Por Rodrigo Mattos | Uol:
Com adesão de 40 times, das Séries A e B, Liga de clubes foi anunciada no meio
de 2022 para organizar o Brasileiro. Depois disso, houve uma discussão feia em
uma reunião que esfriou a união. Mas propostas financeiras para comprar os
direitos futuros da Série A esquentaram novamente a organização.
Em fevereiro, a Codajas e a LiveMode/1190 apresentaram propostas para uma
parceria com a Liga. Havia modelos diferentes. A Codajas queria formatar a
estrutura da organização e fazia a promessa de captar dinheiro no mercado por
meio do BTG. A LiveMode/1190 informou ter uma garantia de investimento de US$
800 milhões por 20% da liga, embora sem apresentar o investidor.
Depois disso, os clubes debateram as propostas, mas não de forma organizada. A
Liga tem funcionando de forma fragmentada com grupos de clubes que se reúnem e
têm interesse em comum.
Neste cenário, a Codajas apresentou sua proposta presencialmente para os cinco
clubes paulistas, Corinthians , Santos, Palmeiras, São Paulo e Red Bull
Bragantino . O Flamengo também recebeu a mesma apresentação. Os seis clubes
assinaram um acordo não vinculante para formatar a liga.
Pelo acordo, a Codajás tem seis meses para criar o estatuto, a governança da
Liga enquanto o BTG procura por investidores para comprar um percentual da
Liga. Nesta estrutura, estará definido como funcionará o poder da Liga e da
organização do Brasileiro. E também como será a divisão de dinheiro dos
direitos.
A Codajas procurou outros clubes e o Atlético-MG é descrito como próximo de
aderir ao acordo. É provável a marcação de reuniões com outros clubes das
Séries A e B, como o Internacional e Botafogo. O Fluminense está reticente de
aderir. A empresa também mantém diálogos com os times médios.
Os outros clubes dez clubes da Série A souberam do movimento do acordo e se
sentiram excluídos das decisões. Por isso, optaram por fundar o movimento
Futebol Forte - seus integrantes são América-MG, Atlético-GO , Athletico,
Avaí, Ceará, Coritiba , Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude. A intenção
prioritária não é um racha na liga: é, sim, ter força na negociação dentro da
organização.
Nos bastidores, os dirigentes deste grupo alegam que não ficou claro que os
grandes visaram os interesses coletivos se assinaram um acordos sem avisa-los.
O entendimento deles é de que, no momento, não há nenhuma liga de fato
formata. Não há composição definida, nem conversas online frequentes.
Essa tese é confirmada por um dirigente de clube que diz que as discussões se
tornaram fragmentadas, com grupos menores e não todos os 20 times. Por isso,
os dez clubes agora passam a ter um bloco. Há previsão, inclusive, de um
encontro com a Codajás para ouvir a proposta deles para a Liga. Neste caso, se
houver, a adesão só vai ocorrer em bloco.
Há na queda-de-braço entre o grupo "Forte Futebol" e Flamengo e paulistas do
outro lado um pano de fundo: a divisão futura de dinheiro do Brasileiro.
Dentro dos dez clubes, há quem defenda uma divisão igualitária de recursos.
Entre os clubes grandes, a divisão igualitária é vista como inviável.
Pelo menos dois cartolas de times que assinaram com a Codajás viram com
desconfiança o movimento dos dez clubes. Primeiro, entendem que o movimento
pode não prosperar.
Além disso, há a análise entre dirigentes desses times de que, se houvesse um
racha na liga, poderiam negociar em separado e manter a diferença de dinheiro
atual, ou maior por conta da Lei do Mandante.
Mas, no momento, não há conversa sobre o racha. Todas as fontes de clubes
ouvidas disseram priorizar a formação da Liga de forma integral com os 20
times da Série A. Essa realidade, no entanto, depende de uma resolução para a
disputa de poder que se instaurou entre os clubes.
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Imagem: Divulgação
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