sucesso em nenhuma dessas competições. O treinador foi sincero ao
revelar qual derrota o afetou mais.
"Essencialmente o que senti foi saber claramente o que era preciso
corrigir, como deveríamos nos preparar para as finais que jogamos, mas
infelizmente o tempo foi muito curto e não nos permitiu chegar consistentes,
com as coisas já solidificadas. Os jogos foram uns atrás dos outros, e eu
sabia quando assumi o Flamengo que corria esse risco enorme em um grande
clube com uma massa muito grande. Sabia que o tempo era curto, sabia das
finais todas, umas perdemos pois não estávamos preparados. De fato, o
adversário foi melhor. Outras por pormenores",
começou por dizer.
"A do Palmeiras (Supercopa), um jogo muito aberto, descontrolado, não como
eu gosto e que poderia ter dado para eles, como poderia ter dado para nós e
que foi decidido por um pormenor do VAR que validou um gol irregular. Essa
final foi decidida dessa forma. O Mundial de Clubes, apesar da expectativa
de todos, torcedores e imprensa, não estávamos preparados para ganhar o
Mundial de Clubes. O Real Madrid está em outra dimensão e o jogo com o Al
Hilal, para mim, foi um jogo com uma arbitragem vergonhosa, que não nos
permitiu sequer chegar à final. Portanto, um jogo com duas expulsões, dois
pênaltis, muita coisa contra nós. A Recopa Sul-Americana acho que foi uma
injustiça muito grande pois fomos superiores ao Independiente Del Valle. No
jogo em casa poderíamos ter ganhado por uns três ou quatro, fomos a pênaltis
e nos pênaltis perdemos a Supercopa",
prosseguiu.
"No Cariocão, ganhamos o primeiro jogo por 2 a 0 contra o Fluminense com
todo o mérito, já o segundo jogo talvez tenha sido a maior vergonha da minha
carreira. De fato, o que nós fizemos foi inexplicável, foi uma coisa que até
a mim me surpreendeu. Faltou tudo. Nos faltou determinação, faltou querer,
faltou-nos mentalidade, nos faltou consistência tática, confiança, nos
faltou tudo. Agressividade, talvez a maior tristeza seja mesmo essa. A maior
desilusão porque não deveria ter acontecido. E sinceramente, me senti
envergonhado com aquele jogo", complementou.
Por último, o treinador português ainda revelou como lidou com as críticas
recebidas durante a sua curta passagem pelo Flamengo e "deixou de lado" a
polêmica pela sua contratação, após o clube carioca não chegar a um acordo
pela renovação com Dorival Jr., que deixou o comando do clube.
"Os treinadores têm que saber conviver com as críticas. Quem gosta de ser
elogiado, tem que saber também conviver com a crítica, e quando não há
resultados, vêm as críticas. As pessoas não avaliam os trabalhos, elas
avaliam os resultados em primeiro lugar e depois a profundidade do trabalho,
do que se fez, ou o que se estava tentando construir e, portanto, isso nunca
é avaliado. Mas tenho eu e os outros treinadores, de estar preparados para
as críticas. Se eu vivesse em função das críticas ou dos elogios, eu não
construiria a carreira que tenho, nem os títulos que já ganhei e que
ganharei no futuro",
disse.
"Eu sempre assumi as minhas responsabilidades, sempre. Os meus erros, as
minhas boas decisões e as minhas decisões ruins. Isso, todos os treinadores
do mundo as tomam, já que não existem pessoas que não cometam erros. Agora,
os erros têm que ser sempre assumidos por todo mundo. Nas vitórias e no
momento das derrotas todos têm que ser capazes, treinadores, jogadores,
dirigentes tem que ser capaz de assumirem as suas responsabilidades. Têm que
entender onde falharam, fazer uma autorreflexão para que o futuro seja
diferente. E eu não fujo as minhas responsabilidades nunca", prosseguiu.
"Com relação a essa situação (Dorival Jr.), eu não tive nada a ver com ela
como deve calcular e essa é uma questão que tem de ser colocada à direção do
clube, que decidiu mudar de treinador. Também tem que ser perguntado aos
jogadores para entender se teve impacto ou se não teve, como sentiram as
coisas. Eu não tive nada a ver com isso. Fui convidado para treinar o
Flamengo, refleti e entre o projeto desportivo e estar fora do meu país e da
minha família, perceber se valeria a pena ou não. Optei por ir para o
Flamengo. Mas eu não tenho nada a ver com a decisão do clube em mudar de
treinador".
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