Extra:
O Flamengo revive um drama de cinco anos atrás com os seus goleiros. E parece
não ter aprendido a lição da era Alex Muralha. Solução contratada às pressas
em 2017 para substituir o então colega que falhava muito, Diego Alves teve o
contrato renovado, mas foi descartado antes da maturação completa do jovem
Hugo, alçado como solução definitiva a partir de 2020, ao furar a fila de
outros jovens como estratégia do próprio clube.
Após uma grande atuação contra o Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 2020,
Hugo caiu nas graças da torcida rubro-negra, e passou a ser a primeira opção
do catalão Doménec Torrent quando Diego Alves não podia atuar, passando de
quarto a segundo goleiro.
Na ocasião, houve um movimento interno em que o técnico teve o aval da
diretoria para fazer a aposta. Tanto do vice de futebol Marcos Braz e do
diretor Bruno Spindel, como do gerente de transição, Carlos Noval. Os crias do
Ninho, César e Gabriel Baptista, que tinham mais rodagem, foram emprestados
posteriormente.
Com um histórico de convocações para seleções de base e até para um treino da
seleção de Tite, Hugo era reconhecidamente um goleiro que chamava atenção no
Flamengo por sua agilidade, apesar da estatura, e bom posicionamento. E tinha
deficiência nas jogadas com os pés trabalhadas na base desde a era Jorge
Jesus, em 2019. O goleiro atendeu bem aos chamados de emergência em 2020, mas
após a chegada de Rogério Ceni, o veterano Diego Alves reassumiu o posto até
sofrer novamente com lesões.
Hugo estreou sob o comando do novo treinador com falha nas quartas de final da
Copa do Brasil, diante do São Paulo, e acendeu o primeiro alerta. A partir
daí, oscilou, mas terminou o Brasileiro campeão e titular, com 27 partidas.
Falhou até na última, contra o São Paulo, em todas elas jogando sem torcida,
realidade que mudou com o fim da pandemia. No ano passado, seguiu atuando, mas
bem menos, 13 vezes no total já na era Renato Gaúcho. Com sua liderança
preservada, Diego Alves teve o contrato renovado pela diretoria por mais uma
temporada em meio a uma série de problemas físicos em sequência.
Com a contratação de Paulo Sousa, o técnico português trouxe o preparador de
goleiros Paulo Grilo e o Flamengo demitiu o seu, Wagner Miranda, que já não
tinha boa relação com Alves. Diante de uma nova linha de treinamentos,
optou-se por investir em Hugo de uma vez e descartar o camisa 1, que se
apresentou abaixo do nível físico e técnico. Esse processo foi visto
internamente como de pouca habilidade por parte da nova comissão técnica. Por
se tratar de um ídolo, o esperado era que a transição acontecesse aos poucos,
até para facilitar a vida de Hugo.
Hoje, o jovem de 23 anos está mais pressionado do que nunca. Visto como um
goleiro em formação, Hugo assumiu uma responsabilidade como se estivesse
totalmente pronto. Ao notar que o jogador não estava, o Flamengo investiu
quase R$ 20 milhões na contratação de Santos, do Athletico-PR. O goleiro mais
experiente jogou apenas quatro partidas e se lesionou com gravidade. Dois anos
depois da acensão de Hugo em um cenário de comoção, pouco tempo após a morte
do pai, o cria do Ninho não corresponde da mesma forma, e no momento não tem
substituto para permitir que ele cresça na posição e evolua de forma gradativa
no Flamengo.
VEJA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Imagem: Divulgação
Tags
Hugo Souza