O Globo:
O ano de 2019 é uma benção e uma maldição no Flamengo. Claro, os rubro-negros
festejarão para sempre as conquistas da melhor fase do time neste século. Por
outro lado, desde que Jorge Jesus foi embora, o clube tenta se livrar dos
tentáculos deixados pelo português sobre a Gávea, o Ninho do Urubu e a
arquibancada do Maracanã. Ironicamente, enquanto busca se distanciar dessas
boas memórias para se restabelecer como a equipe mais forte do país, o Fla
pode justamente repetir o roteiro daquela temporada, quando trocou os pneus
com o carro em movimento.
O primeiro ano de Rodolfo Landim na presidência começou com um projeto do
zero. O escolhido para tentar afastar de vez o "cheirinho" foi Abel Braga, que
já em um primeiro momento contou com reforços de peso como Gabigol,
Arrascaeta, Bruno Henrique e Rodrigo Caio. Mas o time não decolou e, após
resultados ruins e desempenhos piores, o técnico pediu o boné. Abriu, então, o
caminho para Jorge Jesus.
Em 2022, o segundo mandato de Landim também começou com um projeto novo.
Depois dos vice-campeonatos com Renato Gaúcho, apostou-se em Paulo Sousa,
ex-seleção polonesa. Mas o embate entre expectativa e realidade se provou
desolador e abriu o caminho para uma nova mudança. Se antes trocara um
brasileiro por um português, neste ano o rubro-negro fez o contrário e
escolheu Dorival Júnior para tentar salvar a temporada. Por ora, a
substituição se mostra positiva.
Assim como Jesus deu resultado rapidamente, Dorival entrega respostas rápidas.
Em menos de um mês, o nível das atuações subiu e o time se classificou às
quartas de final da Libertadores e da Copa do Brasil com partidas convincentes
diante de Tolima e Atlético-MG, respectivamente.
O deslanche de Jesus em 2019 se deu com novos reforços de peso: Rafinha e
Filipe Luís para as laterais, Pablo Marí na zaga e Gerson no meio-campo. Três
anos depois, o rubro-negro arquiteta um mercado de transferências também
robusto. Já oficializou as chegadas do meio-campista Arturo Vidal e do
atacante Everton Cebolinha, que devem estrear na próxima semana. Ainda tenta
concluir os negócios pelo volante Walace, hoje na Udinese, e pelo
meio-campista Wendel, do Zenit. E não descarta acertar com mais um atacante e
um lateral-direito.
Os rubro-negros mais perspicazes já perceberam que, para retornar aos títulos,
o Flamengo precisa se desprender de 2019. Ironicamente, porém, o futuro pode
repetir o passado. Se o desfecho for o mesmo daquela ocasião, os torcedores
certamente não irão reclamar.
VEJA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Imagem: Divulgação
Deixe seu comentário