Finalistas da Copa do Brasil , Flamengo e Corinthians ainda têm uma diferença
de gastos com futebol , com vantagem rubro-negra. Mas a distância entre os
dois times foi reduzida com o Alvinegro acelerando suas despesas com a equipe.
A questão é que isso foi feito sem redução da dívida corintiana que continua
em patamar bilionário, embora tenha havido crescimento da receita.
É possível entender os números financeiros atualizados dos dois clubes, pois
divulgaram balancetes do primeiro semestre de 2022. Vamos tratar das receitas,
despesas e dívida de ambos para analisar a evolução.
Nos seis primeiros meses de 2022, o Corinthians teve despesa total com sua
operação no futebol de R$ 233,7 milhões. Foram excluídas desta conta as
amortizações de direitos de jogadores que têm efeito meramente contábil. Em
comparação, o clube gastou R$ 136,6 milhões no mesmo período de 2021.
Já o Flamengo teve despesa operacional com futebol no primeiro semestre deste
ano de R$ 247,6 milhões. Também foram excluídas aí da conta as amortizações.
Anteriormente, em 2021, o clube gastara em torno de R$ 200 milhões. Há uma
diferença grande em favor do time rubro-negro nas despesas com contratações se
considerarmos todo o ano.
No item pessoal do futebol, o Corinthians apontou R$ 130 milhões de gasto no
primeiro semestre de 2021, mais R$ 32,8 milhões com serviços de terceiros
(rubrica usada habitualmente para direitos de imagem). Assim, o valor para
pagar o elenco no meio do ano é de R$ 162,8 milhões, um aumento de R$ 42
milhões em relação ao mesmo período do ano passado.
As despesas de pessoal de atividades esportivas e sociais do Flamengo somaram
R$ 138 milhões, com outros R$ 43,7 milhões de direitos de imagem. A vantagem
para o rival gira em torno de R$ 20 milhões. O valor é praticamente estável em
relação ao período o ano passado.
O que faz diferença entre os dois são os investimentos em contratações, bem
maiores no rubro-negro. Ainda não estão registradas todas as operações deste
ano no primeiro semestre, mas o Flamengo investiu 13 milhões de euros em
Everton Cebolinha, fora outras aquisições, como Thiago Maia e Pablo. O
Corinthians priorizou empréstimos ou atletas sem contrato, embora tenha
investido em Fausto Vera.
E o crescimento do gasto do Corinthians com futebol é sustentável? Para dar
uma resposta, é preciso analisar além da receita do clube. Sob o ponto de
vista de operação, o Alvinegro paulista tem aumentado sua renda e, sim, teria
condições de pagar essa folha salarial caso não estivesse tão endividado.
Tanto que fechou o semestre com um superávit operacional.
A receita total do clube no primeiro semestre foi de R$ 379,7 milhões,
portanto, considerável crescimento sobre os R$ 232 milhões do ano passado no
mesmo período. Assim, o Corinthians deve ter uma receita próxima ou superior a
R$ 700 milhões no ano, a depender das premiações. É uma demonstração de
evolução na gestão.
O problema é que o Corinthians soma uma dívida líquida de R$ 917 milhões
(total do passivo, menos ativo circulante e recebíveis a longo prazo), fora o
débito relacionado à construção do estádio que ultrapassa R$ 500 milhões. E o
clube não tem reduzido em nada suas pendências semestre após semestre - a
queda do valor no período foi ínfima. O Corinthians também não tem feito
repasses para o fundo pagar o estádio já que está em período de carência no
novo acordo com a Caixa Econômica Federal, isto é, este buraco não vem sendo
abatido.
O débito de curto prazo do clube gira em torno de R$ 600 milhões, este é o
valor que tem de ser pago em prazo de um ano. Dívidas com fornecedores,
empréstimos e direitos de imagem cresceram um pouco, provavelmente por conta
dos juros.
Quando há um quadro deste, o ideal é reduzir a despesa para poder gerar caixa
e quitar partes da dívida. O Corinthians preferiu acelerar no futebol e,
agora, está em uma final.
Quanto ao Flamengo, a dívida está em patamar sustentável e controlada, abaixo
de R$ 500 milhões, ainda mais se levarmos em conta que a receita estimada no
ano é de R$ 1 bilhão.
Imagem: Divulgação
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