Pouco mais de dois meses se passaram desde que a vitória por 1 a 0 no Maracanã
confirmou a classificação do Flamengo e significou o fim da linha para o
Corinthians nas quartas de final da Libertadores. Desde então, o rubro-negro
viveu uma oscilação até certo ponto natural, em função da decisão de poupar
jogadores e priorizar as Copas. Já os paulistas mostraram sinais de evolução.
Os clubes de maior torcida do país se reencontram amanhã e na próxima quarta
para decidir a Copa do Brasil, com a expectativa de duelos melhores do que
foram as duas partidas pela competição sul-americana.
A escalação rubro-negra será a mesma de dois meses atrás, mas o Flamengo que
deu prioridade ao mata-mata em detrimento do Brasileiro teve, no geral,
números piores coletivamente. Individualmente, alguns atletas acenderam o
alerta pelo baixo rendimento, enquanto outros deram ainda mais esperança por
uma conquista, sobretudo Pedro.
Pelo lado dos paulistas, houve mais mudanças. Renato Augusto emplacou
sequência de boas atuações e é a mente criativa do Corinthians. O meia Willian
deixou o clube e retornou para o futebol inglês, para defender o Fulham. O
ataque ganhou qualidade depois que a formação com Róger Guedes e Yuri Alberto
emplacou — o ex-atacante do Internacional desencantou e passou a empilhar
gols.
Isso ajuda a explicar o pequeno ganho em termos ofensivos e de aproveitamento
de pontos. Nas 13 partidas — seis vitórias, quatro empates e três derrotas —
que disputou desde a eliminação no Maracanã, o time do Parque São Jorge
conquistou 56,4% dos pontos possíveis, número superior ao da temporada: 54,5%.
A média de gols marcados, que é de 1,2 por jogo em 2023, foi de 1,6 no período
posterior ao jogo de despedida da Libertadores.
Já o Flamengo disputou 15 jogos desde a vitória sobre o Corinthians na
Libertadores. Foram nove vitórias, quatro empates e duas derrotas, com 29 gols
marcados, 12 gols sofridos e 68% de aproveitamento — uma queda em relação ao
desempenho que o time apresentava antes daquele confronto, quando teve 82% de
aproveitamento nas 15 partidas anteriores.
Oscilações rubro-negras
O desempenho individual de algumas peças caiu. Muralha quase intransponível, o
goleiro Santos falhou em dois jogos seguidos. Primeiro, no Fla-Flu, rebatendo
chute fraco de Matheus Martins, na jogada do polêmico pênalti marcado sobre
Cano. Contra o Fortaleza, deu rebote em chute de Moisés no último minuto de
jogo, que resultou no gol de Caio Alexandre. Ele foi dos poucos atletas que
atuou em todos os jogos no período.
Rodinei, por sua vez, não conseguiu manter o bom nível em jogadas ofensivas e
passou a falhar mais nas ações defensivas. O mesmo ocorreu com volante João
Gomes, que neste período teve erros técnicos que não costuma apresentar,
justamente após ter o contrato renovado e um aumento salarial em setembro.
No ataque, por outro lado, houve crescimento. Pedro, convocado para a seleção,
fez 10 gols nos 13 jogos que disputou com o Flamengo. Por duas vezes, marcou
um hat-trick, contra Vélez e Bragantino. Gabigol balançou as redes seis vezes
em 12 partidas. Com o mesmo número de jogos, Arrascaeta só fez um gol no
período e é quem mais preocupa no ataque por questões físicas. Desde aquele
jogo conta o Corinthians pela Libertadores o uruguaio revelou um incômodo no
púbis e faz tratamento recorrente para suportar as dores e seguir atuando.
Os triunfos sobre o Corinthians na Libertadores vieram em meio a uma fase
invicta que somou 19 jogos, e terminou no clássico com o Fluminense, dia 18 de
setembro, seguido por uma derrota para o Fortaleza, ambos pelo Brasileiro.
Entre uma partida e outa o técnico Dorival Júnior teve dez dias livres para
treinar a equipe em meio a amistosos da seleção, mas não pôde contar no
período com Pedro, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Varela, Vidal e Pulgar.
As derrotas para o Flamengo na Libertadores serviram de lição para o
Corinthians. Com proposta mais defensiva, o time conseguiu controlar até bem o
ataque rubro-negro, mas viu suas chances ruírem quando a qualidade individual
dos jogadores do rival apareceu, casos das finalizações certeiras de
Arrascaeta, Gabigol e Pedro.
Desde então, o Corinthians se tornou uma equipe com mais recursos ofensivos. A
tendência é buscar mais o gol, especialmente no jogo de ida, amanhã, na Neo
Química Arena, e repetir a proposta de jogo que funcionou contra o Fluminense
na semifinal da Copa do Brasil — na ocasião, a boa atuação surpreendeu o
adversário carioca, que vinha em boa fase na temporada.
— Acredito que nossa equipe chega em seu melhor nível, com possibilidade real
de título — frisou Vítor Pereira, técnico do Corinthians: — Pressionamos,
marcamos, jogamos, criamos chances de gols... Fizemos o possível em termos de
gestão. Temos que ter fome!
Imagem: Divulgação
Clique aqui para ver mais notícias do Fla
Tags
Copa do Brasil