Por Mauro Cezar Pereira - Domingo o Flamengo registrou prejuízo pelo terceiro jogo seguido com seu mando no Campeonato Brasileiro. Contando a Copa Sul-americana, são quatro partidas com o borderô no vermelho, com o menor público da Ilha do Urubu registrado na partida com o Palestino — 5.170 pagantes, 6.074 presentes e R$ 200.405,00. Domingo, contra o Sport, déficit de R$ 118.925,75 após os R$ 242.900.00 proporcionados por 7.220 pagantes, num total de 9.527 presentes.
Está claro que mesmo com a redução de preços para a peleja contra o Sport (a partir de R$ 80 a inteira para não participantes do programa Sócio Torcedor Nação Rubro-negra) os valores ainda estão caros para o bolso do torcedor. Com um agravante: os associados têm preferência e compram todos, ou quase todos, os bilhetes do setor norte, os mais baratos, se é que podemos chamar assim. Com isso, restam aos demais os setores cujos valores são mais "salgados".
Em outros momentos nos quais o Flamengo estava em má fase a baixa frequência era até certo ponto compreensível. Não hoje, com o bom elenco, de elevado investimento, e disputando títulos, em que pese o fracasso na Libertadores e a mediana campanha na Série A. É incrível que alguns dirigentes não se incomodem com tão poucos rubro-negros frequentando o pequeno estádio da Ilha.
É óbvio que o presidente tem outras preocupações, embora não deva deixar isso de lado. A nova é a Liminar do Supremo Tribunal Federal que desobriga clubes de cumprir obrigações financeiras do Profut. Eduardo Bandeira de Mello foi o dirigente que mais batalhou pela aprovação do programa de socorro às agremiações, com contrapartidas, que vão se esfarelando. Fica claro que o jogo é bruto, pesado — clique aqui e leia no blog do jornalista Rodrigo Mattos.
É inegável que o Flamengo vem mantendo desde 2013 sua política de pagamento de dívidas, reestruturação financeira e postura séria num ambiente no qual cartolas fazem clubes deverem sem se importar. Certos de que nada acontecerá. Com o Profut os caloteiros poderiam ser rebaixados por não cumprirem seus compromissos financeiros. Após a liminar do STF ganharam um sinal verde para dever à vontade, sem risco de punição esportiva. Vale tudo, como sempre foi.
Sim, o futebol tem seu universo muito peculiar e está cada vez mais claro que para ter um time mais forte não basta andar na linha. Outros, que ignoram questões de governança, com administrações bizarras, gastando mais do que arrecadam e devendo a Deus, ao mundo e "ao cara da padaria", conseguem, ainda assim, ter bons elencos. Por que a impunidade aos calotes impera, e continuará existindo. Ser "certinho" não é o bastante.
E fica mais difícil sem a torcida ao lado, barrada pelo bolso, com arquibancadas frias, jogadores em campo (nunca falarão isso, mas sentem, é claro) desanimados com tantos lugares vazios ao redor. Fica feio para a imagem do clube, o mando de campo não é o mesmo e, como o borderô acima não deixa dúvidas, dá prejuízo. É preciso admitir que essa receita não tem nada de bom. E mudar urgentemente.
O que o Flamengo não pode abandonar é a seriedade administrativa. Se outros clubes seguem dando calotes, trabalhando nos bastidores pela impunidade, pelo menos nisso o torcedor rubro-negro pode se orgulhar. Seu clube pode até não ser campeão em campo, muito menos campeão em dívidas, com nome sujo na praça. Essa característica vai ficando cada vez mais para trás, no passado. Pena que outros sigam remando para o lado contrário.
E para quem acha que casa cheia ou vazia não faz diferença, uma pergunta para reflexão: você acha que se no domingo estivesse vazio o setor sul de Itaquera, como o da Ilha do Urubu, sem público; o auxiliar de arbitragem atrás da linha de fundo anularia o gol de Jô?
Fonte: http://espn.uol.com.br/post/728305_bandeira-de-mello-profut-e-os-prejuizos-seguidos-em-jogos-do-flamengo
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