Bom jogo coletivo, gols perdidos e falhas individuais: as impressões sobre a estreia de Rogério Ceni no Flamengo



Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota para o São Paulo em jogo válido pela Copa do Brasil.



É bem verdade que o peso da derrota diante do São Paulo caiu (como uma pedra) sobre os ombros do promissor Hugo Souza por conta da falha inacreditável após recuo de bola. Difícil também não notar os erros nas conclusões a gol (Arrascaeta e Gabigol perderam chances incríveis de vencer Tiago Volpi) e alguns dos velhos problemas apontados por este que escreve nos tempos em que Domènec Torrent ainda comandava o Flamengo. Mesmo assim, a estreia de Rogério Ceni no comando do Mais Querido do Brasil teve alguns pontos positivos. Começando pela organização defensiva e pela intensidade nas transições ofensivas. Principalmente no primeiro tempo, quando o Fla finalizou oito vezes no gol do São Paulo. Ainda há muito o que se corrigir no escrete rubro-negro em todos os setores, mas Ceni já mostrou que tem condições de melhorar o desempenho do atual campeão brasileiro.



Antes de mais nada, é preciso dizer que a postura do Flamengo na partida desta quarta-feira (11) foi bem diferente da apresentada nas partidas passadas. O time todo parecia mais ligado em cada lance e todos os jogadores procuravam se aproximar mais uns dos outros para facilitar o passe e fechar espaços no meio-campo. O 4-4-2/4-2-4 de Rogério Ceni bloqueava os lados do campo com Michael e Vitinho (o melhor do Flamengo enquanto teve fôlego) e forçava o erro dos zagueiros com Gabigol e Bruno Henrique partindo em velocidade para o ataque. Isso tudo diante de um São Paulo mais cauteloso e que encontrou muitos problemas com a marcação adiantada do seu adversário no Maracanã. Mesmo sem finalizar a gol no primeiro tempo, Brenner e Luciano eram preocupação constante para Gustavo Henrique e Léo Pereira e Daniel Alves trabalhava bem a bola no meio-campo.



Rogério Ceni armou o Flamengo num 4-4-2/4-2-4 com Michel e Vitinho fechando os lados e Bruno Henrique e Gabigol forçando o erro na saída de bola do São Paulo. Os comandados de Fernando Diniz, por sua vez, se mostravam mais cautelosos e tentavam conter o volume de jogo do seu adversário no Maracanã.



Embora o Flamengo mostrasse outra disposição bem diferente das suas últimas atuações, o rendimento da equipe piorou no final do primeiro tempo com o desgaste físico dos jogadores e a falta de concentração para seguir fechando espaços. Logo no primeiro minuto da segunda etapa, o ótimo Gabriel Sara achou um iluminado e cada vez mais decisivo Brenner se lançando às costas de Gustavo Henrique e fez o passe açucarado que resultou no primeiro gol do São Paulo. O empate conquistado com Gabigol (praticamente no lance seguinte) dava a impressão de que o Flamengo iria finalmente acabar com a má fase, mas a entrada de Arrascaeta (totalmente sem ritmo) no lugar de Michael enfraqueceu o meio-campo rubro-negro, fato que obrigou Rogério Ceni a colocar Thiago Maia para fechar o lado direito e encorpar mais o time. A mexida deu certo e o Fla voltou para o jogo.



O 4-4-2/4-2-4 inicial se manteve com Vitinho mais pelo lado esquerdo e Arrascaeta se revezando com Bruno Henrique no comando de ataque. Mesmo assim, o time do Flamengo sentiu demais o desgaste da partida e diminuiu o ritmo depois de desperdiçar duas boas chances com o camisa 14. O balde d’água fria viria aos 42 minutos da segunda etapa com a infelicidade do goleiro Hugo Souza após recuo de bola (e não SAÍDA DE BOLA) de Léo Pereira. Seja por falta de uma orientação mais clara ou até por excesso de confiança, o substituto de Diego Alves (que saiu de campo lesionado) tentou driblar Brenner dentro da pequena área e viu o atacante tricolor roubar a bola e mandar para as redes. Daí para o final da partida, Fernando Diniz apenas fechou sua equipe na defesa e esperou o apito final. Mais uma derrota na conta de falhas individuais. Na defesa e no ataque.





Rogério Ceni manteve seu 4-4-2 básico com as entradas de Thiago Maia, Arrascaeta e Pedro Rocha, mas viu sua defesa falhar novamente diante de um São Paulo mais atento aos vacilos dos seus adversários. A infelicidade inacreditável de Hugo Souza acabaria minando todas as chances do Flamengo na partida.

Vale lembrar também que Rogério Ceni teve apenas dois dias para treinar e tentar corrigir os problemas (individuais e coletivos) de um Flamengo que ainda busca recuperar a consistência dos tempos de Jorge Jesus. A equipe mostrou um pouco mais de solidez defensiva enquanto manteve a concentração para realizar os movimentos de marcação da maneira correta. Não foi por acaso que o São Paulo aproveitou justamente os momentos de dispersão do Fla para marcar duas vezes com Brenner e sair na frente na briga por uma vaga nas semifinais da Copa do Brasil. Mesmo assim, a tendência é que eu e você vejamos um Flamengo mais encorpado conforme as partidas forem acontecendo. É sempre bom bater nessa tecla, mas Rogério Ceni precisa de tempo e paciência para corrigir os problemas e implementar seus conceitos. Futebol é simples, mas não é feito através de mágica.





Por fim, como já foi dito e repetido aqui, é bem difícil não colocar o peso da derrota no Maracanã sobre os ombros de Hugo Souza. Por mais que Brenner tenha méritos por ter acreditado na jogada até o fim, a falha do camisa 45 DEVE servir de lição para as próximas partidas. Como bem observou o jornalista Téo Benjamin, o primeiro erro aconteceu no domínio de bola. Se Hugo tivesse dominado com a perna esquerda, já estaria com o corpo posicionado para chutar com a direita. Fundamento básico que acabou ficando esquecido numa falha colossal que pode sim custar a classificação na Copa do Brasil. Hugo Souza mostrou personalidade ao conceder entrevista no final do jogo e assumir o erro. É o primeiro passo para corrigir as falhas e seguir crescendo na profissão. O camisa 45 é bom goleiro e já mostrou isso. Mas é preciso aprender com o vacilo desta quarta-feira (11).

Em tempo: a atitude de Hugo Souza deve sim ser celebrada. Afinal, não é todo jogador que coloca a cara pra bater depois de falhar como ele falhou. Este que escreve pode apontar as várias e várias vezes em que viu atletas mais “cascudos” fugindo dos microfones depois de falharem clamorosamente. E assim como Rogério Ceni, o promissor goleiro “Neneca” também vai precisar de tempo e MUITA paciência para lidar com as críticas e corrigir aquilo que precisa ser corrigido.


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Fonte: https://www.torcedores.com/noticias/2020/11/papo-tatico-rogerio-ceni-flamengo-sao-paulo-copa-do-brasil

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