Uol:
Em seus primeiros dias no comando do Flamengo, Paulo Sousa já deu sinais de
como será seu trabalho no clube. O técnico português adotou algumas medidas
rígidas, como antecipar o horário dos treinos, multa em caso de atraso e os
jogadores almoçando juntos e sem usar o celular. Resta saber como elenco vai
reagir às regras e ao lado exigente do treinador.
Na Live do Flamengo , programa do UOL Esporte com as últimas novidades do
Mengão, os jornalistas Renato Maurício Prado e André Rocha analisaram os
primeiros dias de Paulo Sousa à frente do time e se a linha dura do técnico
dará certo.
"Acabou aquele negócio de treino só à tarde e jogador chegar em cima da hora.
O Paulo Sousa adotou uma série de medidas típicas do profissionalismo europeu.
Muitas delas haviam sido usadas por Jorge Jesus, que depois flexibilizou aqui
e ali. Acho muito salutar esse choque de profissionalismo no Flamengo, que vem
de um treinador que é exatamente o contrário disso. Renato Gaúcho deixava tudo
muito solto. Estou otimista, mas fico pensando como isso vai bater na cabeça
dos chamados 'gatos gordos' do elenco", comentou Renato.
Rocha também aprovou as medidas adotados pelo treinador, mas fez uma ressalva:
a rigidez precisa estar acompanhada de bons resultados em campo para não ser
questionada depois. "Tem que ver como será isso na prática. Veremos com a
sequência de jogos. No Flamengo, Paulo Sousa precisa do mesmo que qualquer
treinador no mundo. São os dois 'erres mágicos', que são respaldo e resultado.
Ele precisa desses dois para ter um retorno disso e poder seguir essa
sequência de trabalho. É algo que precisaremos acompanhar no dia a dia",
apontou o colunista do UOL.
Renato demonstrou uma certa preocupação com a questão levantada por Rocha, mas
considera correta a atitude de Paulo Sousa cobrar uma postura mais
disciplinada do elenco rubro-negro. "Só fico receoso porque é uma mudança bem
radical de tudo o que o Flamengo fazia. Em um primeiro momento, todo mundo vai
fazer e apoiar. Mas tem que ter resultado. Se por acaso ele não vier logo, vai
começar a ter gente dizendo 'ah, não quero fazer isso'. De uma maneira geral,
ele está certo. Está trazendo um profissionalismo europeu, e é o que você
espera ao trazer um técnico de lá. Não pode buscar um técnico na Europa e
achar que vai dar um jeitinho", avaliou.
Para Rocha, uma das questões mais importantes trazidas pelo técnico português
pode passar despercebida para muitos: o cuidado com a alimentação dos atletas.
"Desde o livro do Guardiola [Guardiola Confidencial] vemos a importância que
os grandes treinadores do mundo dão à alimentação, que é um fator primordial
para a recuperação do atleta, que precisa começar assim que o jogo acaba par
ele ficar pronto para atuar dali a três, quatro dias. Isso que o Paulo Sousa
está tentando impor não é nada mais do que o básico dentro do profissionalismo
para ter o alto rendimento", destacou.
No começo, Renato olhou desconfiado para a ideia de reunir os jogadores para
que fizessem todas as refeições juntos, mas mudou sua visão. "Quando vi essa
história de jantar após os jogos, fiquei meio ressabiado. Se perde, como vai
ser o clima desse jantar? Mas há esse componente da recomposição e a refeição
será com elementos para repor as energias e evitar que o jogador saia do
Maracanã e vá comer em um Mc Donald's. Sabemos que jogadores fazem isso. Faz
um certo sentido", disse o colunista do UOL .
Se o Flamengo pretende se manter no topo e entrar firme na disputa por
títulos, precisa de disciplina e profissionalismo, como reforçou Rocha. "A
questão do celular é um pouco mais discutível e subjetiva. O Jorge Jesus
também começou com isso, mas desistiu. Mas a alimentação é primordial. Não tem
muito o que falar sobre isso. É o básico do profissionalismo de quem quer
competir em alto nível em duas, três competições como o Flamengo querem. É o
que se faz no mundo e o clube tem que seguir essa linha", completou.
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Imagem: Divulgação
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