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Paulo Sousa chegou ao Flamengo e recebeu da diretoria a 'chave' do Ninho do
Urubu. Perto de completar dois meses desde a apresentação, o português é
destacado por uma maneira única de trabalhar: muito estudo, olhar para os
jovens da mesma maneira que tem com os experientes e a busca para deixar um
legado no clube.
Logo nos primeiros dias, Paulo Sousa focou sempre no trabalho. Já conhecia boa
parte do elenco do Flamengo, inclusive os mais jovens. E foi atrás de
informações daqueles que não estava no seu radar.
A primeira medida de Paulo Sousa foi procurar os profissionais da base para
saber um pouco mais sobre as características dos atletas que haviam sido
promovidos e os que estavam se destacando nas categorias inferiores. Recebeu
relatórios e perguntou sobre os processos, métodos de avaliação dos atletas,
estrutura física e humana entre outras coisas.
Rapidamente, todas as informações que chegavam sobre Paulo Sousa foram
confirmadas no trabalho com o elenco. Por ser um estudioso de futebol de base
no mundo, o português é conhecido por dar muita atenção à parte formadora dos
clubes em que trabalha. Por exemplo, ele já conhecia alguns atletas como
Lázaro e Matheus França, este último promovido em definitivo por Paulo Sousa.
Como Paulo Sousa conhecia jovens que sequer tiveram sequência no Flamengo? É
simples. O técnico é próximo a analistas e observadores de clubes europeus. E
esses profissionais o ajudaram a se aprofundar mais no universo da base
rubro-negra. Lázaro, destaque do título sub-17 do Brasil em 2019 foi muito
badalado na Europa. O mesmo vale para Matheus França, sensação da base
rubro-negra e que já entrou no radar do Real Madrid, como antecipou o
ESPN.com.br em novembro.
Atenção especial aos jovens do Flamengo
Paulo Sousa chegou ao Flamengo no dia 10 de janeiro. Sua estreia aconteceu
apenas no dia 2 de fevereiro, contra a Portuguesa-RJ. Só que o olhar clínico
para os garotos foi imediato. Ainda na pré-temporada, enquanto preparava o
time principal, acompanhou algumas atividades do grupo de Fábio Matias,
principalmente os jogos-treino. Observou de perto os meninos que jogaram as
primeiras rodadas do Estadual.
Com as equipes unificadas no trabalho visando toda a temporada de 2022, Paulo
Sousa seguia olhando para todos. Passou a ser comum vê-lo concedendo atenção
especial aos jovens, ensinando fundamentos, mostrando como bater na bola nos
passes e cruzamentos, fazendo exercícios extras quando o campo já está vazio.
Na filosofia do rodízio de Paulo Sousa, nome não garante vaga. E o discurso
sempre foi direto com o grupo: há espaço para todos. E joga quem estiver bem e
assimilando melhor as ideias do sistema de jogo dele. Independentemente de
idade ou currículo. O profissionalismo do português é visto com bons olhos em
todo o grupo.
E os exemplos são muitos. No gol, Hugo Souza largou na frente do experiente e
multicampeão no clube Diego Alves. Na lateral-direita, Isla, que era titular
absoluto com Domènec Torrent, Rogério Ceni e Renato Gaúcho, passou a ser
terceira opção, sendo superado por Rodinei e Matheuzinho.
No meio-campo, dois jovens se destacam: João Gomes e Lázaro. O primeiro
colocou Andreas Pereira no banco na Supercopa do Brasil contra o Atlético-MG.
Enquanto isso, o segundo entrou no lugar de Everton Ribeiro e deu uma linda
assistência para Bruno Henrique. Contra o Botafogo, apareceu como titular e
teve outra boa atuação. Na ocasião, participou do gol de Pedro e deu
assistência para Gabigol.
Em entrevista coletiva, elogiou publicamente a dupla de jovens. Segundo Paulo,
ambos 'assimilam' o que a comissão técnica pede.
Portugueses preocupados com o futuro
O sucesso de Jorge Jesus foi algo estrondoso no futebol brasileiro. Só que a
saída do Mister e toda a comissão causou o mesmo impacto no Ninho. O Flamengo
se viu dependente de uma comissão grande, o que faltou com Dome, Ceni e
Renato. Por isso, a diretoria viu em Paulo Sousa um caminho parecido com
aquele trilhado no segundo semestre de 2019. Com uma diferença: a preocupação
dos profissionais com o futuro do clube.
A comissão estrangeira, diferentemente das passadas, tem a preocupação de
deixar um legado, seja na área científica, técnica, gestão de pessoas, nos
processos de integração entre profissional e base e nas metodologias de
trabalho. Ao todo, Paulo Sousa chegou com mais seis profissionais: os
auxiliares Manuel Cordeiro e Victor Sanchez, os preparadores físicos Lluis
Sala e Antonio Gómez, o preparador de goleiros Paulo Grilo e o analisa de
desempenho Cosimo Cappagli.
Todos eles não hesitam em dividir informações com os outros membros da
comissão. No Ninho, repassam os conhecimentos adquiridos na Europa para o
clube avaliar se no futuro irá ou não inserir definitivamente na cultura
organizacional. Promovem palestras regulares para os colaboradores da área de
performance do profissional e da base. Tudo o que faltou no passado com os
últimos treinadores de Jesus a Renato.
Em entrevista ao Charla Podcast, Mauricio Souza, ex-auxiliar do Flamengo,
afirmava que o trabalho do Mister era guardado a sete chaves. E a postura
certamente causou uma dependência ao Flamengo. Desta vez, com a própria
filosofia de Paulo Sousa, um legado será deixado no clube.
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Imagem: Divulgação
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