Bom, mas insuficiente: Fla cerca muito, machuca quase nada, e aumenta lista de fracassos na Taça Libertadores



Um time que cerca, mas não machuca. Domina, mas não se impõe. Vence, mas não se classifica.

Dizer que o Flamengo fez uma partida ruim na vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, na noite de quarta-feira, no Mineirão, seria mentira. Por outro lado, não exibiu nada que transformasse em injusta a eliminação nas oitavas de final da Libertadores. E isso não passa somente pela derrota no Maracanã.


Claro que o 2 a 0 para os mineiros no Rio de Janeiro teve influência direta no ritmo da partida de Belo Horizonte. Para ser mais específico, o gol de Arrascaeta, logo aos dez minutos da etapa inicial, já deu ao Cruzeiro as rédeas do confronto há três semanas. Condição que o Flamengo não conseguiu trazer para si, por mais que apresentasse qualidades no Mineirão.

Mesmo sob pressão, a equipe de Maurício Barbieri raramente se desorganizou. Mesmo diante de um estádio pintado de azul, soube ter o domínio das ações. O problema é que mesmo assim praticamente não colocou em risco a classificação celeste. Sejamos objetivos: não houve um momento de pressão ou grande defesa de Fábio.

Fatores que fizeram com que Barbieri apelasse para um fato novo, que não funcionou: escalar Vitinho centralizado com a entrada de Marlos Moreno no lugar de Henrique Dourado, aberto pela esquerda. Era uma alternativa para machucar mais o Cruzeiro no campo ofensivo, mas Mano Menezes soube se preparar para sair de campo com a vaga e apenas ferimentos leves.

Com linhas bem definidas, os mineiros se fechavam em seu campo e deixavam a bola com o Flamengo. O quarteto defensivo praticamente não avançava muito além da grande área, limitando os espaços para circulação e ações em velocidade dos atacantes rivais. Era um ônibus estacionado na entrada da área, como dizem os ingleses, que obrigava o Rubro-Negro a apelar para chutes de fora.

Cruzeiro x Flamengo

Posse de bola: 36% x 64%
Finalizações: 9 x 10 (7 fora da área)
Chances claras: 3 x 3 chances claras
Bolas levantadas: 10 x 17
Passes trocados: 197 x 418

Das cinco finalizações no primeiro tempo, quatro foram desta maneira, com Everton Ribeiro, Vitinho, Cuéllar e Marlos Moreno. Irrelevante para um time que teve 62% de posse de bola. Como se não bastasse, os cruzeirenses aguardavam erros na saída de bola de um Flamengo exposto, espetavam a partir do grande círculo e assim criaram a melhor chance da etapa inicial, desperdiçada por Barcos em erro de Diego.

O panorama mudou pouco na volta do intervalo, e o Cruzeiro sabia ser mais perigoso mesmo diante de um adversário com domínio territorial. Em novo erro na saída de bola, desta vez de Cuéllar, Egídio invadiu a área e errou o cruzamento. Pouco depois, Diego Alves fez milagre diante de Thiago Neves.

Do lado rubro-negro, Marlos Moreno e Rodinei recebiam a bola, mas pouco produziam, e a corrida contra o relógio piorava a situação. A impaciência começava a virar desorganização, e Barbieri trocou Vitinho por Dourado.

Logo de cara, gol: 1 a 0. Léo Duarte, aos 24. O Flamengo que tanto cercou sem levar perigo fez valer a bola parada de um escanteio para renascer no jogo e no confronto. Muito mais pelo placar do que pela produtividade, é verdade.

Com 20 minutos pela frente, Barbieri não se privou de ousar. Trocou Cuéllar por Lincoln, Renê por Geuvânio, mas foi o Cruzeiro que levou mais perigo em duas jogadas de Arrascaeta.

Mesmo com sete jogadores de características ofensivas em campo (sem contar Rodinei), o Flamengo não conseguiu ir além do chuveirinho. Não conseguiu ir além das oitavas de final.

- Temos que ter a serenidade de usar melhor os espaços. O Cruzeiro se fecha bastante. Muitas vezes, tinha o Lucas e o Henrique na frente da área, o Dedé e o Léo lá dentro.

- Sabíamos que teríamos espaço para bater de fora, até por isso escolhemos o Vitinho. Mas não fomos felizes - admitiu Barbieri.

Diego seguiu linha de raciocínio semelhante. Mesmo ressaltando a qualidade defensiva do Cruzeiro, lamentou um Flamengo pouco agressivo na parte final dos ataques:


- Talvez possamos melhorar a profundidade, mas as duas linhas de quatro do Cruzeiro quase dentro da área ajudam a explicar um pouco. É mais complicado para entrar tocando, e o que sobra às vezes é o chute de fora da área. Mas é um pouco do que temos conversado, de dar peso. Não chegar na linha de fundo por chegar. Essa profundidade para agredir deve acontecer.

Repetindo o que foi dito no início do texto: dizer que o Flamengo fez uma partida ruim seria injusto e exagerado. Vencer o Cruzeiro no Mineirão não é pouca coisa. Mas não é suficiente para quem quer ser o melhor time do continente. Sonho que, mais uma vez, ficou para depois.



Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/bom-mas-insuficiente-fla-cerca-muito-machuca-quase-nada-e-aumenta-lista-de-fracassos-na-taca-libertadores.ghtml






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