O título desta humilde análise não é mera obra de retórica deste que escreve.
O Atlético-MG de Cuca ocupava bem os espaços a partir do 3-1-4-2 inicial com
Savarino e Hulk mais soltos no ataque, com os laterais/alas Mariano e
Guilherme Arana aparecendo no campo ofensivo com bastante frequência e com os
volantes/meias Zaracho e Tchê Tchê auxiliando Allan na saída de bola. O Galo
atacava com pelo menos sete jogadores e aproveitava muito mais uma noite
infeliz de Bruno Viana. Do outro lado, Rogério Ceni trazia Michael um pouco
para trás para formar uma linha de cinco na defesa. Tudo para emparelhar o
ataque o ataque adversário na inversão do 3-1-4-2 para o 3-2-5. O problema é
que os volantes atleticanos recuavam para perto do trio de zagueiros e criavam
superioridade numérica para fugir da pressão do Flamengo e aproveitar os
espaços que surgiam na frente de Willian Arão e João Gomes.
Allan e Tchê Tchê recuavam para a defesa e traziam todo o quarteto ofensivo do
Flamengo com eles. Toda essa movimentação simples abria espaços na frente de
Willian Arão e João Gomes e facilitava muito a vida do veloz, intenso e
envolvente ataque do Atlético-MG comandado por Cuca.
Difícil não ver o Atlético-MG pelo menos dois passos à frente do seu
adversário. E esse posicionamento do Flamengo na marcação só facilitou a vida
de Réver, Nathan Silva e Junior Alonso na saída de bola e nos lançamentos
longos buscando a velocidade de Mariano, Guilherme Arana, Hulk e Savarino. Ao
mesmo tempo, Isla, Filipe Luís, Rodrigo Caio, Bruno Viana e Willian Arão pouco
se entendiam na defesa e apenas observavam o ataque adversário trocar passes
na frente da área de Diego Alves. E Cuca percebeu muito bem que o Flamengo
abria muitos espaços quando partia para o campo ofensivo com seis jogadores. A
superioridade numérica criada pelo recuo de Allan e Tchê Tchê foram
fundamentais para que Savarino pudesse receber a bola na frente (jogando como
referência móvel entre os zagueiros rubro-negros) com mais liberdade para
acionar os companheiros de equipe. Enquanto isso, Rogério Ceni seguia sem
saber o que fazer.
Jefferson Savarino (24 anos) possui a maior Nota SofaScore (7.33) do @Atletico no @Brasileirao!
— SofaScore Brazil (@SofaScoreBR) July 8, 2021
⚔️ 4 jogos
⚽️ 2 gols
🅰️ 1 assistência
⏰ 100 mins p/ participar de gol
🔑 3 passes decisivos
🛠 2 grandes chances criadas
👟 8 chutes (3 no gol)
SavaLiso começando com tudo! 🚀🚀 pic.twitter.com/KqGi5TdGaU
O estrago ficou ainda pior no início do segundo tempo, quando o Atlético-MG
aproveitou duas dessas bolas descobertas e marcou dois gols num espaço de dois
minutos. O Flamengo (que já jogava com Willian Arão na zaga e Hugo Moura no
meio-campo) corria a esmo para fechar os espaços sem muito sucesso e sem um
mínimo de organização. E vale destacar aqui que o problema todo do escrete de
Rogério Ceni não eram as peças escolhidas em si (pelo menos não o maior deles)
e sim a maneira como o time se comportou. A vantagem no placar fez com que o
escrete comandado por Cuca recusasse suas linhas para acelerar nos
contra-ataques enquanto Rogério Ceni mandava Rodrigo Muniz e Renê para o jogo
nos lugares de Michael e Filipe Luís. Com Pedro do lado direito, Matheuzinho
avançando e Arrascaeta longe da área, o Flamengo não teve forças para empatar
a partida. Nem mesmo depois do gol de Willian Arão.
Com os dois gols no início do segundo tempo, o Atlético-MG baixou sua marcação
e viu o Flamengo diminuir o placar com Willian Arão já no final da partida no
Mineirão. Mesmo assim, a desorganização e a péssima noite de Arrascaeta e
Bruno Henrique tiraram as forças do time de Rogério Ceni.
Enquanto o Atlético-MG vai dando mostras de que está encontrando a melhor
maneira de jogar, o Flamengo de Rogério Ceni vai caindo pelas tabelas e
sofrendo com atuações coletivas muito ruins. Este que escreve entende bem a
situação do treinador rubro-negro nas reclamações sobre desfalques e a
necessidade de se qualificar mais o banco de reservas rubro-negro quando as
seleçõs nacionais tiram e vão tirar muitos atletas do clube. Por outro lado, o
treinador também precisa entender que seu esquema tático (embora tenha se
mostrado eficiente em alguma partidas) precisa de ajustes. Assim como todo o
sistema defensivo. Ao mesmo tempo, também faltou a leitura de jogo mais
apurada a Rogério Ceni para entender o momento de baixar o bloco e fazer o
Atlético-MG provar do próprio remédio ao acelerar nos espaços que apareceriam
na defesa adversária. Fora as entrevistas coletivas fora da realidade.
Numa partida em que o Galo comandado por Cuca sempre esteve pelo menos dois
passos à frente do Flamengo, é de se admirar que o placar final no Mineirão
não tenha sido maior. Ao mesmo tempo, fica cada vez mais clara a necessidade
de comissão técnica e jogadores colocarem a cabeça no lugar num dos momentos
mais conturbados dessa temporada. Este que escreve já viu esse filme que tem
Rogério Ceni como protagonista mais de uma vez com outros atores principais. E
ele não costuma terminar bem.
#Brasileirão 🇧🇷
— SofaScore Brazil (@SofaScoreBR) July 7, 2021
🆚| #CAMxFLA 2-1
⚽️| Jefferson Savarino (2x)
⚽️| Willian Arão
——
📊 Estatísticas:
📈 Posse: 50% - 50%
👟 Finalizações: 12 - 16
✅ Finalizações no gol: 6 - 6
🛠 Grandes chances: 3 - 2
☑️ Passes certos: 433 - 442
💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/cMR4IBbUbf
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Fonte: https://www.torcedores.com/noticias/2021/07/papo-tatico-brasileirao-atletico-mg-flamengo-rogerio-ceni
Imagem: Pedro Souza/Atlético