De onde vem todo esse dinheiro do Flamengo? Este é um questionamento comum feito por muitos torcedores, rubro-negros ou não, neste ano. O principal ponto é entender que o clube passou por uma grande reformulação para chegar neste patamar. A dívida do clube foi reduzida em cerca de R$ 200 milhões em sete anos e o faturamento teve um incremento de cerca de 350 milhões em comparação com 2012.
O jogo começou a virar a partir da gestão de Eduardo Bandeira de Mello. Quando tomou posse, no fim de 2012, Bandeira pregou uma conduta responsável da diretoria. Os encargos fiscais e trabalhistas, responsáveis por grande parte da dívida rubro-negra, foram sendo reduzidos ano a ano. Enquanto as receitas também foram aumentando conforme o decorrer do tempo. Veja o gráfico abaixo e compare:
*Os balanços deste ano são entre janeiro e setembro
Conforme percebe-se acima, a dívida, que era praticamente incontrolável está equacionada e o faturamento já é bem superior ao endividamento do clube. Quando a última gestão assumiu para valer em 2013 foi contratada uma auditoria da Ernest & Young somente para contabilizar o tamanho da dívida rubro-negra. Até então, os valores eram difusos e o panorama real do endividamento não era tão claro.
Até por isso, no início da década, o Flamengo não tinha credibilidade para negociar com quase ninguém, seja fornecedor, banco ou grandes atletas e treinadores. Hoje, a situação é oposta e mais favorável. Para entender os motivos que alavancaram a situação do Rubro-Negro, o GloboEsporte.com elaborou uma linha do tempo, com três fases distintas em seu planejamento estratégico para explicar.
Na primeira, entre 2013 e 2015, o clube passou por um momento de grande austeridade e deu prioridade ao pagamento das dívidas. Entre 2016 e 2018, a gestão aumentou os aportes financeiros no futebol para trazer grandes nomes como Diego, Everton Ribeiro e Vitinho. Por fim, o ano de 2019 com agressividade no mercado e investimentos altos em contratações de atletas.
A contratação de Diego foi uma das primeiras grandes contratações recentes do Flamengo — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo
O cenário há cerca de seis anos era de caos. O endividamento chegou a passar de 750 milhões de reais e o Flamengo acumulava uma das maiores dívidas do país. O clube fechou 2012 com R$ 737 milhões de endividamento, sendo R$ 400 mi referente às dívidas fiscais. Veja a distribuição naquele ano - momento em que o clube foi assumido pela gestão Bandeira de Mello:
Com este panorama desenhado, o Flamengo começou a traçar estratégias para melhorar a situação. Para o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, a aprovação do Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro) foi fundamental no processo de alívio das contas rubro-negras. Bandeira contou que passou a ir para Brasília quase semanalmente para negociar os termos do programa.
- Não saiu (aprovação do Profut) exatamente do jeito que a gente queria, mas no final foi uma grande vitória. Com o Profut, a gente conseguiu alongar essa parcela da dívida que era de quase 300 milhões de reais em 20 anos. Isso foi fundamental. Talvez aquilo tenha sido a coisa que me tomou mais dedicação pessoal porque era o tipo da negociação que não podia mandar ninguém, tinha que ser o presidente - declarou Bandeira ao GloboEsporte.com.
Eduardo Bandeira de Mello quando era presidente do Flamengo — Foto: Fred Gomes
Um fator que contribuiu para o aumento da receita em 2013 foi a arrecadação com a torcida. O programa de sócios "Nação Rubro-Negra" foi lançado naquele ano, por exemplo. A arrecadação com torcida que era de 25 milhões de reais em 2012 passou para 83 milhões na temporada seguinte.
- Isso aí parte do princípio que o Flamengo tem 40 milhões de torcedores, então você tem que transformar isso em receita. O programa de sócio-torcedor que não existia quando a gente chegou, hoje é a segunda maior fonte de receita do clube logo depois da televisão - ressaltou Bandeira.
Time do Flamengo campeão da Copa do Brasil de 2013 — Foto: Reprodução
2016-2018: aumento dos investimentos no futebol
Com a reeleição de Bandeira para o segundo mandato, a promessa era fazer o futebol rubro-negro decolar. A grande contratação daquele ano foi o meia Diego, um dos líderes do atual elenco. Em 2017, Everton Ribeiro chegou. Por fim, Vitinho veio como grande esperança em 2018.
O ex-presidente Bandeira explicou que o objetivo sempre foi ter um time forte, mas o clube só faria tal esforço para reforçar bem o time a partir do momento que houvesse condição para isso. Não haveria loucuras financeiras.
- A partir do momento que a gente começou a ter uma certa folga, não só de caixa, mas de capacidade de crédito, a gente começou a se permitir fazer alguns investimentos, até que culminou que em 2018 nós terminamos numa situação fantástica, que é a que permitiu que nesse ano o time tenha sido muito reforçado.
No período entre 2016 e 2018, o clube arrecadou 718 milhões com cotas de televisão e mais 217 milhões de saldo com atletas. Vale lembrar que, em 2017, o Flamengo acertou a venda de Vinicius Jr para o Real Madrid por 45 milhões de euros.
Vinicius Jr foi a maior venda de atleta da história do Flamengo — Foto: staff images
Os débitos trabalhistas também reduziram - cerca de um terço. Em 2012, o clube era réu em mais de 600 ações na Justiça do Trabalho, segundo Bandeira de Mello. A dívida trabalhista era de 193 milhões de reais em 2012 e passou para 60 milhões em 2018.
- A partir da nossa administração, o Flamengo passou a pagar as verbas rescisórias, passou a agir de maneira correta e essas dívidas diminuíram. Trabalhamos para fazer acordos. Nosso departamento jurídico foi campeão.
2019: agressividade no mercado
Ao fim de 2018, o Flamengo passou por uma transição política, e Rodolfo Landim venceu a eleição para presidente do clube. Quando assumiu, Landim disse que ia fazer um Flamengo imbatível e traria muitas alegrias para a torcida. Dito e feito. Com ousadia nas negociações e reforços de peso, o Rubro-Negro eliminou o "cheirinho" e conquistou a Libertadores, o Brasileiro e o Carioca.
O ano coroado de títulos veio após uma atuação forte do staff rubro-negro em busca de reforços. Foram nove para 2019: Gabigol, Gerson, Bruno Henrique, Rodrigo Caio, Arrascaeta, Rafinha, João Lucas, Pablo Marí e Filipe Luis. Destes nomes, apenas o lateral João Lucas não é titular.
Time titular do Flamengo, campeão da Libertadores de 2019 — Foto: NAYRA HALM /FOTOARENA /ESTADÃO CONTEÚDO
Mesmo com tantas contratações feitas na temporada, além de empréstimos bancários para acertar fluxo de caixa, a diretoria rubro-negra chegou em setembro deste ano com números positivos. Apesar de o envidamento ter subido para 574 milhões, o faturamento foi de 652 milhões de reais. Somente com venda de atletas, o clube arrecadou 295 milhões.
- O Flamengo conseguiu dar essa virada sem nenhum mecenas, sem nada fora dos padrões, conseguiu com a sua geração própria de receita e agora as pessoas estão com medo que haja uma disparidade técnica em consequência da disparidade financeira, mas essa disparidade financeira foi conseguida com muito sacrifício - declarou Bandeira de Mello ao GloboEsporte.com.
Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/de-devedor-a-potencia-economica-veja-linha-do-tempo-da-ascensao-financeira-do-flamengo.ghtml
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1 Comentários
É muito bom! más o problema é a corrupção
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