Por João Luis Jr. | ESPN FC: Talvez não da maneira que o torcedor queria ou esperava, mas do jeito que a Nação precisava: com vitória. O resto é composto por detalhes, que bem podem muito agradar ou incomodar. Mas detalhes, diante da situação do Flamengo.
O “parceiro” de Vinícius Júnior, na noite da quarta-feira, foi Leandro Damião. Que chega atrasado, que erra o pivô, que arrisca a bicicleta até na hora do “shark ataque”. Mas que tem se esforçado e se antecipou ao fraco Aranha para fazer o 2 a 0. Talvez seja um bom ser humano, mas irrita demais o torcedor. Assim como Rafael Vaz, que retornou à zaga e realizou uma partida impecável. Ou seja, fora da curva. Bons jogos do zagueiro não convencerão ninguém de que ele melhorou e/ou tem condição de ser titular do Flamengo.
A outra “novidade” esteve no meio de campo. Cuéllar no lugar de Willian Arão, ao lado do insubstituível Márcio Araújo. Confesso que ainda estou à procura de um fundamento em que o colombiano seja realmente bom, mas cometeu falhas bem menos comprometedoras que as últimas do camisa 5. Ronaldo segue parecendo o melhor volante do elenco.
Darío Conca – que com otimismo estrearia em abril – teve seus primeiros 10 minutos em campo com o Manto Sagrado. Pouco fez e desistiu de dar um pique em tabela com Rodinei, já com a vitória definida. Entrou no lugar de Diego, que voltou de lesão errando muitos passes e com o velho problema de prender a bola demais. Ainda assim é o motor do time.
O jogo da lesão de Diego, inclusive, foi o único no ano em que o Flamengo tinha se imposto nos minutos iniciais. Só que contra o Atlético-PR, no Maracanã, o rendimento caiu no segundo tempo. Desta vez, diante da Ponte Preta, o Mengão pressionou no começo e depois seguiu dono da partida. Futebol no padrão tático Zé Ricardo, que vem promovendo mudanças boas e justas na equipe titular.
Foi Zé Ricardo quem botou a faixa de capitão em Réver, foi Réver quem marcou o primeiro gol da Ilha do Urubu. Finalmente estreamos a nova casa; não atingimos a lotação máxima. É inadmissível que o Flamengo não consiga esgotar 16.060 ingressos para a inauguração de um estádio que pode chamar de “seu”. Resultado de um planejamento que botou os preços nas alturas e dificultou a venda a torcedores comuns. Mais uma vez, o benefício cumulativo da meia-entrada ao de sócio-torcedor prejudicou. O rubro-negro que paga “inteira”, seja sócio ou não, teve e terá de desembolsar grande valor para ver o Mengão na Ilha.
Tomando como exemplo o Corinthians, líder do Campeonato Brasileiro e segundo time mais popular do país:
Para o setor Sul da Arena Corinthians (atrás do gol, oposto ao das organizadas), o sócio-torcedor pagou R$ 388,80 no pacote com ingressos para 18 jogos do Brasileirão. R$ 21,60 por partida. Tenha ele o direito ao benefício da meia-entrada ou não.
Para o setor Sul da Ilha do Urubu (atrás do gol, oposto ao das organizadas), o sócio-torcedor pagou R$ 304,00 no pacote com ingressos para 3 jogos do Brasileirão. R$ 101,33 por partida. Esse o torcedor que paga “inteira”. Quem tem o direito à meia-entrada pôde adquirir o combo por R$152,00 – R$50,67 por partida.
Os ingressos do Flamengo são 369,12% mais caros para quem não tem a meia-entrada e 134,58% para quem tem.
Vale destacar que o setor Leste da Ilha do Urubu tem os mesmos preços do Sul, enquanto na Arena Corinthians as entradas custam R$33,60 por partida, ou R$39,20 na área mais central.
O Corinthians não disponibilizou pacote para o setor Norte, o das organizadas. Na Arena, cobra-se R$40 a inteira para esse setor. No pacote do setor Norte da Ilha do Urubu, sai por R$69,34 a inteira, R$34,67 a meia.
Ter uma casa, no Rio de Janeiro, é fundamental. Se não nos querem no Maracanã, transformamos o Luso-Brasileiro em Ilha do Urubu. Precisamos dela abarrotada, mas mais que isso: não podemos passar a vergonha de ver um estádio tão acanhado não ter lotação máxima em jogos do Flamengo.
Há quem se esforce mais, há quem se esforce menos para ver o time de perto, é verdade. A torcida é para que, em pouco tempo, todos se desdobrem ao máximo.
Precisávamos de uma vitória para voltar a sonhar. Ela veio, nos voos rasantes de Réver e Leandro Damião. Que a tempestade cesse, que o céu continue a se abrir. O Urubu lavou a alma. Ainda é tempo de decolar.
Curta nossa Página