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O Flamengo deu uma aliviada na turbulência vivida nos últimos após realizar
uma das principais partidas em termos técnico e tático diante do Talleres-ARG,
na noite passada, pela segunda rodada do Grupo H da Libertadores. O time de
Paulo Sousa venceu por 3 a 1, no Maracanã, e apresentou ideias animadoras
visando a sequência da temporada, apesar de não evitar falhas já
conhecidas.
O posicionamento de Everton Ribeiro, possivelmente, foi a grande cartada de
Paulo Sousa contra os argentinos, que optaram por iniciar o jogo com as linhas
altas, abafando a saída de bola. O Fla aproveitou e construiu bem de trás,
tanto que o primeiro gol saiu com o camisa 7 recebendo entre as linhas e dando
ritmo ao ataque, até Arrascaeta sofrer pênalti - convertido por Gabi.
Pela meia direita, Everton Ribeiro teve liberdade para flutuar, mais próximo a
Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique, e teve um rendimento digno de seus
melhores dias pelo clube. O Mister disse que prioriza os jogadores técnicos em
campo, independente das funções:
- Tirando os primeiros jogos do Everton Ribeiro na esquerda, numa ideia de
construção de sistemas e dinâmicas que sempre entendi e falei várias vezes com
ele da importância de ter jogadores de qualidade técnica em todos os espaços
do campo, vejo importante ter esses jogadores seja na direita, seja na
esquerda. Não é a primeira vez comigo que os quatro jogam nas mesmas posições
de hoje. Elas já aconteceram - falou Paulo Sousa, na entrevista coletiva.
O treinador, aliás, elogiou a distribuição de Willian Arão nas saídas de bola
(foi dele o passe, citado acima, para Everton Ribeiro na construção do
primeiro gol).
E dá para dizer que ocorreu fluidez na construção desde a defesa, seja com
passes longos ou por baixo, algo que não vinha ocorrendo e que serviu de
alento.
As estocadas de Bruno Henrique, quando atuou mais aberto (e por vezes revezou
com Arrascaeta no corredor esquerdo), também foram um ponto alto da atuação
rubro-negra contra o time de Córdoba, que não conseguiu neutralizar os
primeiros minutos de boa intensidade e verticalidade do Fla para atacar. As
movimentações do uruguaio e do ER7 foram fundamentais para isso,
diga-se.
O QUE PRECISA EVOLUIR
Paulo Sousa ratificou que as suas convicções, como saída de três, dois
volantes e jogadores sempre ocupando as alas, serão mantidas até "cristalizar
essas dinâmicas". Mas o treinador também admitiu que, ao longo do processo,
serão essenciais alternâncias de modelo de jogo a fim de surpreender os rivais
- levando em conta o equilíbrio do Brasileiro e das fases mais afuniladas de
Libertadores e Copa do Brasil, por exemplo:
- Essa é uma equipe que tem desenvolvido dinâmicas com e sem bola nas
transições com princípios bem fortes. Vamos seguir a trabalhar neste sentido,
porque temos convicções para cristalizar essas dinâmicas. Depois disso,
certamente teremos sistemas alternativos que nos permita surpreender os
adversários seja de início ou durante o jogo.
Também vai ser importante que um dos volantes, seja quem for, conduza melhor
as bolas na transição ofensiva. Hoje, ainda há um vácuo na função, tendo em
vista que o pedido de Paulo Sousa por um meio-campista "box-to-box" não foi
atendido na janela de transferências recém-encerrada.
Além da necessidade do ajuste fino na posição dos volantes, que têm deixado
espaço à frente da área num time ainda descompactado, outra lição que o
rendimento de ontem deixa é que o time precisa encontrar melhores soluções
para ser criativo quando os times baixam as linhas de marcação, algo destacado
por Sousa na coletiva.
- Já falamos que precisamos melhorar quando equipes baixam (as linhas) e
retiram possibilidades ao nosso jogo e mobilidade. Temos que encontrar
soluções com a qualidade que os nossos jogadores têm.
Agora, há quatro dias de preparação para o próximo jogo, que será contra o São
Paulo, neste domingo, pela segunda rodada do Brasileiro, no Maracanã. É
inegável que o astral no Flamengo muda com o que foi visto de evolução, mas a
cautela se mostra imprescindível em meio à busca pelo resgate da
confiança.
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Imagem: Gilvan de Souza
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