Rodrigo Mattos | Uol:
Dirigentes do Flamengo negociam a aquisição de um clube em Portugal por meio
de dinheiro de investidores. O projeto é estruturado para a agremiação carioca
ter uma fatia do negócio e obter receitas em euros. Mas há resistências dentro
da própria diretoria rubro-negra, com cartolas que têm receio dessa ideia.
A notícia sobre a possibilidade de o Flamengo comprar um clube se espalhou na
segunda-feira (16). O vice-presidente de Finanças rubro-negro, Rodrigo Tostes,
estava em Portugal conversando com potenciais agremiações, entre elas o Clube
Desportivo Tondella, integrante da Primeira Liga do país.
A ideia é montar uma holding no exterior que possa adquirir clubes que venham
a ter a participação do Flamengo. Esse projeto é estruturado pela empresa "Win
the Game", um fundo para iniciativas de esportes do BTG e de Cláudio
Pracovinick, ex-vice-presidente de Finanças do Flamengo. É a empresa que
levanta os recursos para a compra do clube com investidores.
O Flamengo, neste caso, entraria com a sua marca para ser associada ao clube
português. Essa marca será avaliada pela consultoria Ernest & Young. A
partir dessa avaliação, será atribuída ao Flamengo uma parte no clube. A
estimativa inicial é de que o clube carioca ficaria com um percentual entre
20% e 30% da agremiação. Não haveria aportes por parte do time rubro-negro.
O preço do clube a ser comprado também depende do seu perfil. O Tondella está
na primeira divisão de Portugal. Outras opções que estejam na segunda divisão
seriam mais baratas.
Para o clube rubro-negro, o projeto teria o objetivo de gerar receita em euro,
moeda forte em um momento problemático da economia brasileira. Isso ocorreria
por meio de receitas tradicionais de um clube de futebol como direitos de
televisão, venda de atletas e marketing. Haveria a possibilidade também de
sinergias entre patrocinadores.
Jogadores da divisão de base do Flamengo, que não venham a ser aproveitados no
time, poderiam ser deslocados ao clube português para revenda posterior com
taxas de vitrine. Há uma avaliação entre dirigentes de que negociações de
atletas na Europa têm acréscimo de 20% em relação a atletas que saem da
América do Sul.
O objetivo não é transformar o clube em uma filial do Flamengo com as mesmas
cores. Se algum negócio for concretizado, a agremiação manteria suas
características originais até porque a proposta é ganhar a simpatia da torcida
local. Funcionaria como a holding que o City espalha pelo mundo. Poderia, sim,
haver uma terceira camisa rubro-negra.
Mas o negócio está longe de estar fechado. Até porque há questionamentos
dentro da diretoria do Flamengo sobre a validade desta iniciativa. Há dúvidas
sobre como o clube carioca seria dono de algo sem investir e como seria o uso
da marca rubro-negra, que é o seu principal bem. Por isso, parte da diretoria
do Flamengo considera bem embrionário o negócio.
Não está claro se esse tipo de iniciativa teria de ser levado para a aprovação
do Conselho Deliberativo do Flamengo ou ficaria restrito a esferas como o
Conselho Diretor. Portanto, é ainda projeto na mesa, com fundos levantados,
mas com vários passos a serem dados antes de se concretizar.
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Imagem: Divulgação
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