Por Diogo Dantas | Extra:
De uma das cabines do Maracanã, onde o Flamengo volta a jogar hoje, contra o
Cuiabá, às 20h30, o vice de futebol Marcos Braz tem assistido às cobranças da
torcida rubro-negra, que vão além do técnico e dos jogadores, e chegam com
força à diretoria em meio à péssima campanha no Brasileiro — a uma posição da
zona de rebaixamento.
Com um currículo vencedor a frente do futebol do clube, o dirigente resiste à
pressão externa e interna por mudanças e uma maior profissionalização da
pasta. Após se recuperar de um problema de saúde recentemente, chamou para si
a responsabilidade de mais uma troca de treinador, demitiu Paulo Sousa e
contratou Dorival Júnior, em um esforço para que o Flamengo retome a boa fase.
Aos mais próximos, Braz já indicou que não vai abandonar o barco em um momento
ruim do clube. Com eleições no Brasil no fim do ano, o vice de futebol tem
pretensões de se candidatar a deputado federal, mas precisa de um momento mais
oportuno para se eleger. Ele segue a agenda como vereador pelo PL no Rio de
Janeiro e por enquanto não dá sinais de que vai deixar o cargo no clube.
Internamente, o prestígio junto ao presidente Rodolfo Landim se deve
principalmente ao papel que Braz ainda desempenha. Ainda que haja relatos de
desgaste no comando do futebol, o dirigente é quem responde diretamente pela
pasta junto ao mercado e no trato com jogadores, agentes e funcionários do
futebol do Flamengo. Braz mantém influência no dia a dia mesmo quando está um
pouco mais afastado, como ocorreu em viagens recentes por questões de saúde.
Na demissão de Paulo Sousa, coube ao vice de futebol decidir interromper o
trabalho, assim como foi ele quem bateu o martelo no começo do ano que o
português seria contratado e não haveria mais espera por Jorge Jesus. "Quem
manda no clube é o Braz. Esquece o resto", disse uma fonte do mercado à
reportagem. Na prática, apesar de funções de diretor, gerente e supervisor
abaixo do vice de futebol, é de Braz a palavra final.
Entre os atletas e membros da diretoria, os sinais de desgaste durante a má
fase foram claros. Braz foi questionado internamente por aparecer menos em
público, defender menos o trabalho, os jogadores e o técnico, e se viu
criticado também por conselheiros e torcedores, com direito a faixas no
Maracanã, protesto na Gávea e no aeroporto.
O cenário gerou movimentação política no clube para que opções fossem
cogitadas, mas tirar Braz não é tarefa fácil. O dirigente tem boa entrada com
alas da oposição e a guerra fria com vice-presidentes da gestão Landim é
administrável. Um rompimento abrupto poderia gerar uma cisão incontrolável no
governo, na visão de muitos.
Com capacidade de mobilização, Braz ainda dita os rumos do futebol do Flamengo
para que Landim não se envolva tanto e não seja ele o alvo principal.
Recentemente, o presidente se apresentou para estar com o elenco nas partidas,
mas a partir da primeira derrota voltou a se "esconder". Terceirizou para Braz
e outros homens de confiança, como Diogo Lemos, do Conselhinho do Futebol, o
papel de seguir com o trabalho e fazer as correções que forem necessárias sem
mexer na estrutura.
Nesse contexto, o Flamengo interrompeu mais um projeto com um treinador
diferente, para o qual dava respaldo, e renovou a comissão técnica momentos
antes de entrar na janela de contratações. Com dinheiro para ir ao mercado, os
reforços pedidos desde janeiro por Paulo Sousa devem enfim começar a chegar, e
a reformulação pretendida junto ao técnico português ganhar a assinatura da
diretoria, que tentou esticar a corda para fazer os investimentos e agora se
vê sem saída.
Com gelo no sangue, Braz atravessa a má fase do Flamengo sem aparecer nem para
apresentar Dorival Júnior, no aguardo de um momento mais apropriado para se
expor. E ele virá em breve, com as movimentações junto ao diretor Bruno
Spindel pelos reforços que o elenco precisa, e para decisões que envolvam
também a saída de jogadores, como Andreas Pereira, que não deve ter a compra
confirmada, e outros em fim de contrato, como Isla, Diego, Rodinei e Diego
Alves.
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Imagem: Divulgação