Por Fred Huber, Gabriela Moreira e Ivan Raupp | GE: Se a temporada 2021 não foi de grandes conquistas para o Flamengo, para
Matheuzinho há muitos motivos para comemorar. Mesmo sem ser considerado
titular, o lateral de 21 anos atuou em 58 jogos (35 como titular) e se tornou
uma peça importante do elenco.
Uma parte da torcida rubro-negra demonstrou a predileção por Matheuzinho na
disputa com Isla, e a expectativa é de que o duelo seja em alto nível
novamente em 2022, ano que o Flamengo quer deixar no passado o sentimento de
frustração e voltar a levantar as taças mais "pesadas".
- Foi um balde de água fria para todos. Somos o Flamengo e precisamos sempre
evoluir muito, porque os outros clubes querem ganhar também. O ano de 2022
temos que colocar os pés no chão e dizer que é nosso, que vamos ganhar tudo -
afirmou Matheuzinho.
Em entrevista durante suas férias em Londrina, o lateral comentou também sobre
a parceria em campo com Gabigol e a amizade fora de campo, impulsionada pelo
som do gênero musical trap.
Ge: Qual o balanço de seu desempenho individual nesta temporada? Com que
sentimento você termina 2021?
Matheuzinho: Foi uma temporada de afirmação para mim. Eu fui bem. Eu ir
bem, mesmo sendo novo e no meio de tantos jogadores consagrados, é muito
importante para minha carreira.
Aos 34 min do 2º tempo - gol de dentro da área de Matheuzinho do Flamengo
contra o Ceará
O Isla teve muitas convocações para a seleção chilena, e a tendência é que
isto se repita em 2022. Acredita que conseguiu dar o seu recado nos jogos
que disputou nesta temporada?
Eu vi como uma oportunidade. Quando o Isla ia para a seleção, eu ia para campo
e, na minha visão, dava sempre meu melhor em todas as partidas. Esse acho que
foi o recado que eu dei: independente que sem seja escalado na lateral
direita, estaremos bem representados.
Como foi ver uma boa parte da torcida pedir que você fosse o titular?
Claro que é bom ter comentários assim, elogios. Mas o mais importante é ter os
pés no chão, saber que existe ali o Isla e o Rodinei, e que eu precisava
trabalhar para conquistar meu espaço. Fiquei feliz, mas com os pés no chão
para dar conta do recado quando tivesse a oportunidade.
O que a temporada 2021 te ensinou?
Esse ano foi o ano que mais aprendi, porque foi o ano que mais atuei. No
final, tive a oportunidade de jogar com o Maracanã lotado, algo que não tinha
vivido ainda. Nos jogos que eu não agradei, tenho que pensar em não repetir os
erros. Pode ter certeza que em 2022 serei mais consistente ainda.
Qual foi o momento mais importante? Teve o gol contra o Ceará no
Maracanã...
Claro que, infelizmente, perdemos a final da Libertadores. Mas com 21 anos ter
a chance de disputar uma decisão assim, contra o Palmeiras, no estádio lotado,
claro que vai ficar marcado na minha memória. Infelizmente não conseguimos o
título.
O primeiro gol no Maracanã, contra o Ceará, depois do que aconteceu... a
torcida nos apoiou o jogo todo e consegui fazer o gol da vitória. Então, esses
dois jogos vão ficar marcados na minha vida.
Qual acredita que tenha sido sua maior evolução?
Todos veem a minha evolução na marcação. Tenho que priorizar a marcação. Hoje,
primeiro me vejo ajudando a linha de defesa, e depois ajudando a chegar no
ataque, como sempre fiz.
Como foi lidar com os estilos diferentes de comando do Dome, Rogério Ceni e
Renato Gaúcho? E o que faltou para o Flamengo ser mais vitorioso neste
ano?
Não tem como falar o que faltou. Infelizmente são coisas do futebol.
Aconteceu. Mas vejo que cada treinador a gente tem que se adaptar, mas claro
que leva um tempo para pegar a filosofia. No Brasileiro, o Atlético encaixou
desde o início. Temos que pegar as lições e não dar esse mole em 2022.
Quem mais te ensinou? Dome, Ceni ou Renato?
O Rogério pegou muito no meu pé na marcação. Me disse que precisava que eu
melhorasse para ele poder me colocar para jogar. Fiquei um tempo fora e foquei
na marcação, na cobertura dos zagueiros. No finalzinho da passagem ele, acabou
me colocando bastante. Ele me ensinou bastante.
Como é sua relação com o Gabigol? De onde vem essa parceria com ele?
O Gabriel eu tenho uma amizade muito grande fora de campo, e também com os
amigos deles. Até meu pai já almoçou na casa dele. Temos essa amizade forte.
Dentro do clube é normal, conversamos muito, ouvimos o mesmo tipo de música.
Quando comecei a jogar mais, comecei a procurar mais ele dentro de campo, uma
coisa natural. A partir daí que começamos a trocar mais ideias fora de campo
também.
Ele te agradece alguma assistência em especial?
Todas. Mas tem uma especial, que foi contra o Fortaleza. Entrei durante o jogo
e dei a assistência para ele fazer o gol da vitória.
O que a convivência com ele te rendeu de experiência?
Ele me dá dicas do que aprendeu, tanto ne Europa, Brasil e Seleção. Conversa
muito comigo, dá dicas a todos os jovens. Ele sabe o quanto é difícil para um
jogador de pouca idade atuar num clube como o Flamengo.
Você falou que curte o mesmo tipo de música do que ele. Dá para fazer um
feat com o Lil Gabi fora dos campos também?
Eu gosto do trap, ouço bastante, mas essa parte eu deixo para ele (risos). Se
está feliz nos palcos... A música dele fez sucesso, mas ainda não o vi
cantando ao vivo nos palcos.
Com o Andreas Pereira você tem uma relação que antecede ao Flamengo, certo?
Como foi para ele depois do erro decisivo na final da Libertadores?
O Andreas eu conheço desde 2016, em Londrina. Quando ele vinha para as férias
do meio do ano, a gente se conheceu. Aí trocamos mensagem quando ele estava na
Europa. Em 2020, eu já estava no Flamengo e conversamos bastante sobre Europa,
Brasil... e nunca passou pela minha cabeça que ele jogaria comigo. Quando
surgiu a oportunidade, comecei a falar "Vem! Vem para cá!". E deu certo.
Ele ficou muito abalado, era uma final de Libertadores. A família ficou muito
triste. Eu quis dar meu apoio. Todos estavam vendo o Brasileiro impecável
dele. Quando fiz o gol contra o Ceará, quis mostrar que estávamos com ele em
todo os momentos.
O Flamengo tem uma série de laterais históricos. Tem esse desejo de daqui a
alguns anos colocar também seu nome na lista de grandes ídolos?
Com certeza. Pretendo colocar meu nome na história do Flamengo. Espero um dia
realizar esse sonho e virar um ídolo. Quem sabe?
VEJA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Imagem: Marcelo Cortes