Trivela: Quando Vanderlei Luxemburgo assumiu o comando do Real Madrid em 2005, Jordi
Guerrero i Costa (Arbúcies, 1967) era professor de educação física para
crianças de até 12 anos em escolas catalãs. Sempre esteve envolvido com o
futebol; já com 30 anos treinava pequenas equipes locais em divisões
inferiores e chegou a assumir o comando do Palamós CF, em 2013. Neste ano,
porém, foi convidado a fazer parte da comissão técnica de Pablo Machín,
treinador do Girona. O acompanhou no Sevilla e no Espanyol. Em 2020, recebeu
uma proposta inusitada num almoço com Domènec Torrent, quem ele conhecia há
algum tempo do meio do futebol e que havia sido auxiliar de Pep Guardiola no
Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City: ser o seu auxiliar no
Flamengo. Jordi não hesitou; fez as malas e partiu para o Brasil.
Pouco mais de um mês após a sua chegada, estava trancado num quarto de hotel
em São Paulo preparando o jogo contra o Independiente del Valle. A situação
era totalmente inesperada: quase todo o elenco e a comissão técnica haviam
testado positivo para o coronavírus, entre eles o próprio técnico, Dome. Com a
ausência do treinador, a responsabilidade de comandar o Flamengo era agora de
Jordi.
A viagem para a capital paulista foi para enfrentar o Palmeiras. E aconteceu
alguns dias após uma duríssima derrota contra o Independiente del Valle no
Equador, 5×0. Alguns já pediam a demissão de Domènec Torrent. “Tinha gente
jogando com Covid”, relembra ele agora da sua casa em Barcelona. Os óculos
estilosos e a postura desenfadada seguem os mesmos de quando esteve no Rio de
Janeiro. “Chegamos no Rio e o time inteiro ficou de quarentena. O time
inteiro. Menos o Thiago Maia, o Pedro e eu. Todos com Covid”, recapitula.
Epidemia de Covid logo na chegada
Jordi está tranquilo. Desfruta da sua vida na capital catalã; na terça-feira,
por exemplo, estava no Camp Nou para ver o empate entre Barcelona e Benfica.
Nas entrelinhas, porém, sente-se um sabor amargo, a sensação do que poderia
ter sido, de uma oportunidade gigantesca que passou rápido demais. “Perdemos
de 5×0, com a altitude, em Quito, mas os caras estavam com Covid. Isso se nota
muito, não podiam correr, estavam asfixiados”.
Quando chegaram no Rio de Janeiro tiveram a confirmação: 41 membros da
delegação testaram positivo, entre eles 19 atletas. “Vieram todos os jogadores
da base e o treinador do sub-20, para que nos ajudasse um pouco”. Jordi tinha
que escalar o time para o próximo jogo, contra o Palmeiras, em São Paulo.
“Fizemos alguns treinos, falei com o Dome; ele me disse: ‘Jordi não sei,
porque não estive nos treinos, estou com Covid, estou em casa, decide você’.
Escolhi o time que jogou e os meninos jogaram muito bem. Podíamos até ter
vencido”, recorda Guerrero. E a partida supostamente não iria acontecer. Por
isso Jordi já estava no seu quarto, tranquilo, planejando a partida de volta
contra o Independiente del Valle.
“A gente pensava que não jogaria. Estávamos dentro do ônibus para ir para o
jogo e nos disseram que não, que não teria jogo, que seria adiado”. O time
voltou para o hotel. “Eu comecei a preparar o jogo da Libertadores e desliguei
o celular. De repente vieram me buscar no quarto, falando que já estava todo
mundo no ônibus e que só faltava eu. Falaram que o jogo aconteceria. Chegamos
no estádio e não nos deixaram nem aquecer. Nos disseram: ‘em quinze minutos
vocês vão ter que entrar em campo. Se vocês se atrasarem darão os pontos ao
Palmeiras’. Aquecemos um pouco no vestiário, fizemos a preleção. I a jugar”. E
a jogar.
E de repente ali estava ele. Camisa branca de malha, short de academia do
Flamengo, calçados esportivos, os óculos estilosos. Na beira do campo ele
gesticulava, pulava, gritava. “Quando você tem garotos em campo, você tem que
dirigi-los, ajudá-los. Tem que falar muito com eles”. A alguns metros
estava Vanderlei Luxemburgo, aquele técnico que ele via pela televisão 15 anos
antes. “Nunca teria imaginado isso”, reconhece sorridente.
