MP quer TAC com Flamengo antes de audiência; Procuradora critica "tietagem explícita" na Câmara



Com laudos técnicos e relatórios de visitas recentes ao Ninho do Urubu, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro querem discutir avanços e melhorias na estrutura para crianças e adolescentes voltarem ao centro de treinamento do Flamengo. Na próxima semana, o MPT se reúne com o clube da Gávea para propor novos parâmetros a serem colocados em novo Termo de Ajustamento de Conduta.



Em outra frente, de ação civil pública iniciada em 2015, o Ministério Público do Rio pretende se antecipar à audiência de instrução marcada para meados de maio e assinar outro TAC, com readequações em cima da tragédia que vitimou 10 adolescentes dia 8 de fevereiro.

O caso do Flamengo - e diversos problemas de funcionamentos e instalações nas categorias de base do Brasil - foram tema do seminário "Entrando em campo com as categorias de base do futebol na cidade do Rio de Janeiro", na sede do Tribunal Regional do Trabalho, no centro do Rio, organizado pelo Acordo de Cooperação para Combate ao Trabalho Infantil no Rio de Janeiro e Fepeti-RJ.

A procuradora do Trabalho Daniela Cramer lamentou que audiência pública realizada na semana passada em Brasília, na Câmara dos Deputados, tenha "desviado o foco", sem questionar o representante do clube na sessão, o diretor geral de futebol Bruno Spindel. Os deputados Fabio Reis (MDB de Sergipe) e Helio Lopes, conhecido como Helio Negão, do PSL do Rio, posaram com a camisa do Rubro-Negro, ao lado do diretor geral de marketing, Aleksander Santos.



- O que se viu lá nessa audiência pública, destinada originalmente a discutir o caso do Flamengo, as causas e os caminhos para se evitar novos acidentes como esse, foi tietagem explícita ao clube. Os deputados flamenguistas ganhando camisa autografada do time e elogiando o Flamengo. Transformando o clube em vítima dessa tragédia. Era oportunidade extremamente rica que foi jogada fora por esse desvio de foco - lamentou Cramer.

A promotora de Justiça do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, Ana Cristina Huth Macedo, lembrou avanços nas instalações do Flamengo de 2012 - quando a morte de Wendel Junior Venâncio da Silva, de 14 anos, num CT alugado pelo Vasco em Itaguaí, motivou série de vistorias em clubes cariocas - até 2015, mas reforçou a preocupação com a atenção à saúde e à educação dos atletas.



- Temos um Termo de Ajustamento de Conduta já redigido para ser assinado pelo Flamengo. Com essa assinatura esperamos dar fim a essa ação civil pública. O que seria a adequação total aos parâmetros legais. No nosso entendimento só reabre com certificado de aprovação, alvará de funcionamento, além disso, com meninos estudando fora do CT e a ambulância. Se não, o MP vai continuar com posicionamento do CT não reabrir - disse a promotora de Justiça, acrescentando que a exigência será feita a todos os clubes. - O Flamengo diz que vai atender a tudo. Temos audiência marcada para maio e queremos extinguir a ação.

Ex-goleiro do Flamengo e atual comentarista do "Esporte Interativo", Getúlio Vargas citou sua experiência pessoal no clube da Gávea e reforçou que a estrutura em CTs geralmente é melhor do que a condição de vários times brasileiros - principalmente na base. Questionado se colocaria os filhos para viverem em alojamentos de base no futebol, o ex-goleiro disse que não deixaria.



- Se for passar pente fino a gente vai fechar todos os CTs do Brasil - pontuou.

Promotora relata perguntas em casa: "Você quer prejudicar o Fla?"

Ana Cristina Huth contou que "toda a casa é flamenguista" e que seus filhos a questionaram ao vê-la sob holofotes em cima de ações contra o Rubro-Negro.

- Meus filhos perguntaram: “Você quer prejudicar o Flamengo?”. Não, queremos apenas que cumpram a lei. O Flamengo e todos. A gente sabe que a reação inicial, quando se envolve paixão, é sempre de proteção ao clube. É uma situação difícil levantou a promotora.

Representante do Flamengo presenteia deputados — Foto: Reprodução
Representante do Flamengo presenteia deputados — Foto: Reprodução



Durante o seminário, a promotora do MP do Rio questionou o TAC assinado pelo Corpo de Bombeiros. Para ela, um “retrocesso” na fiscalização crescente sobre funcionamento de centro de treinamentos no país.

- Para qualquer estabelecimento funcionar, tem que ter certificado de aprovação. Isso a gente cobra de qualquer pessoa que vai ao Juizado da Infância pedir alvará. O Flamengo tinha que ter certificado do Corpo de Bombeiros para o CT funcionar. Não tinha. Por isso o MP pediu para fechar lá em 2015. Agora eles aparecem com documento em que os Bombeiros dão prazo ao Flamengo para ele se adequar. Está tudo apontado lá como ainda pendente de regularização e dão prazo. Sem prejuízo da abertura do CT. Me causa espanto. Esperamos que o juiz não aceite esse Termo de Ajustamento de Conduta dos Bombeiros. Que retrocesso é esse? Que inovação é essa? De dar mais um prazo para se cumprir o que já devia ter sido cumprido e abrir as portas? Não faz sentido disse Ana Cristina Huth.


Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/mp-quer-tac-com-flamengo-antes-de-audiencia-procuradora-critica-tietagem-explicita-na-camara.ghtml

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