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Na última quarta, o Flamengo viveu uma noite para apagar resquícios de
frustração e ressaca após a Supercopa do Brasil. Havia uma lupa sobre o
trabalho de Paulo Sousa por conta dos revezes nos únicos jogos contra clubes
grandes, mas a imponente vitória contra o Botafogo mostrou que o trabalho está
nos trilhos e que o técnico tem obtido êxito em seu estratégico rodízio.
O Flamengo foi dominante do início ao fim do jogo. Os primeiros 20 minutos,
aliás, foram um massacre, com um gol marcado, uma bola na trave e um arremate
defendido, à queima-roupa, por Gatito Fernández. Aliás, a eficácia é um dos
pontos que Sousa apontou como algo a aprimorar nos próximos dias:
-Tivemos boa qualidade no jogo, conseguimos ir por fora quando o nosso
adversário fechava por dentro. Pudemos dar verticalidade por dentro ao nosso
jogo. A mobilidade dos três da frente foi extraordinária. Chegamos à área
várias vezes. Temos de melhorar na eficácia como sempre. Poderíamos ter o
controle do jogo já no primeiro tempo. Pecamos ainda muito pela eficácia. Vai
haver jogos em que o número de oportunidades vai ser menor do que o que
criamos hoje. E essa eficácia com certeza vai fazer a diferença - analisou.
Os "três da frente" são Gabi, Arrascaeta e Pedro. O primeiro foi o arco e a
flecha, com uma intensa movimentação por trás do terceiro, que também deixou
de ser " muito estático", como já havia alertado o treinador do Fla, e abriu
espaços para o uruguaio e jogadores do meio aparecerem dentro e nos arredores
da área. O Botafogo foi facilmente envolvido pelo Rubro-Negro.
Autor do gol inaugural, Pedro reflete a atual eficiência da rodagem no elenco
de Paulo Sousa, que tem mantido boa parte do time inteirado com as suas ideias
táticas, ritmo de jogo e competitividade elevada, já que a sensação passada é:
se não se empenhar e desempenhar, vai ficar para trás. Seja quem for.
A reportagem do L! abordou o português, que havia pedido mais "fome" ao
plantel após o vice na Supercopa, para saber o que ainda o desagrada quanto ao
quesito tático:
- Sobretudo temos que melhorar de conduzirmos os jogos para não termos pausas,
mesmo que o adversário procure essas pausas desde muito cedo. Temos de estar
muito focados no jogo. Depois, dentro da facilidade que o jogo parece ter,
temos que estar intensamente concentrados para que nosso jogo seja
consistente. E isso mentalmente é algo que a equipe tem que entender e
melhorar.
- Principalmente quando fazemos substituições com jogadores de características
diferentes, principalmente os que têm característica de contra-ataque e
transições ofensivas, ligando velocidade. Temos que ter a capacidade de pensar
que todas as jogadas têm que ser finalizadas. Não podemos perder bolas para
termos a dupla transição. Corremos demasiadamente, deixamos de ter controle e
aconteceu em algum momento - completou o Mister.
A falta de controle em determinados momentos, por desconcentração e
displicência de um ou outro jogador, poderia cobrar mais caro se o adversário
estivesse num nível mais elevado. Mesmo assim, o Fla trocou 463 passes (13 a
mais em relação à média do clube no Carioca), com 91.8% de precisão, e
finalizou 19 vezes (47.4%), quatro a mais do que a sua média na competição -
os números são do site "Footstats".
São 26 jogadores utilizados, nenhuma escalação repetida por Paulo Sousa, em
sete jogos, e um rendimento coletivo que tem se mostrado em evolução. O
triunfo de ontem refletiu a promissora simbiose entre estratégia e
resultado.
O PRÓXIMO JOGO
Depois da vitória no clássico, o Flamengo já vira a chave para pegar o Resende
no próximo domingo, às 16h, novamente no Estádio Nilton Santos. A partida é
válida pela nona rodada do Carioca e terá transmissão em tempo real do L!.
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Imagem: Gilvan de Souza