Guerrero e sua postura aguerrida
De um dia para o outro, virou o xodó da torcida. Com sete jogadores com menos
de 23 anos, o Flamengo conseguiria segurar o empate (1×1) contra o time
titular do Palmeiras em São Paulo. A postura de Jordi contrastava com a do
técnico Dome, que era criticado por ser algo indolente, apático. Os torcedores
gostavam da energia de Guerrero. “Mas isso não ganha jogo, é uma forma de ser
de cada um. Não quer dizer que o que se move e grita mais seja melhor”.
Na terça o confronto era contra o Del Valle, que lhes havia metido a infame
goleada nos arredores de Quito. Na área técnica lá estava Guerrero novamente,
elétrico. Viralizou o vídeo de uma discussão sua com um membro da comissão
técnica do time equatoriano, supostamente Miguel Ángel Ramírez. “Não foi com
ele, foi com o auxiliar. Eu estava pedindo um cartão por uma entrada forte e
ele me falou para ficar quieto, que eu estava sempre reclamando. Eu lhe disse
que deveria calar-se porque é preciso saber ganhar e saber perder. Como não
tinha gente no Maracanã, se escutou tudo com os microfones. Depois algum
torcedor me enviou o vídeo”, diz quase gargalhando.
O Flamengo deu o troco no Del Valle, ganhou por 4 a 0. Depois do jogo, só se
falava em Jordi Guerrero. Algum jornalista chegou a dizer que ele deveria ser
efetivado, com o Dome como seu auxiliar. A torcida ia na mesma onda. “Isso é
sensacionalismo. A tática que utilizamos no jogo é do Dome. Eu estou ali para
ajudar, proponho coisas, mas no final das contas é o treinador quem tem a
responsabilidade de tudo. Eu entendo a torcida. Mas isso são formas de ser,
tem gente que é mais quieta, gente que é mais agitada. Por sorte deu certo. Se
a gente perde de 5×0 eu seria o pior do mundo”.
Mas nos dois duríssimos jogos em que esteve no comando do time, o Flamengo não
perdeu. A forte identificação por parte da torcida já era irreversível. Até
hoje as suas redes sociais estão cheias de mensagens de torcedores
flamenguistas. Ainda sem ter sentido o Maracanã lotado o apoiando, Jordi ficou
maravilhado com o carinho da torcida. “É uma loucura. O Filipe Luís sempre me
dizia que jogou em todos os estádios da Europa e igual o Maracanã não tem. Eu
tenho pendente de ir um dia ao Maracanã cheio, ver o ambiente, quero fazer
isso. Eu vou fazer isso! Não sei quando, mas um dia irei ver um jogo. Gostaria
que fosse como técnico, né?”, diz sorrindo. “Mas se não for como técnico, como
espectador e desfrutar disso”.
As goleadas minaram o trabalho
A experiência no Brasil não foi um mar de rosas. Os catalães vieram para
ficar, gostariam de ter tido mais tempo para trabalhar, construir um projeto a
longo prazo. A implementação da sua forma de jogar assemelha-se ao processo de
aprendizagem de um idioma. “Estamos ensinando-lhes uma nova língua e temos que
ir passo a passo: como se estivéssemos ensinando os números primeiro, depois
os dias da semana, depois os verbos, e assim por diante”, disse Dome quando
era auxiliar de Guardiola a Martí Perarnau no livro Herr Pep (Pep Guardiola: A
evolução, publicado em português pela Editora Grande Área) após a chegada no
Bayern de Munique.
Depois de desembarcar no Brasil, Jorge Jesus teve todo o período da Copa
América de 2019 para treinar a equipe. Torrent e Guerrero, porém, nem
sequer tiveram tempo para preparar o time. Os catalães chegaram no dia 3 de
agosto e no dia 9 já enfrentavam o Atlético no Maracanã. Em menos de 100 dias,
Dome e Jordi já estariam no Galeão novamente, agora com a passagem só de ida
para a Espanha. “Pegamos a equipe com muitos desfalques, tinha o Covid. Você
não tem tempo para implementar tudo. Mas o time começava a fazer boas
partidas”.
