Fila para pedir desculpas a Willian Arão, volante que se sacrifica por um lugar na história do Flamengo



Por Cahê Mota | GE: O meme está pronto, mas bem que poderia ser verdade: você, torcedor rubro-negro, já pegou a senha na fila para pedir desculpas a Willian Arão?


O roteiro é repetido e digno de ninguém mais pegar no pé do jogador que mais vezes entrou em campo com a camisa do Flamengo no elenco atual (288 partidas). Assim como em 2019, Willian Arão mudou de posição, aceitou ter que correr mais, marcar mais, para que a capacidade ofensiva da equipe aflorasse, e termina o Brasileirão como um dos grandes nomes da campanha.

- Tenho esse prazer de ajudar os companheiros, passar essa sensação de segurança para eles em qualquer parte do campo, que eles se sintam seguros, que eles possam perder a bola, que eu vou conseguir recuperar, dar uma saída de bola boa. É um prazer, às vezes até mais do que fazer um gol - disse em bate-papo com o ge pouco depois de deixar o Morumbi, na madrugada de sexta-feira.


Primeiro volante com Jorge Jesus, Arão se tornou zagueiro com Rogério Ceni, em mudança que coincidiu com a arrancada do Flamengo rumo mais um título do Brasileirão. São oito troféus do camisa 5 em cinco temporadas pelo clube. Um nome que indiscutivelmente já entrou para história. Será que ele mesmo tem noção disso?

- Para ser sincero, não. Estava no carro com meu pai e ele me perguntou: qual a sensação de ser bicampeão brasileiro? Eu respondi: Pai, não sei ainda. Estou anestesiado. É um sonho que parecia um tanto quanto distante no início da carreira, quando você é criança, mas depois vai se tornando possível e quando você alcança não quer mais parar.


- Qual meu tamanho na história? Não sei, mas a história está sendo escrita e vai continuar sendo. Meu desejo é conquistar mais e mais com essa camisa. Sou apaixonado por esse clube, por esta nação. Eu não sei qual a dimensão que tenho hoje, mas o que quero e tenho certeza é que minha vontade de vencer e conquistar só cresce. Quero escrever mais histórias ainda.

Com uma fratura em um dos dedos do pé direito, Willian Arão ficou fora das duas rodadas finais do campeonato. No Morumbi, teve que dividir o olhar entre o campo e o celular na arquibancada. Em Porto Alegre, o amigo Cássio, com quem foi campeão do mundo pelo Corinthians, deu uma forcinha, e o camisa 5 do Flamengo agradeceu.


No bate-papo, Arão falou da angústia de ver o jogo do lado de fora, revelou detalhes da conversa com Rogério para virar zagueiro e deixou seu recado para o torcedor.

Confira a íntegra:
Ver o jogo de fora

- Foi angustiante. Você não pode fazer nada, não está lá para ajudar os companheiros. Eu de fora, da arquibancada, tentei ajudar, tentei gritar. Sei que lá dentro do campo é difícil ouvir muito bem essas coisas, esse incentivo, mas eu tentei. Angustiado, angustiado, até que chegou um momento, faltando dois, três minutos, que sabíamos que não conseguiríamos virar. Estávamos de olho no jogo do Corinthians, que era muito importante para nós.


- É angustiante não poder fazer nada e ter que torcer por uma outra equipe, depender de uma outra equipe. Mas ninguém deu nada para nós, nós conquistamos esse momento de chegar na última rodada podendo perder, empatar. Temos que comemorar muito. Foi um título diferente. Sem torcida o campeonato todo, paralisação no início, muitas lesões e eu acredito que por conta da Covid também. Foi diferente e no final de tudo conseguimos esse bicampeonato.

Jogar de zagueiro

- Foi um papo muito tranquilo. Realmente, é difícil o jogador se arriscar, se expor dessa maneira. Eu procuro entender o jogo, estudar o jogo para saber o básico de todas as posições. É o mínimo que eu tenho que saber. Sempre estive ali na parte de trás estudando os zagueiros, os movimentos, como é, como não é, porque a gente sabe que tudo é possível no futebol.


- Quando ele conversou comigo e disse que queria me colocar de zagueiro desde o início da partida, porque ele já tinha feito no meio da partida, eu disse: "Rogério, se você acha que ali é o lugar onde eu vou ajudar mais a equipe, estou aqui para ajudar o Flamengo. Se é onde eu vou ajudar a equipe, estou disposto a isso". Mas eu precisava treinar. Não é fácil. Você erra ali e já é o último homem. Como volante, ainda tem o zagueiro. Fui treinando, conversando com muita gente da posição, que foi me dando uns toques, conselhos, e pude ajudar a equipe, que é o principal.

Mensagem para o amigo Cássio, do Corinthians

- Eu fiquei sabendo. Não assisti ao jogo todo, vi o finalzinho. Vou agradecer. Até entrando no momento polêmico da entrevista, tem um vídeo circulando do jogo do Vasco com o Inter que foi estranho, né? No final de jogo, eles deixando de ir na bola. Somos profissionais e sabemos que ninguém entra em campo para perder. Por mais que não esteja disputando nada no campeonato, você quer entrar e vencer.


- É do seu espírito de competir, ser melhor que o outro, mostrar isso em campo. E hoje o Corinthians todo jogou de uma forma ética, tentando vencer, fazer o melhor. Depois, o Cássio fez algumas defesas importantes. Tenho que agradecer, é um amigo pessoal. Tenho um carinho imenso por ele, chegamos juntos ao Corinthians. Então, Cássio, muito obrigado.

Recado para torcida

- Passamos por uns momentos delicados na temporada. Fomos chamados até de time de frouxo, né? E alguma parte da torcida teve esse sentimento, outros sempre acreditaram na gente. Nós nunca deixamos de honrar, de acreditar, de doar o máximo, para que hoje todos estejam felizes. A cobrança faz parte. Não excessiva, mas faz parte. E o que queremos é isso, conquistar títulos para que eles fiquem felizes. Agora, vou curtir as férias.


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Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/fila-para-pedir-desculpas-a-willian-arao-volante-que-se-sacrifica-por-um-lugar-na-historia-do-flamengo.ghtml

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