ESPN:
Em 21 de agosto de 1981, no Serra Dourada, em Goiânia, Flamengo e Atlético-MG
disputaram pela Conmebol Libertadores uma partida que sequer 'terminou' e
ficou marcada na história de duas maneiras distintas. Para os rubro-negros,
ela foi especial pois classificou o time para a segunda fase da competição
continental à época, culminando posteriormente no título, enquanto os
atleticanos se lembram com revolta.
Isso porque, depois de expulsar cinco atletas do clube mineiro, o árbitro José
Roberto Wright deixou o Galo com apenas seis em campo, o que forçou o fim do
jogo por falta de jogadores no lado alvinegro. Na ocasião, os dois rivais
disputavam a partida de desempate, depois de terminarem empatados no grupo 3
da competição em pontos (8) e com campanhas semelhantes.
Em entrevista ao podcast Reis da Resenha, da Jovem Pan Esportes, no Youtube,
Zico, que esteve em campo na ocasião, contou os bastidores do confronto e,
inclusive, revelou o que ouviu de Wright antes de o árbitro começar a
distribuir cartões vermelhos para os jogadores do Atlético. O primeiro expulso
foi o atacante Reinaldo, aos 33 minutos da etapa inicial, após entrada dura no
camisa 10 do Rubro-Negro.
"Não, nenhum motivo (para os atleticanos dizerem que Wright decidiu o jogo), e
nem eles têm que achar que a gente ficou feliz com aquilo. Fizemos dois jogos
maravilhosos, Flamengo e Atlético, tanto em Belo Horizonte quanto no Rio de
Janeiro, ambos foram 2 a 2, jogaços. Quem ganhasse aquele jogo seria, com
certeza, o campeão da Libertadores pelos outros times que a gente via por
ali", começou por dizer.
"Aconteceu uma coisa que eu nunca vi em 50 anos de futebol que eu tenho. Um
juiz chamar os dois times, chamar os capitães para poder 'vai lá falar para o
time de vocês que a primeira falta que alguém fizer por trás, eu vou expulsar,
não tem mais cartão amarelo'. Porque o jogo estava pau daqui e dali, jogavam
bola, mas estava violento. 5 minutos depois que o jogo reiniciou, o Reinaldo
me dá uma tesoura por trás, eu olhei e falei 'p***, poderia ser todo mundo,
menos você, cara'. Eu estava no campo do Flamengo ainda, se eu estivesse lá
perigando, mas ali não. E aí ele (Wright) expulsou. Ele avisou. E nós,
capitães, que eram eu e o (Toninho) Cerezo, ou o Chicão, não sei, avisamos. O
jogo parou para a gente falar com os nossos jogadores, eu nunca vi isso. E aí
depois tem uma falta ali, o cara fala coisas ali dentro do campo que, se
tivesse leitura labial, aí o pessoal daria razão para ele", prosseguiu.
Sobre as expulsões dos jogadores atleticanos, Zico também foi sincero sobre os
cartões vermelhos mostrados para Reinaldo, Éder, Chicão, Palhinha e Osmar
Guarnelli.
"Mereceram. Os três primeiros, os outros dois não, já foram para não ter mais
jogo mesmo, aí é diferente", disse, antes de concluir.
"Irrita porque não foi isso que fez o Flamengo ser campeão (da Libertadores).
E o Wright tem um lance Bangu x Fluminense, que muita gente dizia que ele era
tricolor, que um pênalti claríssimo do Vica no Cláudio Adão, no último minuto
de jogo, o Fluminense estava ganhando de 1 a 0, ele não deu, mandou seguir o
jogo e, até hoje, falam que ele favoreceu o Fluminense. Ele estava apitando
naquele período em outro estado, não no Rio de Janeiro. Ele não era um árbitro
do Rio de Janeiro", finalizou.
Após levar a melhor sobre o Atlético-MG, o Flamengo avançou para a segunda
fase, terminando na liderança do grupo 1, à frente de Deportivo Cali (COL) e
Jorge Wilstermann (BOL) e, na decisão, levou a melhor sobre o Cobreloa (CHI)
em dois dos três jogos finais e conquistou o seu primeiro título da
Libertadores.
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Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF/Gazeta Press