Fica a impressão de o que os minou realmente foram as goleadas: além da
sofrida contra o Del Valle, o 4 a 1 para o São Paulo e o 4 a 0 para o Galo.
“Eu entendo a torcida. Perder de goleada é ruim, mas olha, o Bayern há pouco
tempo tomou de 5 a 0 e ninguém falou nada… ninguém dúvida. É um pouco essa a
diferença”, argumenta. “No jogo do São Paulo nós perdemos dois pênaltis,
podíamos ter empatado, e termina 4 a 1 com um contra-ataque no final. O do
Atlético, em menos de 10 minutos já perdíamos por 2 a 0. Os jogadores que
pegaram Covid precisaram de um tempo para se recuperar. E ainda assim, durante
esse tempo a gente continuou competindo e estávamos a um ponto do líder. Então
você imagina que quando se recupere todo mundo…”.
E sim, apesar dos pesares, Dome deixou o Flamengo na 20ª rodada do
Brasileirão, a um ponto do líder Internacional, classificado para as oitavas
da Libertadores, em primeiro do grupo, e nas quartas da Copa do Brasil. Quando
chega Rogério Ceni, o rubro-negro é eliminado das duas copas, mas termina por
vencer o Campeonato Brasileiro. “E ganha no último momento, porque anulam
aquele gol do Inter… Se não anulassem aquele gol…”
O título também é de vocês? “Home, clar! (Homem, claro!) Oficialmente não, mas
o consideramos um pouco nosso, porque no final das contas quando perdemos
contra o São Paulo levávamos 12 jogos sem perder, já começávamos a ter bons
números. Acho que com um pouco mais de paciência, teríamos ganho o
Brasileirão, com certeza. Talvez a Copa do Brasil não, porque o resultado da
ida contra o São Paulo era difícil [de reverter]. Mas acho que a liga teríamos
ganho bem. E a Libertadores… Bem, na Libertadores a gente competiu muito bem.
Ficamos em primeiro no grupo e estávamos competindo bem. Não se sabe nunca. Se
tivéssemos tido tempo, poderíamos estar sábado no Uruguai jogando a final da
Libertadores”, brinca Jordi.
“A gente começava a estar bem justo quando fomos demitidos. Começava a
conhecer o time, a cidade, a torcida, um pouco o Brasileirão, porque tinha
jogado contra todos os times; agora começava o segundo turno sabendo o que
encontraria. Mas o futebol tem dessas coisas”, diz, com um tom resignado.
“O futebol no Brasil é talvez um pouco menos organizado do que na
Europa”
Jordi então examina um pouco os pontos negativos do Flamengo na passagem de
Dome e embarca numa análise do futebol brasileiro, abundante em matéria-prima,
desprovido de organização. “É verdade que estávamos sofrendo muitos gols, mas
também é verdade que a gente não podia repetir defensores em nenhum momento. O
Rodrigo Caio estava lesionado. Os jovens que entravam estavam um pouco
assustados. Léo Pereira e Gustavo Henrique são muito bons jogadores, mas
precisam de tempo. Além disso, se você não tem tempo, tudo é urgente. E como
lá tudo é urgente, acontece o que aconteceu”, sentencia Guerrero. “O futebol
no Brasil é talvez um pouco menos organizado do que na Europa; é muito dos
jogadores, se você tem um jogador muito determinante, ele é um pouco mais
anárquico e pode fazer coisas que te solucionam partidas, mas depois podem
gerar problemas na defesa, porque você está muito mais desorganizado”.
Taticamente, o Brasil e Europa são dois mundos à parte. O Flamengo, após a
saída de Pablo Marí pareceu não ter encontrado outro zagueiro capaz de manter
a linha defensiva adiantada, sustentando a pressão. “Eu tive o Marí no Girona.
E não jogava porque era lento. Para você ver a diferença de velocidade que há
entre um lugar e o outro”. Dome sofreu com o setor defensivo. Além da saída de
Rafinha e Marí, Rodrigo Caio era perseguido pelas lesões. O zagueiro era
essencial para o esquema que Dome queria implementar. Jordi chegou a dizer que
era “o nosso Piqué”. Agora, por fim o Flamengo parece ter encontrado o seu
companheiro ideal: David Luiz.
