O Globo:
O Fluminense foi absolvido nesta quarta-feira pelo Tribunal de Justiça
Desportiva do Rio de Janeiro da acusação de racismo contra Gabigol, do
Flamengo, no clássico realizado em 6 de fevereiro pelo Campeonato Carioca. O
clube rubro-negro, no entanto, foi multado em R$ 20 mil por cantos homofóbicos
de sua torcida na mesma partida.
Em ambos os casos, a decisão foi unânime: os cinco juízes votaram punindo o
Flamengo e absolvendo o Fluminense.
No caso em análise sobre Gagibol, o Flu poderia ter sido punido com a perda de
até 3 pontos e multa de até R$ 1 mil, caso o TJD-RJ tivesse acatado a denúncia
da procuradoria-geral a partir do depoimento do atacante. Ele disse ter sido
xingado de “macaco” no intervalo da partida, conforme registrado em vídeos
compartilhados nas redes sociais.
A multa ao Flamengo, por sua vez, tinha teto de até R$ 100 mil. A torcida
entoou cânticos que diziam: “que palhaçada, esse pó de arroz, tricolor v...,
passa maquiagem, dá o c.. depois...”.
O entendimento do colegiado responsável pelas análises, presidido pelo auditor
José Teixeira, foi que, apesar de episódios de racismo nos gramados serem
“gravíssimos”, não houve provas que confirmassem se o Fluminense descumpriu o
artigo 243-G do Código Brasileiro da Justiça Desportiva (sobre a prática de
“ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em
razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade (...)”). O mesmo não aconteceu
no caso do Flamengo.
Tanto o Fluminense quanto o Flamengo entregaram ao TJD-RJ resultados de
perícias independentes que analisaram o caso de Gabigol.
No serviço encomendado pelo Flu, assinado pela perita Valéria Leal,
concluiu-se que não era possível identificar a autoria e o conteúdo exato dos
xingamentos contra Gabigol. Contratado pelo Flamengo, o perito Ricardo Molina
identificou o contrário: registrou o uso da palavra “macaco” duas vezes contra
Gabigol.
O jogador, apesar de não ter levado o caso à polícia, depôs ao TJD por
videoconferência em 18 de fevereiro.
Na ocasião, narrou sua versão dos fatos por cerca de uma hora e disse que não
gostaria de deixar que o caso passasse impune. Foi ouvido, entre outros
integrantes do TJD-RJ, pelo procurador-geral André Valentim, que optou por
denunciar o Fluminense.
O julgamento de hoje aconteceu no Centro do Rio, sem a participação de
Gabigol. O Fluminense apresentou duas testemunhas ao TJD-RJ: a própria perita
e o preparador físico do clube Marcos Seixas. Seixas informou à Corte que
conversava com Gabigol no momento em que as ofensas foram proferidas e que,
apesar de ter ouvido os xingamentos, não é possível afirmar que eles tinham
cunho racista.
Caso tivesse sofrido punição pela fala racista, o Fluminense, líder do Carioca
com 27 pontos, passaria a somar 24 pontos, com uma diminuição na vantagem
sobre os 23 pontos do próprio Flamengo, segundo colocado. Os times entram em
campo no sábado, na nova rodada do campeonato, em partidas diferentes: o Flu
disputa com o Boavista e o Fla diante do Bangu.
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Imagem: André Fabiano/Código19 / Estadão