A pressão existe e borbulha no Flamengo. É a maior desde a derrota para o
Ceará por 2 a 0 pelo Campeonato Brasileiro de 2020, em janeiro, no Maracanã.
Na ocasião, Rogério Ceni quase caiu e após longo debate interno a opção foi
mantê-lo no cargo para deixar o trabalho seguir. Deu certo com a conquista do
título.
Por ora, a decisão da diretoria rubro-negra indica seguir o mesmo caminho,
embora desta vez a pressão seja consideravelmente maior do lado externo, com
insatisfação da torcida, muros pichados e questionamento contínuo sobre as
decisões do Ceni a cada partida.
O Flamengo avalia o pacote, calcula os passos sobre o gelo fino a dias das
oitavas de final da Conmebol Libertadores. E sabe também que há na mesa um
peso financeiro em meio à pandemia. Não que seja a decisão primordial pela
manutenção de Ceni.
Procurado pela reportagem da ESPN, o vice de finanças, Rodrigo Tostes, negou
que tenha influência na manutenção do técnico e foi direto.
"Esclareço que as decisões referentes à área de futebol, apesar de precisarem
estar em conformidade com a responsabilidade financeira do clube, são tomadas
pelo departamento de futebol. Cabe somente ao departamento analisar a situação
e apresentar suas recomendações à presidência", disse Tostes.
No clube, no entanto, ainda é viva a lembrança do impacto que a demissão de
Domènec Torrent trouxe ao caixa em 2020. Meses após sua chegada, a saída do
catalão custou 1,8 milhões de euros - cerca de R$ 11 milhões - e o pagamento
teve de ser negociado exaustivamente com o estafe do ex-técnico.
Mas há desconforto interno com Rogério Ceni e seu dia a dia mais isolado, com
sua comissão técnica. Outra ala da diretoria, porém, entende que o problema
não se deve apenas ao treinador, mas sim a toda gestão do departamento de
futebol. O raciocínio é de que há problemas e desgastes que se repetem mesmo
com as trocas de comandantes do futebol profissional de tempos em tempos.
Rogério está ciente, obviamente, do momento de grande pressão que vive interna
e externamente. A temperatura é alta. Deixou isso claro na coletiva de
imprensa após a derrota para o Atlético-MG. Mas não esconde a insatisfação com
a falta de reforços. É um ponto sensível.
Mesmo com a saída de Gerson, o clube entende não ter condições de fazer
investimentos de maior peso, já que o aporte para ter Pedro junto à Fiorentina
no valor de 14 milhões de euros - embora parcelados - comprometeu o fluxo para
a temporada.
A aposta da diretoria é que Rogério ao ter o elenco de volta, após o fim da
Copa América e sem lesões como a de Diego, passe a ter opções e retomar o
ritmo competitivo que o fez conquistar três títulos recentemente. Mas sabe que
o técnico precisa imediatamente de vitórias para amansar a fúria e o ambiente.
Nos bastidores de Ninho e Gávea, no entanto, tem chamado a atenção um
comportamento: até o momento nenhum dirigente do departamento de futebol se
posicionou publicamente com o objetivo de respaldar o técnico da chuva de
pancadas que tem recebido nos últimos dias. No meio da tempestade, o Flamengo
com Rogério Ceni navega ainda sem vislumbrar dias de bonança.
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Fonte: https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/8882956/flamengo-vice-de-financas-nega-influencia-para-segurar-rogerio-ceni
Imagem: Divulgação
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