“No outro dia fez uma partida incrível. Jogou muito bem. Por quê? Porque
atualmente no futebol há duas coisas chave: o tempo e o espaço. Se você
controla o espaço – geralmente os jogadores desse nível o fazem bem -, o
problema é o tempo que você tem para fazer as coisas. E aqui na Europa tudo
vai mais rápido. A diferença é essa. Acho que, no geral, se todo o futebol
brasileiro fizesse uma mudança tática, fosse mais organizado, se os jogadores
não tivessem liberdade absoluta, acho que o futebol do Brasil faria um salto
qualitativo. Porque os jogadores são muito bons. O Everton Ribeiro… O Pedro…
pfff… O Pedro é completo. Pode jogar de frente fácil, finaliza, além disso
pode receber de costas, girar e marcar. São poucos os jogadores que podem
fazer isso. Eu e o Dome sempre falávamos: ‘hostia aquest!’” [algo
intraduzível, talvez como: “Meu deus, esse cara!].
Torrent parecia ter especial predileção por Gérson, o escalando em várias
funções no meio de campo. Agora ele sofre para se firmar no Olympique de
Marseille de Jorge Sampaoli. “A gente lhe dizia que jogasse para frente, que
não parasse a bola e protegesse para girar. E tenho visto os seus jogos, não
está jogando mal. O problema é que aqui é tudo muito rápido. Você tem que
estar acostumado a pensar depressa, mover-se depressa, e a liga francesa, por
exemplo, é uma liga muito física”.
A sensação é que Dome e Jordi, com a toda a bagagem acumulada ao longo da
carreira, tinham muito a acrescentar ao futebol brasileiro. A cultura
futebolística do país, porém, foi impiedosa com eles. “O problema do Flamengo
é que internamente é difícil. É um clube difícil porque não manda uma pessoa
só. Mandam três grupos diferentes. Há muita tensão lá dentro. Isso é muito
mais complicado do que o time, o time está muito bem. Por exemplo, falavam que
a gente tinha problema com o Gabigol. Nada. Zero problema. Não tinha problema
com os jogadores. O problema foi a falta de paciência. Um problema mais
político, interno do clube; tinha gente que não nos queria lá pelo motivo que
fosse. Nós estávamos no meio, e o fácil era nos demitir. Você vê a diferença
do futebol de um lugar e do outro pelo fato de que um técnico [Eduardo Coudet]
que estava no Internacional e era líder foi treinar o Celta que brigava para
não cair na Espanha. Você agora fala com um técnico sobre ir para a Espanha ou
para o Brasil; por que escolherão a Espanha antes do Brasil? Talvez por isso”.
“No Brasil não se tem essa seriedade de fazer um contrato e dar tempo para
crescer. Não, aos três meses, fora. Chega o [Miguel Ángel] Ramírez porque lhe
ofereceram algo bom e em três meses, fora. Vem o Diniz que estava bem no São
Paulo, fora. O que queremos? Um técnico resultadista? É difícil porque se você
só joga pelos resultados é como uma roleta-russa. Um dia você vai bem, um dia
você vai mal. E o dia em que você vai mal, como você não tem estilo… Você se
diz: ‘Estou ganhando muito, mas não sei como jogamos. Se machucam esse, aquele
e o outro. E agora como jogamos? Como já não tenho eles, não podemos jogar
como antes’. Você tem que criar um estilo, e que todo mundo jogue nesse
estilo. Eu acho que essa é a diferença que há atualmente entre esses dois
futebóis”.
Assim como Dome, Ramírez chegou ao Brasil como um nome promissor, mas a
realidade foi cruel: durou três meses. “O que aconteceu com ele no Inter é
muito similar ao que aconteceu com a gente. Ele aposta em uma forma de jogar
diferente. Em três meses você não tem tempo. São coisas que você pega aos
poucos. Ele joga o juego de posición (jogo de posição) também muito claro. Eu
acho que as pessoas se confundem com o jogo de posição, acham que os jogadores
não se movem; não, é todo o contrário. Você tem que se mover e encontrar
posições e espaços. O futebol do Brasil aqui é visto um pouco assim. Esse ano
não sei exatamente, mas uns 16 times mudaram de técnico. Você não pode mudar
de técnico a cada três meses. Não existe projeto que funcione assim. É muito
difícil”, argumenta efusivamente.
