Por Cahê Mota | GE:
O jogo com o Palmeiras é só no domingo, mas o Flamengo já marca território em
São Paulo desde o início da semana para uma das decisões mais importantes para
o restante da temporada: a negociação por David Luiz. Marcos Braz e Bruno
Spindel desembarcaram em solo paulista na última terça-feira e iniciaram a
força-tarefa para contratar o zagueiro que virou obsessão para boa parte dos
torcedores.
Não é de hoje que a dupla trabalha nos bastidores pelo reforço, mas as
tratativas desde a noite de terça-feira ganharam outro status. Deixou de ser
sondagem, passou a ser negociação, com aprovação de esferas superiores do
clube.
No início da semana, o nome de David Luiz foi assunto nas reuniões de
conselhos administrativos em debates que passaram por dois estágios. Primeiro,
conceitual. Vale a pena investir no zagueiro? Quais os ganhos e riscos? Dada a
resposta “sim”, estipulou-se um teto financeiro que não comprometesse o
orçamento para 2022, que também foi pauta desses mesmos encontros.
Com o ok de Rodolfo Landim e seus pares mais próximos, Marcos Braz e Bruno
Spindel pegaram voo no Santos Dumont no fim da tarde de terça-feira e pousaram
em Congonhas pouco depois das 18h30 para a missão David Luiz. As conversas com
Giuliano Bertolucci que eram na base do “será que dá?” agora têm o tom do
“isso é o que posso oferecer, vamos ajustar?”.
Nos últimos três dias, aconteceram alguns encontros com personagens
importantes na gestão de carreira do zagueiro. Além de Giuliano, participaram
também os filhos Pipo e Luca Bertolucci, além de Júlio Taran, sócio do
empresário e braço mais próximo de David Luiz ao longo da última década.
Apesar da ansiedade explícita da torcida, a negociação está longe de ser
simples, principalmente por conta das limitações orçamentárias do Flamengo e
de concessões que precisam ser feitas do lado do jogador. As partes negociam
com tranquilidade diante do prazo do dia 17 de setembro (último dia útil com
as inscrições abertas para a Libertadores). O desejo pelo acerto é mútuo, mas
os detalhes e gatilhos de contrato são muitos.
David Luiz tirou o feriado para desencasar no litoral do Rio de Janeiro, mas
está ciente do desejo rubro-negro. A formalidade de uma proposta em papel
timbrado fica em segundo plano diante das conversas mais profundas dos últimos
dias.
Tem ou não tem proposta?
A pergunta foi a que tomou conta do debate entre os torcedores nas últimas
semanas. Tanto que o tema merece até um FAQ (termo em inglês para responder
perguntas frequentes sobre determinado tema) seja sobre a cronologia da
negociação, seja sobre o comportamento do Flamengo neste tipo de situação.
É importante pontuar que o excelente relacionamento entre Marcos Braz e
Giuliano Bertolucci diminui consideravelmente a necessidade de formalidades.
Visto que David Luiz está livre no mercado e não será necessário tirá-lo de
outro clube, a expressão “proposta” acaba dando lugar a um debate constante
até que se chegue ao que o Flamengo pode pagar e o que o atleta pode abrir
mão. E é neste estágio que estão as conversas.
Para ter como exemplo, foi o que aconteceu nas duas negociações do Flamengo na
janela de meio de ano. Ambas com participação ativa do grupo Bertolucci. O
clube apresentou propostas formais para Chelsea e Manchester United, os
diálogos com Kenedy e Andreas Pereira tiveram como base a franqueza na
realidade de orçamento e, principalmente, a convicção de que a mudança de
clube seria benéfica.
Só após o ok dos clubes ingleses que teve início toda formalidade do papel
timbrado com valores para os jogadores, já feitas todas as ponderações e
concessões em diálogos “informais”. É dessa maneira que o Flamengo conduz a
negociação por David Luiz.
Com o desenrolar da janela e ausência de destino do zagueiro, Marcos Braz
manifestou para Bertolucci de que o Flamengo tinha interesse há quase um mês.
Tudo, por sua vez, dependeria da ausência de propostas interessantes da
Europa. O raciocínio era até lógico: se não tem como disputar em valores com a
cotação do euro, não há motivo para queimar largada.
Com a proximidade do fim da janela, por sua vez, Braz colou nos representantes
e se fez presente. Pontuou o Flamengo sempre como uma alternativa e aguardou a
chance do bote. Com o encerramento das inscrições para Champions e Liga
Europa, agiu internamente.
Era necessário ter o aval de outros departamentos para não repetir cenários
como os das negociações por Diego Alves (renovação), Rafinha e até mesmo
Thiago Mendes. Todas esbarraram em contestação a respeito da liberação dos
valores requisitados.
Com David, houve consenso no nome e estipulou-se a capacidade de investimento.
E agora há silêncio. Até mesmo internamente, o tema é praticamente proibido e
guardado a sete chaves entre Braz, Bruno, Landim e figuras importantes como
BAP e Tostes. Há uma preocupação de que a badalação na negociação gere uma
frustração no torcedor.
A delegação do Flamengo só chega a São Paulo no próximo sábado para enfrentar
o Palmeiras domingo. O clube, por sua vez, já está faz tempo na Terra da Garoa
e com a ofensiva armada pelo zagueiro.
VEJA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Imagem: Divulgação
0 Comentários
Deixe seu comentário