Guerrero pode ser absolvido? Outros casos no esporte mostram que sim; entenda



O teste antidoping do atacante Paolo Guerrero realizado após a partida do Peru contra a Argentina, pelas eliminatórias da Copa do Mundo, teve um resultado analítico adverso. A Fifa, então, suspendeu preventivamente o peruano por 30 dias. Agora, o jogador terá de se defender para tentar se livrar (ou diminuir) da punição prevista, que é de quatro anos. E isso é possível, tendo como base casos do passado e explicações de especialistas.

A substância encontrada na urina de Guerrero foi a Benzoilecgonina, principal metabólito da cocaína, que também pode ser encontrada em outros produtos. O caminho para que o atacante consiga diminuir a pena ou ser absolvido é provar que não teve a intenção de utilizar a substância proibida, aponta Thomaz Mattos de Paiva, advogado especialista na matéria, com experiência em casos internacionais defendendo atletas e confederações.

- Hoje, a punição nestes casos, quando provada a intencionalidade, chega a quatro anos. Geralmente, nos últimos casos avaliados pela Fifa e até mesmo alguns casos na África e na Europa, houve suspensão de quatro e dois anos. Mas, como falei: tem de se comprovar bem a intencionalidade para que se dê quatro anos de pena. A comprovação do uso através de um remédio que tenha a substância pode facilitar o trabalho da defesa e atenuar o caso para ele - explica Thomaz Mattos de Paiva.

Guerrero já pediu, inclusive, a abertura da contra prova (quando faz o teste antidoping, o jogador urina em dois potes, o A e o B, mas um é guardado e só é aberto nestes casos) e vai a Lima neste domingo com um de seus advogados para se reunir com dirigentes da Federação Peruana de Futebol.

Há, também, a possibilidade de Guerrero ir à Suíça para uma audiência na Fifa. Thomaz Mattos de Paiva explica que a presença do jogador em casos assim ajuda. Ele também destaca: o código contra doping atualmente tenta buscar a verdade, não apenas punir os jogadores.

- O código busca efetivamente pegar os fraudadores e tratar com a atenção necessária, como o que falamos de doping involuntário, acidental. Foram instituídas algumas regras que facilitam isso para mostrar quando não há intencionalidade. Existem os atenuantes que podem ajudar os atletas neste sentido. Nos casos em que atuo lá fora neste sentido a presença do atleta é sempre importante diante dos painéis de arbitragem que julgam esses casos - diz.

Outros casos de absolvição
No ano passado, o canadense Shawn Barber testou positivo para cocaína (diferentemente de Guerrero, que, até agora, só teve um resultado analítico adverso para a Benzoilecgonina) em um exame de antidoping. Mesmo assim, competiu na Olimpíada do Rio de Janeiro. Como? Na ocasião, ele foi liberado pelo órgão do governo canadense responsável, que concluiu que o consumo da droga foi acidental.

Neste caso, Barber contrauiu a cocaína indiretamente, após relação sexual com uma mulher identificada como "Pamela W", em julho de 2015. Ela admitiu, durante o julgamento do caso de doping, que consumiu cocaína antes de se relacionar com o atleta. De acordo com a decisão da entidade, o canadense não presenciou o uso das substâncias ou tampouco suspeitou do histórico da mulher com drogas. Por isso, não teve intenção.

Em 2009, outro caso parecido. O tenista francês Richard Gasquet seria punido com um ano de suspensão, mas conseguiu diminuir para dois meses e 15 dias depois da acusação de doping por uso de cocaína. O Tribunal de Arbitragem Esportiva (TAS, na sigla em inglês) decidiu que ele pode ter sido contaminado de maneira indireta ao beijar uma mulher em uma casa noturna de Miami.

O primeiro resultado analítico adverso no teste de Gasquet também encontrou a Benzoilecgonina, principal metabólito da cocaína, como no caso de Guerrero.

Medicamento?
Rafael Trindade, médico do esporte e perito antidoping, esclarece: o fato de a Benzoilecgonina ter sido encontrada na urina de Guerrero acaba com a possibilidade de o resultado ter sido adverso por causa de um medicamento antigripal, por exemplo.

- Com essa substância, não tem possibilidade de contaminação de medicamento. Eu desconheço. Em suplemento alimentar, também. No caso do chá de coca, teria que ser um consumo abusivo, o que é pouco provável. Mesmo assim teria responsabilidade. Ele vai ter que justificar como a substância entrou e dizer se quer abrir a amostra B. Se não quiser, assume o doping. Ele pode alegar sabotagem, como aconteceu com o Branco contra a Argentina, e também que foi por contato íntimo - fala.

Fonte: Globoesporte.com






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