“Tem muita incerteza no futebol. As pessoas têm que ter paciência para gerar
coisas. Você vê o Ferguson que esteve 20 anos no United. O Klopp no Liverpool
nos dois primeiros anos não ganhou nada. Nada. No Liverpool. E o mantiveram.
Porque ele estava construindo um time e agora é um time top, construído ao
longo de três anos. Guardiola chega no City e no primeiro ano não ganha nada.
E tiveram a paciência para que ele pudesse construir. Se você quer ter um time
muito forte, você tem que ter a paciência para construir bases fortes”.
“Flamengo é favorito na final”
E então Jordi fala do presente e do futuro. Assiste muito futebol. Até agora
gosta do que viu do Barcelona de Xavi Hernández. No sábado, estará vidrado
frente à televisão. “Eu acho que o Flamengo é o favorito na final”, afirma.
“Mas num jogo pode acontecer de tudo. Os técnicos têm que pensar no que pode
acontecer e ter previsto esses planos. Além disso tudo você tem que ter sorte.
Eu, se tivesse que apostar, apostaria no Flamengo. Diria 60% contra 40%. Mas
pode acontecer de tudo. O Manchester United outro dia perdeu de 4 a 1 do
Watford. E o Ranieri é mais defensivo que o Abel Ferreira. O que aconteceu?
Planejou o jogo do seu jeito, e lhe saiu bem. Qual a probabilidade tinha de
ganhar o United? Talvez 70-30, e ganhou o Watford”.
Giorgian De Arrascaeta, não 100% fisicamente, ou Michael, com quem você
começaria? “Sabe o que acontece?”, diz Jordi pensativo. “Arrascaeta é o melhor
que você tem. O Flamengo com o Arrascaeta é um outro time. Mas o Michael agora
está com uma moral incrível. Depende do que queira o Renato. Não posso dizer,
porque não estou no dia a dia, teria que ver os treinos, as sensações”. Na
final da Champions League de 2014, Diego Simeone optou por escalar Diego
Costa, no sacrifício; o atacante foi substituído após poucos minutos em campo.
“Quando você tem um jogador que está lesionado e tem que jogar de qualquer
jeito porque é uma final, a melhor ideia é colocá-lo de cara porque caso se
lesione, você pode substituí-lo. Imagina que você guarda o Arrascaeta, faz
quatro mudanças, ele é a última, se lesiona e depois você não pode mudar?”.
Michael, que agora um vive momento espetacular, começou apenas cinco dos 26
jogos em que Dome comandou o Fla. “Ele entrava em quase todos. Naquele momento
a gente não precisava dele, tínhamos Gabigol, Pedro, Arrascaeta, Éverton,
Bruno Henrique. O que aconteceu com o Michael? Aproveitou as oportunidades. É
um cara que trabalha muito. Aproveitou que Bruno Henrique e Arrascaeta se
machucaram. Entrou e rendeu bem. Mas claro, se você tem Arrascaeta e Michael
quem você colocaria primeiro? 99% das vezes Arrascaeta. Você sabe que ele te
dá coisas que o Michael não te dá. Mas o Michael aproveitou o momento”.
Por ora Guerrero desfruta do outono catalão. Mas uma parte do seu coração
segue no Brasil, e provavelmente, seguirá para sempre. “Saudações rubro-negras
de mais um catalão flamenguista”, escreveu num post no Twitter felicitando o
Flamengo pelo título brasileiro em março. “Eu queria viver no Brasil”,
confessa sorridente. A possibilidade não estaria tão distante. Alguns clubes
brasileiros, inclusive, chegaram a se movimentar para trazer Domènec Torrent
de volta ao país. “Alguns times nos contactaram, mas uma coisa é contactar e
outra coisa é assinar. Acho que o Dome fez um trabalho muito bom e que
voltaria a ir bem no Brasil, porque agora conhece um pouco mais as
peculiaridades do país. Mas o país é fantástico, a gente esteve muito bem,
gostamos muito”.
Com 53 anos, Jordi ainda sonha em ser técnico no futuro. “Algum dia o Dome
dirá que não quer mais treinar ou eu receberei uma oferta de algum lugar. Mas
acho que ainda tenho caminho por recorrer com o Dome, que posso aprender mais
coisas, ele é muito bom. Ele foi auxiliar do melhor do mundo. No Barça, no
Bayern e no City. E foi técnico do Flamengo. É um cara que sabe muito. É
preciso aprender”.
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