Por André Rocha | Uol:
Mais uma vitória protocolar da seleção brasileira nas eliminatórias. A oitava
consecutiva, fazendo história. Mas segue a impressão de mera obrigação.
Tudo é contexto. Lionel Messi chorou ao celebrar a conquista da Copa América
em Buenos Aires. Mas eram 28 anos sem títulos da seleção principal da
Argentina. Brasil domina as eliminatórias desde 2006, com o hiato de 2014 como
país sede. O valor de liderar com folga não é o mesmo.
Ainda mais com a superioridade sem brilho. E desta vez a impressão foi mais de
economia, administração. Ou respeito excessivo a adversários mais fracos. O
Peru disputou a Copa de 2018, fez jogo duro com a campeã França na fase de
grupos. Na Copa América, fez final em 2019 e foi semifinalista na edição 2021,
porém não vive o momento mais competitivo sob o comando de Ricardo Gareca.
Mas o primeiro tempo brasileiro foi animador. Tite repetiu a escalação dos
cinco minutos disputados na Neo Química Arena contra a Argentina. Armada num
4-1-3-2, com Gerson mais avançado que Casemiro e se juntando ao quarteto
ofensivo. Com espaço para infiltrar livre e perder grande chance no primeiro
tempo.
Everton Ribeiro e Gabigol circulando com liberdade da direita para dentro,
abrindo o corredor para Danilo, que apareceu mais vezes no ataque. Com o
"plus" do talento de Neymar , mais aceso e participativo. Pressionando e
roubando no campo de ataque no lance do gol de Everton Ribeiro e indo às
redes, no rebote do chute do camisa onze.
Ecos do Flamengo, além do trio e ainda Paquetá, que saiu do clube pouco antes
do início da era vitoriosa. Mas com mais jeito de Renato Gaúcho que Jorge
Jesus. Pressionando menos, recuando mais para acelerar explorando os espaços
cedidos. Com 59% de posse, seis finalizações, três no alvo e duas nas redes.
Segundo tempo baixando um pouco a posse, para 57%, e concluindo apenas quatro,
uma na direção da meta de Pedro Gallese. Contra sete dos peruanos. Era
possível manter um pouco mais a pressão no campo de ataque e a volúpia
ofensiva. Tite prefere a segurança.
É uma escolha legítima, porém reforça a sensação de desperdício. A seleção vem
negando entretenimento acoplado ao resultado. Coisa que o Flamengo entrega no
universo de clubes, no Brasil e na América do Sul. E reforça o contraste
quando escala os dois convocados, mais um que deixou o clube há pouco tempo.
Vitória com uma "palhinha" rubro-negra, porém tímida. Mais pelos jogadores e
alguns movimentos automatizados, especialmente de Everton Ribeiro, entrelinhas
e dando opções aos meio-campistas centrais. Para o torcedor do Flamengo, que
há quase duas semanas não vê um jogo do time de coração, serviu para matar a
saudade. Mas nem tanto assim.
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Imagem: Divulgação
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